Kirimurê, apesar dos pesares, vai indo bem diz Eduardo Topázio
Esse marzão que adorna Salvador, chamado pelos índios de Kirimurê, ou Grande Mar na tradução, rebatizado pelos portugueses como Baía de Todos-os-Santos, completa amanhã 520 anos desde que os novos donos se apossaram.
Ou melhor, que foi dado o start para ela como palco e cenário da colonização que configurou o Brasil como ele é, especialmente na cultura. Foi em 1º de novembro de 1501 que o português Gaspar Lemos e o espanhol Américo Vespúcio aqui chegaram.
Pra melhor — Amanhã é dia de Todos os Santos e completam-se 520 anos dessa chegada de Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio, daí o nome da Baía. Demos sorte, segundo o historiador Ricardo Carvalho. Diz ele que se os marinheiros atrasassem um pouquinho, provavelmente teríamos a Baía de Finados.
E afinal, 520 anos depois de tantas explorações e agressões, a quantas anda a nossa BTS?
Eduardo Topázio, biólogo, diretor de Recursos Hídricos e Monitoramento Ambiental do Inema, um particular apaixonado pela BTS, diz que ela vai bem, com ressalvas.
— Ela se beneficiou muito com a redução das atividades econômicas nas suas bordas, a indústria que poluía, o que ainda deixou alguns resíduos contagiantes como o chumbo. Tem a questão do saneamento, um problema, e o tráfico de navios, que traz espécies exóticas. Mas eu diria que com tudo isso ela ainda é mais para cima.
O bom sinal das cracas
As cracas, aquela ostrinha que gruda nos cascos dos barcos e acaba acumulando, obrigando as embarcações a irem periodicamente ao estaleiro, apoquenta a vida dos donos, mas segundo pescadores de Vera Cruz, na ilha de Itaparica, é bom sinal, de vida. E apontam a solução: o estaleiro.
Uma questão de tamanho
Com 1.233 km2, a BTS é a segunda maior do mundo, só perde para a de Bengala, no Oceano Índico, que tem mais de 2 mil km. Prefeitos do entorno dizem que o foco do momento é a limpeza ambiental plena, com saneamento básico, para ampliar a chance de acerto na aposta turística.
Na Ribeira, um seminário
O Observatório Baía de Todos-os-Santos, uma ong que fixa o olhar sobre nossas águas, realiza amanhã um seminário (Av. Beira Mar 303) para marcar os 520 anos da chegada dos portugueses na BTS. O piloto é Moysés Cafezeiro, o presidente do Observatório.
Ruy Barbosa, a agenda do centenário está pronta
A Comissão de 13 entidades, presidida pelo jurista e também vereador Edvaldo Brito (PSD), para rememorar o centenário da morte de Ruy Barbosa, em 1º de março de 2023, vai reunir a imprensa em coletiva sexta (10h) na ABI, para divulgar a agenda de ações e eventos para marcar a passagem da data.
A comissão, também integrada pelo presidente da ABI, Ernesto Marques, e o desembargador Lidivaldo Brito, do TJ-Ba, traçou o roteiro.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Salgando a mãe
Santa Cruz de Cabrália, a terra da Primeira Missa no Brasil. Lá, Geraldo Sacaramussa foi prefeito duas vezes (de 1997 a 2004) e criou uma marca singular: riscou a palavra ‘não’ do dicionário. ‘Eu não sei dizer não a ninguém’, explica ele.
Não dizer ‘não’ não quer dizer que o ‘sim’ é garantido. Atende na hora se puder, ou promete para mais adiante, ou dá uma parte se o pleito for financeiro. Estava no mandato de prefeito, reunido com auxiliares, quando um cidadão o interrompeu:
— Sêo Geraldo, me desculpe incomodá-lo, mas é uma emergência. Minha sogra faleceu e estou sem dinheiro para o funeral. Eu queria que o Sr. me emprestasse R$ 350, assim que eu puder, lhe pago.
— Me procure daqui a uma semana, amigo.
O cidadão parou, olhou Geraldo, falou:
—Então me consiga R$ 5.
Geraldo espantou-se:
— Mas rapaz, como é que você me pede R$ 350 para fazer o funeral da sogra e agora quer R$ 5?
— É para eu comprar sal. Vou salgar ela até o Sr. arranjar os R$ 350.
Até hoje o caso rola por lá.