Setores da sociedade soteropolitana participam de debate sobre IPTU

Participantes de audiência dizem que prefeitura precisa readequar e ser mais transparente sobre imposto

Publicado sexta-feira, 25 de novembro de 2022 às 12:41 h | Atualizado em 25/11/2022, 14:36 | Autor: João Guerra e Lucas Franco
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Advogada Lineia Costa e professora universitária Karla Borges
Advogada Lineia Costa e professora universitária Karla Borges -

Integrantes do movimento “IPTU Justo”, a professora universitária Karla Borges e a advogada Lineia Costa, falaram com o PORTAL A TARDE durante a audiência pública que debate a proposta da Prefeitura de Salvador para a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). De acordo com elas, o texto apresentado pelo Executivo é insuficiente para atender a correção das distorções da tributação no município.

“A gente tem uma série de distorções que foram criadas pela legislação de 2013 e que se não houver uma pressão da sociedade vão ser perpetradas e pioradas com esse projeto de lei que o prefeito encaminhou. Na verdade, a proposta dele não repara a distorções, o projeto de lei cria uma terceira categoria de imóveis com a forma diferente de tributação a partir de 2023”, alertou Lineia Costa.

Para Karla Borges, o debate a respeito da proposta da prefeitura com a sugestão de emendas pelos vereadores e de setores da sociedade civil é uma possibilidade de diminuir as distorções do IPTU em Salvador. “Os vereadores têm essa prerrogativa. Eles podem alterar parte do projeto de lei e ajustá-lo de forma a abrandar a tributação de Salvador. Daí a importância da audiência pública de hoje”.

“No projeto de lei está prevista a alteração da tabela de receita do IPTU e, através dela, que nós podemos fazer ajustes para abrandar a tributação de todos os imóveis da cidade, sobretudo os imóveis construídos a partir de 2014”, analisa Karla Borges.

Falta de transparência

Arivaldo Santana, presidente da Colônia de Pescadores Z6 de Itapuã
 

Outro representante da sociedade civil presente na audiência pública, Arivaldo Santana, presidente da Colônia de Pescadores Z6 de Itapuã, falou com a reportagem do PORTAL A TARDE sobre a falta de transparência com que a administração municipal trata a população no que se refere à revisão dos custos da tributação.

“Você vai na Sefaz e aí eles dão várias desculpas, manda ir a uma outra secretaria, buscar algum documento, os outros dizem que tem que ter uma relação de documentos para apresentar e tal e aí a gente vai lá e eles dizem que a gente tem que levar para eles foto de todas as ações sociais que a gente faz na colônia. Então, a gente mostra que de segunda a domingo nós praticamos ação social na colônia de vários níveis, com a comunidade de Itapuã e com os pescadores. Aí chega lá no final da análise e diz que não foi aprovado [a isenção]”, reclamou Arivaldo.

Pastora Rita Cruz, moradora do bairro Plataforma
 

A burocracia e o diálogo para resolver questões pertinentes ao IPTU têm dificuldade a vida moradora do bairro Plataforma, localizado no Subúrbio Ferroviário de Salvador, a pastora Rita Cruz, que é gestora da Associação Bom Samaritano e líder religiosa da Igreja Evangélica Casa de Oração.

“Eu tenho uma casa pequena, simples, no bairro de Plataforma e estou pagando IPTU muito caro. Depois de muita caminhada, eu descobri na Sefaz que estou pagando o valor como se fosse de um terreno. Mesmo eu levando foto da casa construída, porque eu já tinha comprado a casa com ela construída, estou com a minha situação empacada”, explica Rita Cruz.

Ela disse que considera os valores cobrados no IPTU de Salvador são abusivos. “Há pessoas que vivem com um salário-mínimo, ou de Auxílio Emergencial, e por querer andar correto, paga o IPTU em dia, mas é um valor absurdo”.

Por conta da situação do imóvel em que vive, a sua atividade religiosa na igreja onde é pastora tem sido prejudicada.

“A igreja é registrada com CNPJ e eu também estou atravessando alguns problemas com ela porque se você tem dificuldade com IPTU, você acaba travando toda a sua documentação. Então, eu não pude renovar o alvará de funcionamento da igreja deste ano por conta disso. Se eu não tiver o recurso, eu não arrecado, e se eu eu não arrecado, eu não tenho como pagar o IPTU e fica como pendente. Aí trava tudo e eu não consigo tirar o alvará de funcionamento”, argumenta a pastora.

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