Média de homicídios sobe para 11 por dia | A TARDE
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Média de homicídios sobe para 11 por dia

Publicado domingo, 04 de janeiro de 2009 às 20:51 h | Atualizado em 04/01/2009, 22:12 | Autor: Samuel Lima | A TARDE

Os irmãos Regivaldo, 31 anos, e William Santos Martinez, 28, executados a tiros dentro de um restaurante, no Largo do Tanque, foram as últimas vítimas de uma lista de 45 homicídios registrados pela Central de Telecomunicações da Polícia, na Grande Salvador, entre os primeiros minutos de 1º de janeiro até o fechamento desta matéria. A média diária, aproximada, nos primeiros quatro dias de 2009 é de 11 assassinatos por dia.

Sinal de alerta para as autoridades locais, pois, se essa média continuar, teríamos o mês de janeiro mais violento em Salvador e região metropolitana nos últimos quatro anos. Em janeiro de 2006, a média diária foi de 4 homicídios, mantida no mesmo período de 2007. Em todo o primeiro mês de 2008, a média teve  leve aumento, indo a 5 casos por dia.

“Se continuar desse jeito, a previsão é a de chegarmos a 50 homicídios até o final desta semana. Nunca vi uma onda de violência como esta antes. Estamos vendo pessoas em idade produtiva sendo perdidas para as drogas”, assinalou a delegada Sônia Santana, da Delegacia de Homicídios, que presidiu o levantamento cadavérico dos irmãos Martinez.

O duplo assassinato foi cometido por volta das 14 horas, no interior da Churrascaria e Pizzaria Q’Delícia, na Rua Engenheiro Austricliano, via de ligação entre o Largo do Tanque e os bairros de Fazenda Grande e São Caetano. Ainda não há informações oficiais sobre a autoria do crime, mas a versão que circulava no local era que os dois homens desembarcaram de um carro branco e abriram fogo contra as vítimas, que tinham acabado de chegar ao estabelecimento.

Pelos relatos de testemunhas, os assassinos teriam deflagrado mais de 20 disparos, atingindo os irmãos por todo o corpo. “Os rapazes tinham pedido só um refrigerante. Quando fui buscar os pratos para eles, só ouvi o barulho dos tiros. Depois foi aquela correria”, narrou o garçom Marcelo Souza. Em torno de 50 clientes estariam no restaurante e, por causa do pânico provocado pela ação dos homicidas, deixaram o estabelecimento sem pagar.

“Nunca vi algo assim. São mais de 500 pessoas que passam aqui por dia. Foi como perder gente de minha família, eram dois clientes e estavam em minha casa”, lamentou Ananias dos Anjos, proprietário do restaurante. Segundo o tenente Amilton Dias, do Rondas Especiais da PM, a mãe das vítimas, Dinalva Souza Santos, passou mal ao ver a cena do crime e precisou ser levada para atendimento médico.

A exemplo do que vem sendo observado em casos semelhantes, centenas de pessoas se aglomeravam em frente à churrascaria para observar os corpos – obrigando os policiais a manter as portas do imóvel cerradas. Familiares das vítimas estiveram no local, mas não quiseram falar sobre o delito. Apenas um tio dele, que não revelou o nome, alegou que ambos não teriam inimigos, mas não descartou uma “rixa” como motivo do crime.

Tráfico – De acordo com o tenente Dias, Regivaldo e William teriam envolvimento com o tráfico de drogas. Entretanto, apenas o mais novo tinha antecedentes criminais – conhecido como Morotó, esteve preso em maio do ano passado na sede do Grupo Especial de Repressão a Roubos a Coletivos, na Baixa do Fiscal. Ambos residiam na região do Largo do Tanque.

O caso está sendo investigado por policiais da 4ª CP (São Caetano), mas nenhuma testemunha foi ouvida ainda. “Quem viu tem medo de retaliação, até porque os parceiros dos criminosos costumam ficar por perto para ver quem fala com a polícia”, disse um agente da unidade.

Mistério - Uma hora antes do assassinato dos irmãos Martinez, um automóvel branco – o mesmo tipo de veículo no qual os atiradores teriam chegado à churrascaria – foi visto na cena de outro duplo assassinato, conforme registros da Delegacia de Homicídios (DH). O carro estaria ocupado por dois homens, acompanhado por outros quatro indivíduos em duas motocicletas.

Pelas informações da DH, o bando teria executado a tiros dois jovens, ainda não identificados, na Rua Amazonas, comunidade da Timbalada, no Cabula. As duas vítimas aparentavam ter a mesma idade, 25 anos. Um dos rapazes, negro, possuía uma tatuagem no braço esquerdo (com a figura de uma mulher segurando uma arma), estava apenas de cueca branca e foi atingido na cabeça e pescoço.

O outro vestia bermuda vermelha e apresentava tatuagem no braço esquerdo com a figura de uma cruz com a inscrição “vida louca”. Este foi alvejado na cabeça e costas, além de estar com as mãos amarradas para a frente, com lacre plástico. Os dois chegaram a ser levados pela polícia ao Hospital Roberto Santos. Em Cajazeiras VIII, outro desconhecido foi encontrado morto, por volta de 8 horas deste domingo. Ele tinha marca de tiro na cabeça e vestia bermuda “floral” e camisa preta.

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