Caldeirão de aço - Aposta arriscada | A TARDE
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Caldeirão de aço - Aposta arriscada

Publicado quinta-feira, 30 de setembro de 2021 às 06:07 h | Autor: Leandro Silva | Jornalista | [email protected]

Por mais desgastante que esteja sendo assistir às partidas do Bahia no Brasileiro e que exista uma motivação concreta e sensata em esperar para jogar contra o Ceará no dia 27 de outubro, provavelmente já com torcida, a opção pelo adiamento do confronto do final de semana contra os cearenses parece uma aposta ousada e arriscada da diretoria tricolor. Os riscos são inegáveis. O Bahia acabou de entrar na zona de rebaixamento e seria muito importante sair dela o mais rápido possível, até para trazer uma certa paz para o ambiente. Mesmo sem público, com a péssima fase em que se encontra e sabendo da carga de tensão dos confrontos contra o Ceará, acreditar em um importante triunfo não seria nenhuma loucura. O problema é que, sem atuar agora na rodada, o Esquadrão perde a oportunidade de sair logo do Z-4, sem esquentar o lugar nem se acostumar.

Mais que isso, há a possibilidade de adiamento também do próximo confronto do clube como mandante, contra o Palmeiras, pela 26ª rodada. Se isso se confirmar, o Tricolor poderá ter que enfileirar mais três confrontos consecutivos como visitante, contra Corinthians, Athletico e América, depois do embate contra o Inter. Compromissos complicados, provavelmente com a presença das torcidas, em que o clube precisará desesperadamente acumular pontos para chegar fora da zona de rebaixamento ou pelo menos com chance de sair logo que os jogos em casa retornem.

Dito isso, o meu jeito otimista e supersticioso lembra que na temporada passada o Bahia teve 100% de aproveitamento em jogos adiados pela competição nacional, vencendo Botafogo, Fortaleza e Corinthians, sempre por 2 a 1. Foram nove pontos decisivos para a permanência na Série A. Era um tipo de jogo que tinha peso grande, pois, como os principais adversários não jogavam, o triunfo costumava representar um importante salto na classificação. E a esperança é que isso se repita contra o Ceará. Já que a escolha da diretoria já foi feita, resta torcer para que dê certo. Que o time consiga uma recuperação surpreendente nos jogos como visitante e que o possível reencontro com a torcida no estádio possa acontecer com um clima muito melhor do que aquele que esperaria a equipe no final de semana, caso a presença de público tivesse sido autorizada.

A torcida precisa ter consciência do poder de auxílio à equipe quando tiver a presença autorizada. Evitar que a insatisfação e o afastamento motivados pela péssima fase, que inclui apenas um triunfo em 12 rodadas, façam com que o torcedor acabe atrapalhando. Será curioso ver o potencial de crescimento do time e de jogadores de maneira individual, com um contato mais próximo com o torcedor.

Em tempos de tanta coisa errada ou que não deu certo, a notícia mais positiva veio do departamento médico e está relacionada a talvez o maior acerto do clube em algum tempo. O colombiano Juan Pablo Ramírez, que caiu nas graças da torcida logo que chegou, está liberado para voltar a jogar, mais de sete meses depois da lesão sofrida contra o Fluminense, em fevereiro. Faz-se necessário, entretanto, lembrar aos torcedores que o retorno do camisa 15 pode não vir acompanhado de tanto brilho imediato, em decorrência do afastamento prolongado dos gramados.

No melhor dos cenários, ele volta arrebentando imediatamente, com o mesmo nível apresentado no Brasileiro passado, e se torna peça imprescindível para a equipe. Torço, entretanto, para que haja paciência, pois a volta do brilho pode ser lenta. E que a ansiedade não se transforme em cobrança excessiva, que possa atrapalhar, inclusive, a permanência dele por mais tempo no Esquadrão. O clube já conhece o potencial do colombiano e não deve perder a oportunidade de contratá-lo de maneira definitiva.

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