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INSS "aposenta" veículos e móveis

Publicado sexta-feira, 23 de maio de 2008 às 22:29 h | Atualizado em 23/05/2008, 22:34 | Autor: Eder Luis Santana, do A TARDE

Dez carros que pertencem ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foram como  que esquecidos em um terreno na Rua Cônego Pereira, nas Sete Portas. Moradores do local afirmam que alguns automóveis estão parados há cinco anos. Além dos veículos, o INSS deixa por lá mesas, cadeiras, armários e até um vaso sanitário. O local se tornou um foco de mosquitos e ratos. 

O espaço, cercado de vegetação, pertence ao Ministério da Saúde, mas está cedido ao INSS. O prédio na frente da área chegou a ser utilizado para atendimento ao público até ser fechado e virar depósito de material usado. Um vigia de plantão garante que há pelo menos três anos os portões foram fechados com acesso restrito a funcionários.

Estão estacionados uma D-20, uma Blazer, duas Paratis, uma camionete, duas Ipanemas e três Unos. De acordo com o chefe da administração da gerência executiva do INSS em Salvador, José Cosme Melquíades, os veículos serão leiloados no próximo ano, assim como os demais produtos na área.

O lote inicial do leilão de sete dos dez veículos é estimado em R$ 47 mil. Os carros restantes (três Unos) teriam sido enviados para ser “guardados” em Salvador pelas gerências de Brasília e Espírito Santo – Melquíades não sabe explicar o porquê de eles não terem ficado nos locais de origem. Por isso, precisariam de autorização das respectivas gerências – o que não fica muito claro, já que o órgão é federal.

Além de ser nítida a depredação de bens públicos, o maior problema tem sido enfrentado pela comunidade que mora ao lado do terreno, na Vila Cônego Pereira. Em época de medo constante da dengue, mosquitos se proliferam no meio dos móveis sem utilização.
de calça – “Aqui todos dormem de calça. Quando chega a tarde, é impossível suportar as picadas”, conta a manicure Edna Cerqueira, 39 anos, que mora há um ano no local e perdeu as contas de quantas vezes ligou para a prefeitura em busca de ajuda. “Tanques, baldes e pneus acumulavam água. Outro dia, fizeram uma limpeza no terreno, mas foi tanto mosquito voando que os vizinhos tiveram de fechar as portas”, completa.

Outra que sofre com o problema é a dona-de-casa Ana Lúcia Santana, 48 anos. Moradora há cinco anos do imóvel ao lado do terreno, garante que os veículos nunca saíram de lá e teme pela água de chuva que se acumula no fundo de camionetes. “Minha irmã que mora próximo daqui já teve dengue”, relembra.

José Cosme Melquíades promete mandar equipes fazerem a poda do matagal, que incomoda os moradores. Sobre  os veículos, garante que o dinheiro adquirido será destinado ao Tesouro Nacional. Porém a relação do INSS com seus veículos parece ser dominada pela burocracia.

Ele afirma que, desde agosto do ano passado, quando assumiu o cargo, teria formalizado três processos de alienação para se desfazer dos veículos, da mobília espalhada no pátio e dos equipamentos de informática que permanecem no prédio.

O gerente diz que a Comissão Permanente de Alienação não finalizou os trâmites para o leilão. “Fiz um levantamento dos materiais e reaproveitamos o que era possível”, disse. Melquíades afirma que os carros têm mais de 10 anos de uso e estão sem condições de uso. Hoje, o órgão atua com veículos locados, além de duas camionetes próprias.

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