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Caminhada contra Intolerância Religiosa incentiva diálogo interreligioso

Publicado sexta-feira, 21 de janeiro de 2011 às 11:01 h | Atualizado em 22/01/2021, 00:00 | Autor: Paula Pitta | Agência A Tarde*

Cerca de 150 pessoas vestidas de branco participaram da quarta edição da Caminhada contra a Intolerância Religiosa, que acontece, nesta sexta-feira, 21, saindo da Sereia de Itapuã rumo ao Abaeté, na orla marítima de Salvador. Este ano, o evento conta com um maior número de representantes de diversas religiões simbolizando a ampliação do diálogo interreligioso com o objetivo de combater o preconceito. Estão presentes líderes da religião evangélica, católica, candomblé e umbanda.

Hoje, faz exatamente 11 anos que Mãe Gilda, a mais alta sacerdotisa do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, morreu, após sofrer um infarto, um dia após assinar a procuração para a abertura do processo contra a Igreja Universal do Reino de Deus, por causa da reportagem intitulada "Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes", publicada no jornal Folha Universal.

Imagem ilustrativa da imagem Caminhada contra Intolerância Religiosa incentiva diálogo interreligioso

De acordo com o pastor Fernando Carneiro, da Igreja Evangélica Antioquia, a caminhada serve para mostrar consciência do respeito às religiões e reafirmar a essência das religiões que é a união. "As religiões têm concepções diferentes, mas não se deve ter ideias ruins delas. O discurso de demonização do candomblé e umbanda faz parte de um segmento da igreja evangélica que, como é mais midiatizado, faz a população acreditar que todo evangélico tem esse discurso, o que não é verdade".

A ialorixá Jaciara Ribeiro, filha biológica e sucessora de mãe Gilda no comando do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, não percebe redução da intolerância religiosa. "O ódio tem crescido mas, este ano, com o pacto de união das religiões, acho que vai ser um ano de mudança, de unificação", disse. A ialorixá acredita que é função dos líderes religiosos falar com suas comunidades sobre o respeito às demais religiões. "Hoje, antes do início da caminhada, colocamos milho branco na rua e um evangélico passou e chutou. Não sei lidar com esse tipo de situação", lamentou.

Quem também sofreu com a intolerância religiosa foi o babalorixá José Livramento do terreiro Iji Omitoloaia, em Areias, Camaçari. "Um evangélico entrou no terreiro com dois porretes na mão no dia 31 de dezembro (2010) e destruiu meu carro e depois a casa dos orixás. Ele quebrou telhados e janelas. Ele foi detido por policiais militares, mas depois foi internado no (hospital) Juliano Moreira como se tivesse tido um surto. Só que ele já disse que tinha consciência do que fez e que vai voltar para terminar", conta. 

Diretor executivo da organização ecumênica Koinonia, Rafael Soares de Oliveira, disse que este evento é importante para afirmar que a liberdade religiosa é um direito de todos. "O povo de santo não pode ficar excluído. A intolerância é um câncer que não pode ser alimentado. A união entre religiões é para isolar quem é intolerante e se assume como tal".

* Com redação de Giovanna Castro, A Tarde On Line

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