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Helicóptero sobrevoa escola no Mato Grosso dias após professora ser afastada por crítica a Bolsonaro

Publicado quinta-feira, 02 de setembro de 2021 às 17:29 h | Atualizado em 02/09/2021, 17:35 | Autor: Da Redação
Foto: Reprodução I Twitter
Foto: Reprodução I Twitter -

Um helicóptero da Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso (MT) sobrevoou a escola particular Colégio Notre Dame de Lourdes, em Cuiabá, dias após uma professora ser afastada por críticas ao presidente Jair Bolsonaro.

Durante o voo, que causou alvoroço na escola e assustou os estudantes, agentes exibiam uma bandeira do Brasil. A cena foi registrada e repercutiu nas redes sociais.

Em nota, a secretaria alegou que o ato não teve nenhuma relação com o caso da professora e que se tratava de uma exibição em celebração à "semana da pátria", e que o pedido foi feito pela própria escola.

Segundo informações do Yahoo, a instituição confirmou que pediu à SSP não só o sobrevoo, mas também que fizesse palestras para os alunos. A ideia das ações seria trabalhar os símbolos pátrios na semana que antecede o 7 de setembro, quando se celebra a Independência do Brasil.

A docente foi afastada na última terça-feira, 31, após explicar a alunos que o atual presidente é a favor do "desmatamento" e da "ação de garimpeiros", que tem prejudicado, principalmente, os povos indígenas.

"Ele é a favor do desmatamento. Ele é a favor que os garimpeiros façam destruição dentro das terras indígenas. Além da destruição da natureza, está prejudicando o povo indígena. Os garimpeiros e o presidente da república são a favor disso. Temos que começar a pensar o que queremos para o nosso Brasil", disse a professora, que dá aula para a turma do 3° ano do ensino fundamental, com estudantes entre 7 e 9 anos.

Ela foi suspensa por três dias após a declaração repercutir negativamente entre os pais dos alunos. A escola justificou que não endossa posições "político-partidárias em sala de aula".

O vídeo foi compartilhado pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), que criticou a tentativa de intimidação por parte dos agentes de segurança pública.


 
A entidade destaca que é inaceitável a censura e desperdício de dinheiro público para a intimidação de crianças, jovens e trabalhadores. Segundo a UBES "Não se trata de coincidência, quando uma ação nesses moldes acontece às vésperas dos atos antidemocráticos, cheios de ameaças convocados por Jair Bolsonaro. Se a uma ação aparelhada com as ideias golpistas e conservadoras do governo".
 
A UBES defende que a escola seja um ambiente de estímulo ao pensamento crítico, de formação ampla e que também amplifique a urgente defesa do meio ambiente, contra a crise climática que atravessamos. Uma vez que a causa da professora ser suspensa foi, justamente, criticar a política ambiental do governo.
 
"Já é um absurdo ver a professora ser suspensa por três dias e prestamos toda nossa solidariedade a essa trabalhadora. Mas ainda mais absurdo é ver uma ação de intimidação como essa que não representa a educação que acreditamos, que é um meio de transformação e liberdade do povo brasileiro", observa Rozana Barroso, presidente da UBES.

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