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Paradoxos em tempos de pandemia

Publicado quarta-feira, 21 de abril de 2021 às 06:02 h | Autor: [email protected]
Fábrica da Yamaha em Manaus está operando em dois turnos | Foto: Divulgação
Fábrica da Yamaha em Manaus está operando em dois turnos | Foto: Divulgação -

A história nos mostra que as crises provocam mudanças drásticas e são terreno fértil para a inovação disruptiva. A pandemia de Covid-19 está apagando e acendendo as luzes no mundo todo, com desafios em todos os setores produtivos. A cadeia automotiva e o segmento de duas rodas vivem momentos de discrepância. O positivo e o negativo caminhando juntos.

O crescimento exponencial do e-commerce e da indústria do delivery, na era dos aplicativos, aquece a demanda por caminhões, comerciais leves e motos. Mas as vendas não estão em sintonia com a demanda do consumidor. Há escassez de produtos nas concessionárias. A boa notícia do aumento da demanda, apesar da crise, esbarra nos entraves da indústria (gerados pela pandemia) para manter a produção no ritmo.

A pesquisa Cenários na Indústria Automobilística, realizada pela agência Automotive Business, em parceria com a Roland Berger, aponta que a demanda segue elevada no segmento de veículos pesados, porém, os gargalos de produção emperram o crescimento.

Contudo, a expectativa é que os desafios sejam superados, e para 24% dos respondentes há perspectiva de avanço forte, de 10% ou mais, nas vendas de veículos pesados este ano.

O segmento de motos também vive as contradições geradas pela pandemia. Em março, a produção de motos em Manaus chegou a 125,5 mil unidades, o maior volume para um único mês desde março de 2015. As fabricantes compensaram a drástica queda na produção nos últimos meses.

Segundo a Abraciclo, que reúne fábricas de motos e bicicletas instaladas em Manaus, o total das motocicletas montadas em março foi 116,4% maior que o de fevereiro, e ficou 22,1% acima do registrado em março do ano passado. Somente a Honda fabricou em março 100,7 mil motocicletas, sua maior produção mensal desde novembro de 2014. No acumulado do ano, no entanto, a produção total das fabricantes ficou 20,3% abaixo do primeiro trimestre de 2020 e teve apenas 237,2 mil motos montadas.

No segmento de automóveis e comerciais leves, o cenário é o mesmo e a palavra de ordem é inovação. A indústria busca soluções para resolver os gargalos causados pela falta de componentes e a elevação no preço dos insumos, em todo o mundo. São desafios para retomar o crescimento.

E além de manter o mercado abastecido, a indústria precisa criar soluções de mobilidade, com menor impacto ambiental. É cada vez maior a demanda por conectividade, tecnologia, eletrificação, mas o consumidor quer tudo isso com menor custo-benefício.

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