Salve o 2 de Julho, ou a expulsão dos portugueses pelos baianos

Será mesmo verdadeira aquela história do corneteiro Luis Lopes que na Batalha de Pirajá (área que hoje forma os bairros de Pirajá, Campinas de Pirajá e Alto do Cabrito, em Salvador), ao invés de dar o toque de recolher, conforme as ordens, fez o inverso, tocou avançar?
O resultado é que a tropa avançou e ganhou. E o jornalista Vicente de Paula, jornalista de Cotia, em São Paulo, que adotou a Bahia para a nossa alegria (e nos deixou em 28 de maio de 2018) pinçava esse episódio da história para caracterizar a alma baiana:
— Baiano é relaxado até na guerra! De lá para cá, a descontração segue em meio às batalhas, mas aí vem o melhor, sempre deu certo1
Pois é. Importa mesmo é que os portugueses foram expulsos daqui como donos do pedaço.
Racismo —Claro que os portugueses trouxeram para cá coisas boas, como o São João., mas no mix de heranças da colonização portuguesa, aferindo pelo termômetro que mede a hierarquia moral, a banda ruim é fedorenta colonização portuguesa deixou como legado uma excrescência como a escravidão dos negros, ainda hoje com o racismo explícito ou institucional.
O 2 de Julho tem a força da liberdade, libertação de um tempo que influenciou nossa cultura até no linguajar, já que principal, a prioridade um, vem de príncipe, e real é sinônimo de verdade indiscutível, vem do rei.
Seja como for, o 2 de Julho é a grande data da baianidade e a população assimilou bem isso, Todo mundo desfila, vaia e aplaude.
Colbert com Bolsonaro
Ligado a ACM Neto, o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (MDB) foi ontem receber Bolsonaro na visita as obras do Rodoanel, na verdade, a duplicação do anel viário no entorno do núcleo principal da cidade. E ainda elogiou o presidente:
— É daqueles que trabalham por Feira.
É, mas Feira vai ter que esperar, ou Bolsonaro renovar o governo dele ou o próximo. Está sem dinheiro.
Encourados de Pedrão , 10 anos fora do espetáculo
Faz 10 anos hoje que o desfile do 2 de Julho deixou de ver uma cena tradicionalíssima, a presença de um grupo de vaqueiros com roupas e chapéu de couro que entre dezembro de 1822 e janeiro de 1823 teve presença marcante na briga contra os portugueses. O grupo Encourados de Pedrão, como é chamado, sempre vinha a Salvador bancados pela Prefeitura. Alceu Barros, o prefeito que em 2012 patrocinou a última viagem a Salvador, lamenta:
— Ai não tem nada de pandemia. É falta de visão da importância histórica e cultural.
A história dos Encourados é bem preservada no Labelu, Laboratório de História e Memória da Esquerda e Lutas Sociais da Universidade Estadual de Feira de Santana (UESC).
Alaíde de novo na pauta de Feira na ponga da motociata.
Motoqueiro foi o que não faltou na motociata de Bolsonaro ontem em Feira de Santana e foi daí que surgiu a sensação nas redes lá na Princesa do Sertão.
Alguém postou uma foto com Bolsonaro carregando João Roma na garupa bem na hora em que passam acenando para a multidão na frente de uma casa com o letreiro bem visível: Alaíde.
A marca Alaíde é conhecida. É simplesmente o maior bordel de Feira, bem em evidência porque mês passado foi palco de outro caso rumoroso, a festa que Vomildo de Cabo Reis (Pode), vereador em Serra Preta, fez lá com direito a vídeo e falação: ‘Se sintam abraçados pelo vereador Vomildo. Parabens, Alaíde. Sou o maior cliente desta casa’.
Claro que Bolsonaro só passou e nada teve a ver a não ser o azar de passar lá. Mas nas redes vale tudo
POLÍTICA COM VATAPÁ
O povo e os perus
Cruz das Almas ainda lembra a visita que Octávio Mangabeira, que foi lá no fim dos anos 40 fazer o 'governo itinerante'. Lauro Passos, líder político de muito prestígio, o recebeu primeira em praça pública, depois numa das duas fazendas.
Fim de jornada, conversa amena, Lauro desfiou longo rosário de preocupações, os queixumes do povo, Octávio encheu a paciência:
— Lauro, pare com esse negócio de povo! Povo não existe, Lauro!
— Como, não existe?
Octávio rodou a mão num pacote de milho que estava sobre a mesa, chamou os presentes ao quintal onde havia um criatório de perus, jogou o milho e gritou:
—Viva o Brasil!
E os perus lá:
— Glu-glu-glu!
Jogou mais milho, tornou a gritar:
— Morra o Brasil!
E a peruzada:
— Glu-glu-glu!
—Tá vendo, Lauro. Povo é isso. Comeu, aplaudiu.
E Lauro:
— Bela lição, governador. Se botar uma cachacinha no meio, melhora mais ainda. O senhor sabe, povo e peru adoram cachaça!.
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