SAÚDE
Covid: Especialistas alertam para a necessidade de manter cuidados
Nas últimas 10 semanas foram registrados 252 casos
É gripe ou Covid? A semelhança de sintomas entre as doenças muitas vezes faz com que a pessoa ache que tem a primeira, quando, na verdade, está com a segunda. De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), nas últimas 10 semanas foram registrados 252 casos da enfermidade causada pelo Coronavírus no estado. A pouca procura por testes, a semelhança com outros diagnósticos e o pouco interesse da população são os motivos para a confusão entre as doenças.
O diretor técnico do Laboratório CLAB, Dr. Clóvis Figueiredo, explica que se a procura diária de testes de Covid nos laboratórios antes do Carnaval era de dois ou três por dia, agora é de 4 ou 5. “Não resta a menor dúvida que nós estamos tendo sim subnotificação. As pessoas perderam o medo do Covid, então não estão testando para a doença”, afirma.
Essa semelhança entre as enfermidades faz com que os pacientes sigam sua rotina sem tomar os cuidados adequados. Não dá para supor o que temos, é preciso de um diagnóstico correto, como explica o infectologista e clínico geral, Adriano Oliveira.
“Tem que ter certeza do que está acontecendo para que as providências e os cuidados devidos a cada situação sejam tomados. Então, uma vez apresentando o ‘quadro’ é importante fazer um diagnóstico para saber o que fazer. Porque as providências a serem tomadas em um caso não são cabíveis para outro e vice-versa. E podem ser até perigosas, né, como o próprio uso de anti-inflamatórios, no caso da dengue”, explica.
Ele ressalta que todas as doenças apresentam um risco e que não dá para focar em uma por vez. Não é para ignorar a Covid-19, por exemplo, porque existe um aumento nos casos de dengue ou gripe.
“Todas essas doenças, inclusive a Covid, têm sua importância e seu risco. A gente não pode olhar para uma e esquecer outra. A impressão que a gente tem é que as pessoas estão dando cada vez menos importância ao diagnóstico de Covid. Muitos chegam a dizer que estão só resfriados ou com coriza por conta de alergias. Quanto na realidade boa parte das vezes é Covid, até porque a pandemia continua, ela não parou, a única diferença é que ela arrefeceu a sua gravidade”, comenta Adriano Oliveira.
Com 38 municípios baianos em meio a surtos e epidemias de dengue, 8.674 casos prováveis da doença já foram notificados na Bahia entre 31 de dezembro de 2023 e 17 de fevereiro de 2024, de acordo com dados do último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) - um crescimento de 21,7% em comparação ao mesmo período do ano passado. Em Salvador, até o último 10 de fevereiro, foram confirmados 158 casos de dengue, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), uma redução que é de 65% se comparada ao mesmo período do ano passado e, que tem sido acompanhada com alerta.
O momento, explica a coordenadora do Programa Estadual de Imunizações da Sesab, Vânia Rebouças, é de intensificação das medidas de prevenção. “A Bahia está com um coeficiente de 61,3 pessoas com dengue a cada 100 mil habitantes. Já temos 286 municípios com notificações desse agravo, 57 deles com uma incidência igual ou maior que 100 casos a cada 100 mil habitantes. Agora precisamos intensificar as ações de prevenção, por parte dos órgãos públicos e da população, pois a grande maioria dos focos estão nas residências, então é preciso que toda a sociedade faça a sua parte”, afirma.
E uma dessas ações de prevenção tem acontecido em Salvador já faz algum tempo: o fumacê. A SMS, através do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), realizou trabalho ininterrupto promovido antes, durante e após o Carnaval deste ano. Na última segunda-feira, por exemplo, o UBV Pesada (carro fumacê) passou às 18h em bairros onde houve festa de Carnaval: Barra, Ondina, Garcia, Campo Grande, Nordeste de Amaralina e Itapuã. Mas ações têm acontecido na capital baiana desde setembro de 2023, afirma a titular da SMS e vice-prefeita, Ana Paula Matos.
“Estamos em alerta, mas é uma situação controlada. A Prefeitura está fazendo de tudo para combater a dengue, e vem mostrando que a limpeza e a organização são a chave da prevenção. Mas também cabe à população manter esses ambientes epidemiológicos controlados de certa forma”, aponta a titular. Além disso, durante esta semana serão realizadas atividades de inspeção em unidades de saúde, locais de ensino e de grande circulação de pessoas, para o combate ao mosquito transmissor das arboviroses.
Riscos da reincidência
Médico infectologista, Robson Reis sinaliza para o fato das pessoas poderem pegar dengue mais de uma vez. Com a existência comprovada de quatro tipos diferentes de dengue - sendo que a DENV-2 é a que está em maior circulação na Bahia no momento -, é totalmente possível que uma pessoa que teve dengue antes, pegue outra vez. “Se você pega dengue uma vez, você só fica imune a uma nova infecção daquele mesmo vírus, mas a dengue possui outros três. Além disso, existe uma teoria no campo da medicina que afirma que a cada nova vez que a pessoa contrai dengue, existe um risco maior de complicação”.
Por isso, todo o cuidado é pouco. Além das conhecidas orientações para eliminar os focos de dengue, a vacinação contra a dengue já se tornou realidade. De acordo com a Sesab, 44 cidades baianas já estão com os seus estoques de Qdenga - vacina contra a dengue - em mãos, 16 delas estão se organizando para iniciar a imunização e 28 já iniciaram a aplicação da vacina, e uma delas foi Salvador. Mas vale lembrar: a Qdenga não elimina a chance da pessoa imunizada pegar a doença, e sim diminui as chances de estágios graves e óbito.
O público alvo no momento é o pré-adolescente de 10 e 11 anos - de acordo com a SMS, Salvador conta com 87.307 pessoas nessa faixa etária -, e 750 foram vacinadas no primeiro dia da campanha, na última sexta (16). “Este é um número bastante positivo considerando que boa parte do dia foi de sensibilização e orientação às famílias, pais e responsáveis para a importância da vacina que evita o agravamento pela dengue”, explica a titular da pasta.
A SMS também já está se preparando para a adoção da vacinação nas escolas, além de, eventualmente, passar a vacinar em drives com a chegada de novos lotes. “Entendemos que essas são iniciativas de otimização ao acesso e proteção à saúde da nossa sociedade, principalmente para as nossas crianças e adolescentes”, afirma Ana Paula Matos.
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