A Consciência Negra, segundo a Tia Má, é a luta por mais respeito | A TARDE
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A Consciência Negra, segundo a Tia Má, é a luta por mais respeito

Publicado sábado, 20 de novembro de 2021 às 06:04 h | Autor: [email protected]
Tia Má: “Lutamos contra as atrocidades por questões de pele” | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE
Tia Má: “Lutamos contra as atrocidades por questões de pele” | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE -

Os movimentos negros de modo geral, os de Salvador inclusos, repudiam o 13 de maio como Dia da Abolição. Foi mais enrolação. Ao invés de estabelecer programas assistenciais, pouco depois, decretou a Lei da Vadiagem – quem fosse encontrado vadiando, cadeia.

A resposta ao repúdio se materializou em 2003, com a instituição do 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, há 326 anos atrás, este sim, um quilombola que organizou um time bem orquestrado, inclusive militarmente, para enfrentar a escravidão.

Quem estabelece o divisor de águas aí é a jornalista Maíra Azevedo, arauto top do movimento negro.

— Hoje é um dia para fazermos o alerta contra essa coisa de tratar negros como se fossem mercadorias.

Ataques — Tia Má, que está em Maceió e conversou conosco por telefone justo no momento em que desembarcava no Aeroporto Zumbi dos Palmares, e lá está para participar das reverências a Zumbi, diz que a luta do movimento negro é uma resistência contra as sequelas da escravidão:

— Temos avanços, como as secretarias da Igualdade, da Reparação. Mas, além do racismo explícito, tem também a própria mídia, que estereotipa o negro sempre em funções subalternas.

E a nossa Tia Má já sofreu ataques racistas?

— Sim. Várias coisas. Nas redes já me chamaram de macaca. A luta continua.

João Isidório, a premonição

O deputado federal Sargento Isidório (Avante) disse ao site G1 que o filho, o deputado estadual João Isidório, falecido abruptamente quinta da semana passada, quando deu um mergulho nas cercanias da Ilha dos Frades, afirmou para a mulher Lucrécia: “Lucrécia, você vai me perder”. Ela ainda brincou: você vai se separar de mim? “Não, é Deus que vai me levar”.

Isidório ainda sente pesado o baque. João era mais que filho, era auxiliar pleno.

Marinho bate no racismo

Vice-presidente nacional do Republicanos e presidente do partido na Bahia, o deputado Márcio Marinho, que é negro e evangélico, no Dia da Consciência Negra é mais um disparando contra o racismo:

— Eu olho para todas as manchetes racistas que tomaram o noticiário nos últimos dias e reflito: será que evoluímos mesmo?

A estrada é longa, deputado, mas a boa pegada é encarar ela e seguir adiante.

Limpando o mar da ilha

O trecho da orla das cercanias de Mar Grande, Vera Cruz, na ilha de Itaparica, entre a praia do Duro até a Ilhota, vai ser agitado hoje, para o bem. A Ong Pró-Mar faz a limpeza do fundo do mar tirando o lixo, na programação da 3ª edição do Eco Ilha. Melhor: os resíduos recolhidos serão catalogados e pesados.

Parte será transformada em esculturas, pelo artista André Fernandes. O reciclável será entregue a catadores e o resto para o descarte adequado.

Brasil, a decepção da má representação em Dubai

Nascido em Santo Antônio e criado em Feira de Santana, Valter de Jesus, ou Valter Xéu, é o jornalista baiano que mais tem conexões internacionais. E eis que ele perguntou a Romana Dovganyuk, ucraniana que é presidente da Câmara de Comércio Brasil-Irã, o que ela achou da participação brasileira na ExpoDubai 2020, para o qual Bolsonaro foi.

Romana com a palavra:

— Fiquei muito decepcionada. Antes a gente viajava com o Lula e tínhamos suporte para conversar, ele trazia empresários, produtos, agora o presidente veio com os filhos, alguns senadores e não trouxe nem um cafezinho para demonstração. Só trouxe água, ficava lá uns carros molhando umas pessoas, só água.

POLÍTICA COM VATAPÁ

Os insígnes

Médico de formação, diretor da Santa Casa de Misericórdia de Santo Antônio de Jesus, a terra dele, Ursicino Pinto de Queiroz, elegeu-se prefeito de Santo Antônio de Jesus, presidiu a UPB, foi deputado federal dois mandatos, secretário de Saúde do Estado, fim de carreira como conselheiro do TCE. Também gostava de contar casos. Esse vem dele.

Meados de 1960. Lomanto Júnior, governador, foi a Ubaíra, a terra de Josaphat Marinho, no Vale do Jequiriçá, inaugurar obras. Fim de festa, Coronel Pinto, cacique da política local, sempre atento às oportunidades que lhe permitissem exercitar os dons de oratória, deslanchou na solene despedida:

— Chora, Ubaíra! Chora! O momento é triste! Daqui a instantes não podereis mais privar da benévola convivência deste insigne partinte!

Lomanto retribuiu a cortesia:

— Triste e choroso estou eu, por ter que ir-me daqui, deixando o aconchego desta terra tão querida e amada, e o prazer de estar ao lado (apontando Pinto) deste insigne ficante!

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