Pontos na capital guardam memória da Independência | A TARDE
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Pontos na capital guardam memória da Independência

Ao longo do trajeto do cortejo cívico, ruas, monumentos e locais contam história de luta de baianos

Publicado quarta-feira, 29 de junho de 2022 às 00:10 h | Autor: Priscila Dórea
Estátua em homenagem a Maria Quitéria, no Largo da Soledade
Estátua em homenagem a Maria Quitéria, no Largo da Soledade -

Foram mais de quatro horas de combate em Pirajá. O exército português? Numeroso, treinado e equipado. Vitória? Naquele momento os soldados na Bahia não teriam a menor chance. O Comandante Barros Falcão ordena o recuo das tropas brasileiras e o corneteiro Luís Lopes entra em cena, mas, em vez de tocar a sinfonia para ‘recuar’, ele manda a ‘cavalaria avançar’ e ‘degolar’. Um engano? Com certeza, mas as tropas portuguesas recuaram acreditando que o Brasil tinha recebido reforços. Os brasileiros, então, avançaram rumo à conquista da Independência da Bahia, que aconteceria em 2 de julho de 1823. 

O episódio lendário do corneteiro Lopes na Batalha de Pirajá é dado como verídico por alguns historiadores e é questionado por outros, mas a pura verdade é que ele se tornou um dos muitos personagens que marcam e dão significado ao caminho percorrido no Cortejo do 2 de Julho. Tudo começa com a chegada – vindo de Cachoeira – do Fogo Simbólico, no Panteão em homenagem ao General Labatut em Pirajá, no dia 1º de julho. No dia 2, o desfile tem início, festivo e animado, da Lapinha ao Campo Grande.

“Sou apaixonado por essa parte da história da Bahia e melhor ainda é morar em um bairro que foi essencial nessa conquista. Costumo dizer que nós temos como nossa melhor qualidade ter nascido em Pirajá. O Brasil começou na Bahia e nós fazemos parte dessa história, por isso amo demais quando algum historiador surge com alguma novidade ou detalhe que a gente ainda não sabia. Foram muitas as lutas que nos fizeram chegar onde estamos hoje e é imensurável o quanto tenho orgulho de morar e viver aqui”, afirma o gerente hospitalar, Alexsandro Souza.

O início dos festejos do 2 de Julho começam em Pirajá por lá ter ocorrido a única batalha da Independência da Bahia, que foi uma guerra basicamente de estratégia e cercos. Mas apesar da origem militar, o Cortejo é cívico, permeado de comemorações, homenagens e muita religiosidade, principalmente pela ligação forte que as pessoas do candomblé têm com os caboclos. 

Panteão em homenagem ao general Pedro Labatut, em Pirajá
Panteão em homenagem ao general Pedro Labatut, em Pirajá |  Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
 

Destaques

Ainda assim, o caminho seguido pelo desfile que se inicia na Lapinha, segue pela Liberdade (que recebeu esse nome por ser por onde os combatentes marcharam vitoriosos), pelo Centro Histórico (onde faz algumas paradas para homenagens), e termina na praça Dois de Julho/Campo Grande, remontando os passos daqueles que, há 199 anos, lutaram por uma Bahia independente. 

“Toda essa ritualística tem o propósito de assinalar o significado do papel desempenhado pela sociedade baiana que lutou naquela época, composta por escravos, índios, senhores brasileiros, empregados domésticos e empresários brasileiros, que se articularam num programa de resistência contra as tropas portuguesas instaladas na Bahia e não aceitavam o grito de independência de Dom Pedro I em setembro. Hoje, os acontecimentos que resultaram no 2 de Julho devem servir de inspiração para a população, ainda mais dada a situação do País, como um exemplo de como os baianos possuem força para dar a volta por cima”, afirma o presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Joaci Goes

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