Jerônimo pega o leme com tudo soprando a favor, ventos e marés

Jerônimo Rodrigues assume o governo baiano, hoje, em situação absolutamente singular, para o positivo. Tudo a favor, ventos e marés, cá e lá nas duas bandas, a administrativa e a política.

Na administração, herda um estado financeiramente saneado. Politicamente, para além de um presidente a favor, tem lá na Casa Civil, um ministério chave, Rui Costa, o antecessor que o apadrinhou na campanha vitoriosa e, mais que isso, profundo conhecedor dos problemas e dos anseios da Bahia.

Convém uma ressalva. Como em todo jogo, não importa tanto como se começa, e, sim, como se termina. O exemplo cabal é tão baiano quanto atual: 2022 começou todo sorridente para ACM Neto e acaba com o pior dos cenários para ele, lá e cá.

Desafio —Jerônimo também dá sequência à era PT, que já contabiliza 16 anos, os oito de Jaques Wagner e os oito de Rui Costa hoje completados, um ciclo ainda cheio de vigor, a ponto de eleger o próprio Jerônimo, um desconhecido, contra um candidato forte.

Segundo deputados da base governista, Jerônimo tem o foco nas obra de infraestrutura, uma sequência da era petista, como a ponte Salvador-Itaparica e a conclusão da Fiol, de Ilhéus a Barreiras (hoje as obras andam entre Ilhéus e Caetité), conectando o oeste e o Atlântico.

Mas, ressaltam eles, no meio dos pontos positivos que o PT coleciona, tem um ponto falho, a segurança, deixando a sensação que a cada dia está pior. Esse é o desafio maior de Jerônimo.

Ferry é o primeiro abacaxi do novo governo

Conforme o previsto, o ferryboat, que já vinha mal, piorou na dobrada do ano, que é sempre um sufoco, agora agravado, com espera de mais de seis horas. Opera com quatro navios, o Zumbi dos Palmares, o maior, o Ivete Sangalo, o Maria Bethânia e o Rio Paraguaçu. O Dorival Caymmi e o Anna Nery estão no estaleiro.

Eis a questão: no contrato do governo com a concessionária, no caso, a Internacional Marítima, deveriam estar no sistema nove navios. E é aí que a porca torce o rabo: seriam nove, só há seis, quatro funcionando, às vezes nem isso.

A coisa complica porque a manutenção é cara, às vezes feita em Sergipe. Jerônimo recebeu o diagnóstico. E vai ter que optar entre comprar navios ou alugar, esta segunda tida como cara, mas considerada porque o ferry é espécie ameaçada de extinção com a ponte Salvador-Itaparica.

Um toque baiano na rota do papa Bento XVI aqui

E já que se foi o papa Bento XVI, uma lembrança baiana dele. Em 9 de maio de 2007, o Brasil esperando a chegada dele a Aparecida, São Paulo. Sabendo que o deputado federal Nelson Pelegrino (hoje conselheiro do TCM) estava lá, ligamos:

— Oi, amigo. Estamos aqui, eu, dom Murilo (Kriegger, à época arcebispo de Salvador) e o deputado Antônio Brito.

— Passe para dom Murilo.

— E aí, dom Murilo, como o senhor se sente neste momento tão importante para a Igreja?

— Oi, Levi... Estou igual a Jesus na cruz.

Jesus estava na cruz entre dois ladrões, Pelegrino tomou o fone:

— Não publique isso, não!

De olho em Pedra do Cavalo

A Votorantim, que opera a Barragem de Pedra do Cavalo, avisa que vai aumentar a vazão conforme for recebendo mais água, com a ressalva: não há risco de cheia em Cachoeira, São Félix e Maragogipe.

A questão: se a Votorantim controla Pedra do Cavalo por que a Chesf não controlou a Barragem da Pedra? Rui Costa se despediu do governo deixando ação pronta contra a companhia por conta disso.

POLÍTICA COM VATAPÁ: Bum-bum pra lua

O engenheiro Norberto Odebrecht começou a trajetória empresarial em Ituberá, no baixo sul, construindo a ponte do Saici, um porto no qual o governo pretendia reabilitar a navegação de cabotagem. Pegou chamego com a terra, virou dono da Ilha de Kieppe, na boca da Baía de Camamu, e construiu um núcleo ecológico na Serra da Papuia, em Ibirapitanga.

Lá em Ituberá tinha como amigo Érico Leite, prefeito duas vezes, mas, antes disso, herdeiro de enorme fazenda no litoral, em toda aquela área hoje das cercanias da Praia de Pratigi, onde neste fim de semana acontece o Universo Paralelo, um apaixonado por aviação.

E eis que lá um dia estão os dois entre amigos quando Norberto diz:

— Dizem que na vida tem gente que nasce com o bum-bum pra lua.

E aponta Érico:

— Esse aqui é um.

Gargalhada geral, Érico fechou com chave de ouro:

— Eu aceito isso como uma lisonja. Ele...

E apontou Odebrecht:

— Ele entende muito disso, vem de berço.

Outra gargalhada geral.