Professora universitária é acusada de fazer saudação nazista
Caso aconteceu na última semana durante uma aula no Campus da Avenida Tancredo Neves
Uma professora do curso de Jornalismo da Universidade Salvador (Unifacs), foi acusada, por alunos, de fazer uma saudação nazista em sala de aula. O caso aconteceu na última semana no Campus localizado na Avenida Tancredo Neves, na capital baiana, e veio à tona após denúncias nas redes sociais.
Estudante da universidade no curso de jornalismo, o ativista Onã Rudá se manifestou publicamente sobre a situação. Em seu perfil no Twitter, ele contou que a professora realizou a saudação nazista durante uma aula. “Com direito a ‘Hi Hitler’ [Heil, Hitler] e tudo”, escreveu.
A mensagem viralizou, e em meio aos questionamentos, alguns internautas, que também seriam estudantes da instituição, confirmaram o caso. “E eu tenho aula com el* toda semana. É um absurdo dito a cada 7 dias”, comentou um.
Segundo Onã, a conduta da professora já teria sido denunciada outras vezes pelos estudantes, sem sucesso. “É de conhecimento da instituição esse tipo de conduta, já teve abaixo assinado e diversas reclamações de diversas pessoas de diversos semestres, a professora tem estrada nessas condutas e a instituição finge que não vê”, afirmou ele.
Outra versão
Ao Portal A TARDE, uma estudante, que não quis ser identificada, disse que a situação ocorreu na última terça-feira, 15. No entanto, na sua visão, a professora usou o gesto e a expressão apenas para explicar uma teoria de comunicação, relacionada à ideia de manipulação das massas.
“Não acho que ela estava tentando se posicionar a favor do nazismo ou algo do tipo. Existe todo um contexto por trás, mas o fato é que esta ditadura partiu de uma manipulação, que era justamente o assunto da aula. Ela fez um paralelo, que pode ser sim, considerado de mau gosto. Mas a repercussão que isso gerou, eu não vejo como algo justo”, afirma.
“No momento em que aconteceu ninguém se manifestou e a aula seguiu normalmente. Após, outros alunos vieram comentar sobre algumas atitudes racistas e preconceituosas que a professora teria em grupos de whatsapp. A gente então se reuniu e decidiu conversar com ela para esclarecer qualquer mal entendido e expor os fatos, para até entender a versão dela da história. No entanto, uma pessoa que não estava em sala de aula no momento, que não viveu a situação, pegou a conversa por terceiros e acabou indo parar na internet. Eu acho que essa não foi a melhor forma de resolver o problema”, relatou a estudante.
A aluna também comentou uma fala da professora sobre a ginasta Rebeca Andrade, na qual ela teria dito que não sabia como a atleta “não tinha vergonha de ter aquele cabelo".
“Ela estava fazendo crítica a algumas propagandas que não faziam sentido. Uma dessas críticas foi para uma linha de condicionador. Ela falou da Ivete (Sangalo) e da Rebeca Andrade fazendo a propaganda e disse que as duas estavam com o cabelo horrível e que, por isso, não fazia sentido estarem em uma propaganda de condicionador. Infelizmente, ela falou de Ivete mas deu certa ênfase ao cabelo de Rebeca, dizendo que estava feio e não hidratado. Na hora, eu não comentei porque não reconheci a propaganda, mas me recordo que não houve nenhuma reação, na verdade, muita gente deu risada”, conta.
Sobre o pedido da professora em um grupo de whatsapp da turma para que ninguém comentasse a saudação nazista logo após o gesto, denunciado por uma outra aluna ao site Ibahia, a estudante nega que a docente tenha se desesperado com a situação. Na verdade, ela diz que a professora ficou extremamente surpresa com a repercussão porque não sabia o que motivou as acusações.
“Ela não ficou desesperada. Eu não participo de nenhum grupo de whatsapp que tenha ela. Se isso aconteceu, não foi no que eu estava presente e eu participo dos grupos da matéria, da sala e do semestre, e ela não está em nenhum deles”, conclui.
Universidade apura
Em nota enviada ao Portal A TARDE, a Unifacs informou que, "assim que tomou conhecimento do caso, instaurou um processo administrativo para apuração dos fatos". A universidade disse ainda que não disponibiliza informações sobre fatos em apuração, em respeito a todos os envolvidos, mas que tal ideologia (nazista) não condiz com os seus valores.
A equipe de reportagem não conseguiu falar com a docente envolvida no caso.