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Festejos religiosos e profanos de São João serão em casa e pela internet

Publicado quarta-feira, 24 de junho de 2020 às 06:00 h | Autor: Miriam Hermes
Em Barreiras, missa de São João será transmitida nas redes sociais | Foto: Adrianne Silva | Divulgação
Em Barreiras, missa de São João será transmitida nas redes sociais | Foto: Adrianne Silva | Divulgação -

Festa popular de cunho religioso, a comemoração de São João é um dos principais acontecimentos festivos em grande parte das cidades do Nordeste brasileiro. Na Bahia, este ano o feriado referente ao santo foi adiantado para o dia 25 de maio por decreto estadual, como uma das medidas de combate ao novo coronavírus.

Em Barreiras, no entanto, por ser o santo padroeiro, hoje é feriado municipal. Na cidade, a festa Arraiá do Parque – maior evento local – foi suspensa, por causa da pandemia. A programação religiosa também sofreu mudança. Os devotos, que tradicionalmente se reúnem na igreja, terão que se contentar com em assistir à missa de casa, por transmissão nas redes sociais.

“Não teremos o tradicional batizado, que sempre acontece dia 24, pela manhã”, disse a professora aposentada Amélia Ferreira, acrescentando que a partir das 18h terá uma missa seguida de procissão pelas ruas do centro com a imagem do santo em carro aberto, transmitida nas redes sociais da paróquia São João Batista.

“Este é o primeiro ano que eu não participei da novena preparatória e da quermesse. Acompanhei pelo Instagram desde o dia 15 de junho até ontem. Foi estranho, mas a gente entende que estes cuidados são necessários”, pontuou a devota Sônia Alves, de 58 anos.

Já o cancelamento dos festejos no parque atingiram não só as pessoas que pretendiam se divertir no Arraiá, mas principalmente as quadrilhas juninas, grupos artístico-musicais, empresas de decoração, revenda de bebidas e produção alimentar.

“Faço caldos e vendo bebidas nas festas. Mas, este ano, ficamos sem este trabalho do São João”, lamentou Marilde Souza, reclamando que, apesar das restrições impostas com a proibição da festa: “Ainda vejo gente demais andando pelas ruas. Pra mim, isso também é perigoso”.

Para evitar aglomerações em lugares públicos e particulares, conforme prevê decreto municipal, o município montou uma força-tarefa com diversas secretarias para intensificar a fiscalização por estes dias.

Em Amargosa, cidade com tradição nos festejos de São João, a fiscalização está reforçada para identificar e dispersar aglomerações, sejam por motivos religiosos ou profanos.

“Sabemos que a festa faz parte da nossa cultura, da nossa identidade cultural”, afirmou o prefeito Júlio Pinheiro, destacando, entretanto, que no momento é preciso que todos ajudem nas medidas de controle.

Ele salientou que o cancelamento dos festejos está provocando forte impacto no comércio e serviços, que “já estão fragilizados com as demais medidas adotadas. Mas esperamos que no ano que vem tudo esteja normalizado”, enfatizou.

Tradição versus saúde pública

Em Feira de Santana, o promotor de justiça Audo da Silva Rodrigues também recomendou à administração municipal adotar providência para proibir festas típicas do período, pelos riscos que oferecem em sobrecarregar o sistema de saúde do município.

Conforme o promotor, apesar de o feriado estadual de São João ter sido antecipado, “as datas comemorativas têm significativo apelo cultural, religioso e festivo, o que pode implicar a realização de práticas tradicionais pela comunidade, inclusive com a possível ocorrência de aglomerações, mesmo em meio à pandemia”.

O Ministério Público Estadual (MP-BA) recomendou às prefeituras de Santo Antônio de Jesus, Dom Macedo Costa, Mutuípe e Varzedo que não permitam o acendimento de fogueiras e a queima de fogos de artifício por causa da pandemia de Covid-19, em locais públicos ou privados.

De acordo com o promotor Thiago Cerqueira Fonseca, a tradição de acender fogueiras e soltar fogos de artifício nesta época do ano não pode ser mais importante do que o direito à saúde e à vida.

Além de evitar aglomerações, a medida visa minimizar os riscos que a fumaça oferece às pessoas com a Covid-19 e outras doenças respiratórias, afirmou Fonseca, salientando que com aumento de fumaça pode aumentar a procura por leitos na rede hospitalar.

Ele enfatizou que “a superlotação das instituições hospitalares poderá inviabilizar o atendimento de todos que necessitem de atendimento médico, inclusive os intoxicados pela fumaça das fogueiras e os queimados pelo manejo de fogos de artifício, para além das complicações decorrentes da Covid-19”, alertou Fonseca.

Outra cidade com forte tradição de festa de São João e brincadeira de espadas, Senhor do Bonfim lançou uma campanha com o Ministério Público (MP-BA): “Não solte fogos nem acenda fogueiras”.

O foco é reduzir a fumaça na cidade neste período, por ser mais prejudicial a quem está ou esteve com o novo coronavírus e para quem já sofre com outras doenças do aparelho respiratório.

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