Devotos fazem homenagem a São Roque
Um dos santos mais populares na Bahia é festejado nesta sexta-feira, 16: São Roque. No santuário dedicado a ele e a São Lázaro, situado na Federação, as atividades festivas começam a partir das 5 horas com alvorada de fogos. Às 9 horas haverá missa afro, pois o santuário tem uma forte ligação com a religiosidade afro-brasileira.
A missa das 15 horas será presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, dom Gilson Andrade. Em seguida, terá início uma procissão. Também haverá missa às 5h30, 7h e 11 horas.
Considerado o santo protetor contra doenças, principalmente as contagiosas e as de pele, São Roque conquistou muitos devotos.
Além disso, ele é apontado também como patrono das pessoas abandonadas e, por isso, é um exemplo sobre a prática da solidariedade. "São Roque deixa para nós um exemplo de jovem que praticou a caridade", explica o padre Carlos Kaminski, reitor do Santuário de São Lázaro e São Roque.
Em tempos em que a Igreja dá ênfase ao relacionamento com a juventude, o padre afirma que São Roque é símbolo de jovem que age, mas precisa de apoio. "Ele necessitou ser acolhido, pois, depois de cuidar dos atingidos pela peste que se alastrou pela Europa, também adoeceu", diz o padre Carlos Kaminski.
Encontro
A igreja localizada na Federação é uma das mais frequentadas por religiosos de candomblé. Na frente do templo, inclusive, costuma acontecer o "banho de pipoca", um recurso utilizado pelas religiões afro-basileiras para afastar as energias negativas, principalmente aquelas que podem provocar doenças.
São Roque e São Lázaro foram associados, no encontro entre catolicismo e as religiões de matriz africana, com o orixá Omolu, que também é chamado de Obaluaê, título que significa, na tradução livre para o português, "Senhor da Terra".
Um dos mitos sobre esta divindade é que ele conseguiu acorrentar a morte. Além disso tem controle sobre as doenças, principalmente as contagiosas e aquelas que afetam a pele.
"Nós não fazemos mistura entre as duas religiões, pois isso é evitado inclusive pelo povo de candomblé. O que há neste templo é um respeito mútuo ", diz o reitor.
Patrimônio
O santuário é uma das igrejas mais antigas da cidade. O mais antigo documento sobre a edificação data de 12 de outubro de 1737. A construção é em etilo colonial do início do século XVIII.
A igreja esteve ligada ao hospital conhecido como "Lazareto". Afastado do centro da cidade, era o local onde ficavam pessoas afetadas por doenças contagiosas.
Muitos dos pacientes do Lazareto eram africanos que seriam escravizados no Brasil, mas adoeciam durante a travessia oceânica. Eles eram então confinados e tinham apenas o apoio da fé em suas práticas religiosas para superar a enfermidade.
Não é de se estranhar, portanto, que a igreja mantenha laços muito fortes com os adeptos das religiões de matriz africana. "É uma questão histórica e cultural muito forte", diz o padre Carlos Kaminski.
O santuário é administrado pelos Missionários Redentoristas, uma congregação que possui larga experiência em locais dedicados à romaria, como o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, localizado na cidade de Aparecida - em São Paulo - e o de Bom Jesus da Lapa, no município homônimo, situado no oeste da Bahia.
Além da festa de São Roque, o santuário recebe as celebrações para São Lázaro, em janeiro, e para São Benedito, ocorrida na última segunda-feira de novembro.