E Sérgio Moro em nova etapa. A partir de agora ele está no ringue | A TARDE
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E Sérgio Moro em nova etapa. A partir de agora ele está no ringue

Publicado sábado, 13 de novembro de 2021 às 06:03 h | Autor: [email protected]
Moro, agora candidato: se vai tirar voto, é de Bolsonaro | Foto: Marcello Casal Jr | Agência Brasil | 29.3.2019
Moro, agora candidato: se vai tirar voto, é de Bolsonaro | Foto: Marcello Casal Jr | Agência Brasil | 29.3.2019 -

E Sérgio Moro tem chances de tornar-se a terceira via?

A pergunta é do leitor Fabiano Mendes, do Itaigara, Salvador. E sabe-se lá, meu caro? Jogo sempre se sabe como começa, nunca como termina.

E já que assim o é, veja que na política ele já estava, desde os tempos de juiz, ressalte-se, com lado. Carimbou a tese quando aceitou ser ministro da Justiça de Bolsonaro. Agora, apenas estreia na política partidária com a pretensão de arrancar um mandato.

Estreou atirando para todos os lados. Disse que o povo está cheio ‘de Mensalão, Lava Jato, rachadinhas e orçamento secreto’. Traduzindo, atacou os dois lados, o de Lula e o de Bolsonaro.

Bolsonaro — Ora, dos petistas ele já é inimigo nato. Botou Lula na cadeia, processo todo anulado por suspeitas de vícios, o que vitamina o discurso dos que já eram inimigos, o que quer dizer, a nova incursão dele nesse campo só serve como saco de porrada.

Se na banda petista ele já é maldito, presume-se que se tiver campo para crescer será na banda de Bolsonaro, que ontem disse: ‘Moro não sabe o que é ser presidente e nem ministro’.

Não sabe também, ao que parece, que o jogo político é por natureza o típico bateu, levou. Agora é o ringue, a troca de sopapos ininterrupta, que também como sempre, só emerge ao primeiro plano se convier. Melhor, se uma eventual candidatura dele pelo Podemos incomodar. Se não decolar nas pesquisas, pode ficar num canto falando sozinho.

O medo em Madre de Deus

Em Madre de Deus, o palco da tragédia com o deputado João Isidório, moradores aproveitaram a presença de jornalistas buscando informações sobre o caso para denunciar: a cidade vive momentos de insegurança como nunca.

Lá dizem que o prefeito Dailton mandou desligar todo o sistema de monitoramento eletrônico com câmeras na cidade. Um deles sintetizou o problema:

— Estão roubando celulares em pleno cais. Imagine.

Mergulho, o perigo no raso

João Isidório não ‘sentiu-se mal e caiu no mar’, como se disse no início. Segundo o laudo do Instituto Médico Legal, ele mergulhou, bateu a cabeça no fundo, fraturou a coluna cervical.

Esse tipo de acidente é raro, mas nem tanto. O pessoal do Salvamar em Salvador recomenda que as pessoas tenham todo cuidado quando forem mergulhar em áreas rasas. Cair de cabeça quase sempre é fatal, por ser na água.

Funcionários, a dor dupla

Funcionários que trabalhavam para João Isidório, mais de 20, tiveram uma dor dupla com a morte do deputado. Além da perda do chefe e amigo, também perderam o emprego.

No sepultamento, ontem, eles estavam chorosos por João Isidório, mas se dizendo conscientes de que a partir de terça, quando o deputado Luiz Augusto (PP) será efetivado, o desligamento é automático. É tristeza sobre tristeza.

Morte de João Isidório parou o mundo político

Rui Costa cancelou a agenda (iria para Ilhéus ontem), Adolfo Menezes (PSD), o presidente da Assembleia, foi no velório e no sepultamento.

Presente, o deputado federal mineiro Luiz Tibet, presidente nacional do Avante, o partido dele, lamentava o azar.

— Perdi um amigo e o título de Cidadão Baiano, que ele prometeu me dar ano que vem.

O deputado Sargento Isidório (Avante), o pai de João, muito emocionado, disse que não perdeu apenas um filho querido, mas também um grande auxiliar na Fundação Dr. Jesus, a obra para atender dependentes químicos.

— Não desejo a nenhum pai, a nenhuma mãe a dor de perder um filho, mas Deus é aquele que consola o mundo.

POLÍTICA COM VATAPÁ

A lição

Newton Macedo Campos, nosso saudoso contador de causos, foi quem passou essa. Fim dos anos de 1940, Octávio Mangabeira, governador, foi a Cruz das Almas fazer o ‘governo itinerante’. Lauro Passos, líder político de muito prestígio, o recebeu na praça, depois numa das suas fazendas.

Fim de jornada, conversa amena, Lauro desfiou longo rosário de queixas do povo, Octávio encheu a paciência:

— Lauro, pare com isso de povo! Povo não existe, Lauro!

— Como, não existe?

Octávio pegou um pacote de milho na mesa, chamou os presentes, dirigiu-se ao quintal onde havia um criatório de perus, jogou o milho e gritou:

— Viva o Brasil!

E os perus lá:

— Glu-glu-glu!

Jogou mais milho, tornou a gritar:

—Morra o Brasil!

E a peruzada:

— Glu-glu-glu!

— Tá vendo, Lauro. Povo é isso. Come o milho, aplaude.

E Lauro:

— Bela lição, governador. Se botar uma cachacinha, melhor ainda. Povo e peru adoram cachaça!...

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