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Mostra Internacional de Cinema São Paulo inicia sua 45ª edição em formato híbrido

Publicado quinta-feira, 21 de outubro de 2021 às 06:07 h | Autor: Rafael Carvalho | Especial para A TARDE
Bergman Island, da francesa Mia Hansen-Løve | Fotos: Mostra Internacional de Cinema São Paulo | Divulgação
Bergman Island, da francesa Mia Hansen-Løve | Fotos: Mostra Internacional de Cinema São Paulo | Divulgação -

Os festivais de cinema deram muito certo no formato online desde o ano passado, incluindo a Mostra Internacional de Cinema São Paulo, especialmente por seu tamanho de programação e duração de quinze dias. Agora, em 2021, a Mostra SP se lança ao desafio de fazer uma edição híbrida, tanto na sua plataforma digital, como retornando às salas de cinema de São Paulo, dentro do que é possível funcionar nesse momento de retorno das atividades presenciais em tempos pandêmicos.

Na coletiva de imprensa que apresentou o evento este ano, a diretora da Mostra SP, Renata de Almeida, falou da importância do retorno às salas de cinemas: “Optamos por uma edição híbrida e pela volta às salas. A Mostra é da cidade e é nossa obrigação voltar para a cidade, para os cinemas. O setor de exibição foi um dos que mais sofreu com a pandemia”, alerta.

O evento segue, portanto, uma tendência atual que é dos formatos híbridos de exibição, e a Mostra SP certamente é um dos maiores festivais de cinema a apostar nessa fórmula no Brasil. “O público do nosso tipo de cinema, o que a Mostra defende, ainda não voltou às salas por não estar se sentindo seguro. Então a gente tenta dar essa segurança para o público”, pontua Renata.

Nos cinemas de São Paulo, a lotação das salas será de 50%, será exigida do público a comprovação de vacina contra a covid-19 e também que as pessoas permaneçam de máscara dentro das salas, além de seguir as medidas de distanciamento e higienização já comuns. “Se a gente quer viver na cidade, como seres atuantes, a Mostra tem uma obrigação de colaborar com a cidade, não só com o dono do cinema, mas com o comércio do lado, com a vida das pessoas”, acrescenta Renata.

Para quem está em São Paulo e se sente seguro em prestigiar o evento in loco, a programação da Mostra, como sempre, segue recheada de filmes inéditos que foram exibidos nos grandes festivais do mundo, uma festa para os cinéfilos de plantão. Serão exibidas obras como Annette, de Leos Carax; A Crônica Francesa, de Wes Anderson; Encontros e A Mulher que Fugiu, ambos do diretor sul-coreano Hong Sang-soo; e Memória, do cultuado cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul.

A Mostra passa também o divertido e tresloucado Má Sorte no Sexo ou Pornô Acidental, do cineasta romeno Radu Jude (Urso de Ouro no Festival de Berlim) e o provocador Titane, da francesa Julia Ducournau (Palma de Ouro no Festival de Cannes), além de muitos outros títulos de destaque no cinema mundial.

Imagem ilustrativa da imagem Mostra Internacional de Cinema São Paulo inicia sua 45ª edição em formato híbrido
Pegando a Estrada, de Panah Panahi

Versão online

Já na versão virtual da Mostra, há uma seleção mais enxuta de filmes, mas nem por isso menos interessante. Obras como Ahed`s Knee, do cineasta israelense Nadav Lapid, Bergman Island, da francesa Mia Hansen-Løve (ambos da competição do Festival de Cannes), e Diários de Otsoga, do casal português Miguel Gomes e Maureen Fazendeiro, fazem a festa do público cinéfilo.

Além disso, a Mostra sempre foi uma oportunidade para se descobrir alguns filmes e diretores que vêm se destacando internacionalmente, caso de Panah Panahi, filho do renomado cineasta iraniano Jafar Panahi, e que exibe seu divertido road movie Pegando a Estrada. Já a cineasta mexicana Tatiana Huezo venceu um prêmio especial em Cannes por sua estreia na direção de um longa de ficção com A Noite do Fogo.

São cerca de 130 obras que poderão ser assistidas através da plataforma Mostra Play (www.mostraplay.mostra.org), criada ano passado para abrigar a edição que foi quase inteiramente virtual, e podem ser acessadas de qualquer lugar do Brasil. As exibições são pagas – ao preço unitário de R$ 12 para cada filme, que fica disponível para o comprador por três dias (depois de dado o play, é preciso assistir ao filme num intervalo de 24h). Há também pacotes promocionais para as exibições online.

“Eu acho ideal o formato híbrido, mas os custos são duplos”, observa Almeida. “Vamos continuar com o online, mas o grande desafio é a gente voltar a ocupar a cidade”, arremata a diretora. Os festivais de cinema, daqui em diante, terão de lidar com as possibilidades da programação virtual e equilibrar os custos para se manter nesse formato.

Mas além da plataforma específica da Mostra, o evento conta com outros parceiros que oferecem exibições online e gratuitas. O Itaú Cultural Play, através da sua plataforma lançada há pouco tempo, irá oferecer uma seleção de filmes brasileiros que serão exibidos em sessões únicas entre os dias 25 de outubro e 2 de novembro, sempre às 19h. A animação baiana Meu Tio José, de Ducca Rios, ficará no ar na noite do dia 27, além de ser exibido também em cinemas de SP.

Já o Cinesesc, com seu braço online Sesc Digital, também traz uma seleção variada de filmes de diversas partes do mundo, com destaque para o espanhol Caminho Incerto, o turco Fantasmas e o filme russo O Jovem Caçador de Baleias.

Mais Brasil

A Mostra tem se tornado cada vez mais uma vitrine para filmes brasileiros. Este ano, muitos deles optaram por estrear seus longas aí, aproveitando o retorno das primeiras exibições presenciais no país. Este é o caso do aguardado longa de Laís Bodanzky, A Viagem de Pedro, em que Cauã Reymond interpreta o ex-imperador do Brasil, Dom Pedro I.

É também o caso de Deserto Particular, filme de Aly Muritiba, escolhido para representar o Brasil no Oscar. O diretor nasceu na Bahia, mas é radicado no Paraná. Seu filme, no entanto, se passa em parte em território baiano, filmado na cidade de Sobradinho. Outras produções aguardadas são Medusa, da diretora Anita Rocha da Silveira, e 7 Prisioneiros, filme de Alexandre Moratto, com Rodrigo Santoro no elenco, produção da Netflix que chega à plataforma no próximo dia 11 de novembro.

Este ano, o Prêmio Leon Cakoff, distinção que a Mostra SP faz anualmente para alguma personalidade marcante do cinema, vai para a atriz e diretora baiana Helena Ignez. Outro homenageado é o diretor português Paulo Rocha, que ganha uma retrospectiva nos cinemas de São Paulo.

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