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A política entrou no Banco Central

Confira a coluna de Armando Avena desta quinta

Publicado quinta-feira, 09 de maio de 2024 às 00:00 h | Autor: Armando Avena
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Argumentos que lastrearam a decisão foram fracos e, por isso, não houve unanimidade. O principal deles, a redução da meta de déficit para 2025 realizada pelo governo, não afeta os atuais fundamentos da economia brasileira e, tanto é assim,  que a agência internacional Moody’s , dias depois dessa decisão, reduziu o risco Brasil. 

O outro argumento, que diz que a redução dos juros americanos poderia ter impacto ao aumentar a cotação do dólar, também não procede, pois a tendência da queda dos juros americanos no longo prazo já está definida e a cotação do dólar está oscilando normalmente sem qualquer pressão. Isso sem falar que a economia brasileira não é uma republiqueta de commodities que tem de mexer na Selic a cada movimento de juros lá fora. 

E os conselheiros esqueceram que a inflação brasileira está controlada e tendendo para a meta e passaram a dar importância a meros soluços de alta. E, ao que se diz, pesou até na decisão as enchentes do Rio Grande do Sul, tragédia que no máximo pode agregar a inflação apenas 0,2% no índice.

Poderia ter havido uma composição entre os conselheiros para manter a decisão de queda de 0,5% agora e começar a redução na próxima reunião. Era o que mandava a racionalidade, mas no Brasil de hoje, nada importa a não ser a política e a polarização.

Agora, a incerteza tomou conta da política monetária. É preciso esperar a publicação da ata da reunião para saber até que ponto o BC está dividido.

Felizmente reduzir em apenas 0,25% a taxa Selic, mesmo quando se esperava uma redução de 0,50%, não vai impedir imediatamente o ímpeto do crescimento do PIB que se verifica na economia, mas vai inibir o investimento e fortalecer o caráter rentista da economia nacional.

E, vale lembrar, quem deseja manter a taxa Selic alta é o setor financeiro da economia, que lucra com ela. O setor produtivo, o setor imobiliário, o setor industrial e os investimentos, querem uma taxa de juros mais baixa para assim encontrar espaço para gerar renda, emprego e fazer o PIB crescer.

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