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Com isolamento, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ será realizado online

Publicado sábado, 27 de junho de 2020 às 06:00 h | Autor: Vitor Castro*
Keila Simpson, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais | Foto: Raphael Müller | Ag. A TARDE
Keila Simpson, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais | Foto: Raphael Müller | Ag. A TARDE -

Celebrado no dia 28 de junho, o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ deste ano será diferente. As tradicionais paradas que colorem as ruas em busca de igualdade de direitos e respeito à liberdade de orientação sexual e identidade de gênero, agora vão colorir a internet. Diversas entidades ligadas ao movimento irão realizar uma marcha virtual representada por lives. O lançamento do Conselho Nacional Popular LGBT e um twittaço contra a extinção pelo Governo Federal, do Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT, também marcarão a data.

Ao todo, 25 entidades participarão do ato online que usarão hashtag #LGBTQIforabozo no twittaço.

A presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), Keila Simpson, conta que antes o conselho era formado por 15 representantes da sociedade civil e 15 do governo. Após a extinção, um edital foi lançado para que seja elaborado um novo conselho, com três representantes da sociedade civil e sete do governo, vinculados à pasta do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH). “Criamos algo que tivesse nossa cara. Estas 25 instituições se juntaram e nasceu a ideia de fazer uma pauta política sem dar atenção ao Conselho do Governo. Vamos fazer o twittaço às 15h para reagir a esse arbítrio que o Governo vem cometendo constante contra todos que pensam diferente”, contou.

Já o Grupo Gay da Bahia (GGB), além do lançamento da 19ª edição da parada do orgulho LGBT no Estado, usará a data para abordar a opressão psicológica sofrida pelos gays dentro de casa durante a pandemia. “Tenho ouvido relatos de famílias que regulam até o alimento para essas pessoas. Muitos não tem mais outros lugares para ir e essa opressão psicológica pode levar as pessoas inclusive ao suicídio. É algo de se prever e fazer algo nesse sentido, porque essa tortura familiar contra o jovem LGBT tem sido muito significativa”, contou.

De acordo com o último relatório do GGB no ano passado, a cada 26 horas um LGBT+ é assassinado ou comete suicídio, por ser vítima da LGBTfobia, colocando o Brasil como campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais. Já de acordo com os dados da ANTRA, apenas nos dois primeiro meses deste ano, o país apresentou aumento de 90% no número de casos de assassinatos de travestis e transexuais em relação ao mesmo período do ano passado.

Durante todo este mês ações vem ocorrendo em referencia ao dia 28 de junho de 1969, data em que ocorreu a revolta de Stonewall, em Nova York, quando um grupo de LGBTQI+ resolveu enfrentar a frequente violência policial sofrida.

E é no rol das comemorações junto à luta por direitos que a cantora Daniela Mercury também fará uma live neste domingo. Serão duas horas de interpretações das músicas da artista transmitidas pelas redes sociais. “É uma live do orgulho de ser quem somos e que confronta todo tipo de violência, discriminação e opressão que são inaceitáveis em 2020 sobre a nossa comunidade”, contou a artista.

Na próxima segunda-feira, 29, às 16h, o Centro de Culturas Populares e Indenitárias (CCPI) da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) realizará uma live sobre LGBTfobia, visibilidade e direitos LGBT com a produtora cultural, militante e Drag Queen, Rosa Morena. “Essa live vem para deixar claro as relações do mundo moderno onde todo mundo quer ter o seu espaço e tem direito a isso. Estamos diante de um mundo moderno que vê como necessário o direito a liberdade de expressão e o direito de ser quem se é”, contou o diretor da pasta, André Reis.

A reportagem de A TARDE entrou em contato com o MDH e questionou quais ações adotadas pela pasta em defesa dos direitos da população LGBTQI+. Também foi perguntado sob qual justificativa o Governo Federal extinguiu o Conselho Nacional e se há previsão da criação de alguma agenda desta ordem. O MDH respondeu que estava reunindo informações e retornaria posteriormente, o que não aconteceu até o fechamento desta edição.

*Sob supervisão da editora Keyla Pereira

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