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Admiradores, amigos e parentes vestem branco na despedida

Publicado quarta-feira, 26 de dezembro de 2012 às 23:17 h | Atualizado em 26/12/2012, 23:17 | Autor: Hieros Vasconcelos Rego
enterro de dona canô
enterro de dona canô -

O branco foi a cor escolhida pela população de Santo Amaro da Purificação e por centenas de pessoas para dar o tom à despedida da matriarca do Recôncavo, dona Canô Velloso, ocorrida na manhã desta quarta-feira, 26. O município baiano parou suas atividades para reverenciar a mulher que durante sua vida inteira exerceu uma liderança religiosa, cultural e política dentro da cidade.

Por tantas qualidades, os Velloso não pouparam esforços para atender os desejos da matriarca. Sendo assim, após o velório, realizaram a missa de corpo presente na Igreja de Nossa Senhora da Purificação. O local não teve espaço suficiente para abrigar a quantidade de admiradores durante a cerimônia.

Do lado de fora do templo, uma multidão ocupava a praça e aguardava o fim da missa, iniciada às 9 horas com o toque de alvorada dos Filhos de Gandhy. Cânticos religiosos eram entoados dentro e fora da igreja.

Donas de casa, comerciantes e visitantes de outros municípios comentavam sobre a personalidade da matriarca. Mas o silêncio reinou quando, às 9h45, o caixão saiu da igreja carregado pelos filhos - Caetano, Bethânia, Mabel, Clara, Rodrigo, Roberto e Irene - com destino ao cemitério da cidade.

O clima de consternação também se mostrava no respeito aos seus filhos, que caminharam pelo menos 200 metros com o caixão nas mãos, até o túmulo reservado a ela, dispensando o veículo designado para a função. Maria Bethânia permaneceu todo o trajeto com as mãos no caixão, mesmo nos momentos de aperto e sufoco por causa da multidão que se aproximava.

Nem o sol escaldante, por vezes aliviado com esparsas nuvens, fez a população desistir de seguir até o fim do trajeto. No olhar de muitos, inclusive dos mais velhos, havia uma sensação de descrença, como se aquele momento não fosse real.

Incerteza - Nas sacadas das casas e nas praças por onde o cortejo fúnebre passou, as expressões mostravam que o dia, além de representativo para a história de Santo Amaro, significava um destino incerto para a cidade.

"Esta cidade não será mais a mesma. Muito do que conseguimos foi por causa dela. Temos medo de sermos abandonados", lamentava a dona de casa Conceição Oliveira.

Não faltaram aplausos. Eles surgiam do silêncio, puxados por um ou outro que por hora se emocionava. E foi sob forte salva de palmas e orações, que o caixão desceu à sepultura, por volta das 11 horas.

O agitador cultural e proprietário da Cantina da Lua, no Pelourinho, Clarindo Silva, interrompeu: "Esta é uma homenagem para uma pessoa que passou por esta terra e só fez o bem. Quem se aproximava dela, parecia estar se aproximando de uma luz", afirmou.

A homenagem, com o som dos clarins dos Filhos de Gandhy, rendeu lágrimas de dezenas de pessoas em um dos momentos mais fortes da solenidade. Caetano, apesar da feição triste, mostrou-se forte diante da dor dos irmãos e demais familiares.

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