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Caldeirão de aço - Velha escola

Publicado quinta-feira, 07 de outubro de 2021 às 06:02 h | Autor: Leandro Silva | Jornalista | [email protected]
Que o tempo seja recuperado por Guto e que a evolução já possa ser sentida nos próximos jogos | Foto: Felipe Oliveira | EC Bahia | 4.4.2018
Que o tempo seja recuperado por Guto e que a evolução já possa ser sentida nos próximos jogos | Foto: Felipe Oliveira | EC Bahia | 4.4.2018 -

Depois de uma aposta mal sucedida em uma nova escola de treinadores, da Argentina, tudo indica uma mudança brusca de curso em busca de uma velha escola. Ainda não oficializado enquanto escrevo essas linhas, o nome mais especulado, e até mesmo dado como confirmado, para o comando técnico tricolor é o de Guto Ferreira. Se o problema era não conhecer clube, elenco e adversários, explicitado na nota oficial de desligamento de Diego Dabove, Guto viria com o antídoto perfeito, pois conhece demais o Bahia, os jogadores, principalmente como recorrente adversário, além dos tims rivais. A questão é que o problema do clube está longe de se resumir a treinador, seja ele argentino ou de qualquer nacionalidade. Por isso, o trabalho será árduo para o novo comandante.

Guto tem duas passagens pelo Bahia. Na primeira, em 2016, também herdou uma equipe que passava por momento muito turbulento. Com Doriva, brigava para evitar um possível rebaixamento para a Série C, mas ele conseguiu o acesso para a Série A, onde ele precisará manter o clube agora. Naquela primeira passagem, ele ainda comandou o time no título da Copa do Nordeste de 2017 e estreou no Brasileiro com uma goleada de 6 a 2 contra o Athletico Paranaense, adversário no próximo sábado. Após o título regional, deixou o clube por opção própria e atraiu uma rejeição de parte da torcida que atrapalhou bastante na avaliação do trabalho dele quando retornou em 2018 e ganhou o Baiano, mas começou mal o Brasileiro.

Sou admirador antigo do trabalho dele, e desejava ver ele no Bahia mesmo antes de 2016. Que a torcida já tenha superado qualquer diferença com Guto para que nada atrapalhe. E que o sucesso no objetivo primordial desse novo trabalho, que é manter o time na elite, possa servir para selar definitivamente a paz entre os torcedores e o treinador, um dos personagens importantes da história recente do clube.

Foram apenas seis jogos sob o comando de Dabove e o argentino já foi deposto após conseguir apenas um triunfo, contra o Fortaleza. A aposta em um profissional de outro país no meio de uma competição tão difícil quanto o Brasileiro, ainda mais em meio à péssima fase do time, já dava indício de que seria muito arriscada, além do risco normal da chegada de qualquer novo comandante.

Sempre busco entender as intenções por trás das escalações escolhidas pelos treinadores. Não gosto de criticar apenas por não ser exatamente o meu time ideal colocado em campo, mas a cada rodada o anúncio dos 11 titulares causava espanto e não aparentava seguir qualquer lógica. Com a ideia de se preparar de acordo com o adversário, o argentino parecia ignorar lições das partidas anteriores. Depois do triunfo contra o Fortaleza, o Bahia ainda conseguiu realizar 45 minutos muito bons na partida seguinte, contra o Santos, mas o triunfo não veio. Naquele momento, era possível acreditar que uma evolução estava em curso, mas esse movimento ascendente não teve continuidade nos compromissos seguintes, culminando na saída dele. A sensação de tempo perdido é amplificada principalmente porque o Bahia vinha sem atuar no meio das semanas, com mais tempo para preparar o time.

Que o tempo seja recuperado por Guto e que a evolução já possa ser sentida nos próximos compromissos, pois o Bahia precisa urgentemente de uma sequência de triunfos e bons resultados que mudem a situação do clube no campeonato, garantindo a permanência na Série A do próximo ano. E que, junto com os jogadores, consiga devolver o prazer de assistir aos jogos do Esquadrão.

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