Um infeliz ano velho, ano novo sabe-se lá, mas começa sem mudar

Até pensou-se que na tragédia das enchentes baianas, um indigesto presente de Natal que marca 2021, vimos a sublimação do jogo político, colocar o interesse público acima de quaisquer outros, algo exposto no encontro entre Rui Costa, o governador baiano, e os ministros de Bolsonaro, João Roma (Cidadania), Marcelo Queiroga (Saúde) e Damares Alves (Mulher), contrários unidos pelo bem comum.

No caso em apreço, das duas uma, ou era jogo de cena ou a alegria durou pouco. O apoio argentino recusado por Bolsonaro foi pedido pelo próprio Rui, que até agradeceu. Esse mesmo Bolsonaro que ano passado pediu ajuda a Israel contra a Covid. Claro, é a tal da picuinha, o velho normal que emporcalha o jogo político.

A diferença - Mas é esse velho jogo que vai ser jogado em 2022 e ele com certeza vai produzir algo diferenciado na história do Brasil, entre três possibilidades.

1 - Bolsonaro se reelege apesar de acumular altos índices de rejeição nas pesquisas que os aliados dele tanto desqualificam, mata a eleição e desmoraliza os institutos.

2 - Lula, o único presidente em 522 anos de história do Brasil a ser preso acusado de corrupção, volta nos braços do povo também para ser único a se eleger três vezes.

3 - A terceira via, com Sérgio Moro, Ciro Gomes e cia, produz o improvável, rouba a cena tomando a pole.

Claro que tudo isso vai se configurar com o tempero fedorento da velha política.

Neto, Wagner e Roma, a peleja baiana já tem atores definidos

E ACM Neto vai ter musculatura política para manter a dianteira nas pesquisas como até agora e conter a onda Lula que o PT vislumbra para muito turbinar a candidatura de Jaques Wagner?

E João Roma, o provável palanque de Bolsonaro na Bahia, vai rachar o grupo de Neto e se viabilizar?

E Rui Costa vai conseguir manter unido o grupo no entorno dele, com Otto Alencar e João Leão no mesmo palanque, o dele?

O jogo que vai  caminhar na direção dessas respostas é coisa do próximo capítulo da história baiana. Daqui a um ano saberemos tudo.

Convém ressalvar que ano passado ACM Neto também entrou o ano novo surfando em brancas nuvens com as vitórias de Bruno Reis (DEM) em Salvador, Colbert Martins (MDB) em Feira de Santana e Herzem Gusmão (MDB, que veio a falecer) em Conquista. Como será o fim de 2022 para ele, eis a bola da vez.

A contagem na Codesal

Sosthenes Macedo, o piloto da Coordenação de Defesa Civil de Salvador, vai passar o dia hoje fazendo contagem regressiva: ele e equipe encararam o desafio de fechar 2021 sem uma única vítima fatal por conta das chuvas, uma raridade na capital baiana.

- Estamos quase lá. E chegaremos como queríamos.

E a previsão do tempo ajuda nisso. Está dizendo que o Ano Novo vai chegar bem calmo e tranquilo.

Lessa mostra que cheias na Bahia têm precedentes

Valter Lessa, 89 anos, que desde 24 de junho de 1952, quando Getúlio Vargas inaugurou o Hotel de Caldas de Cipó, documenta com suas câmeras fotográficas o dia a dia da Bahia, a serviço do jornalismo, pinçou do seu vasto núcleo de documentação uma legião de fotos mostrando que em 1968, há 54 anos atrás, houve enchente similar na Bahia que atingiu muitas das cidades hoje na crista da tragédia, como Medeiros Neto, Canavieiras, Itapevi, Caculé, Caravelas, Brumado e Rio do Antônio. Confira a galeria:

- Lembro que as de 1968 foram de maior gravidade. Barragens se romperam, morreu gente, milhares de desabrigados, estradas e trilhos de trem destruídos, um desastre.

REGISTROS

Acerto de contas 1

Rui Costa se reuniu anteontem e ontem com os prefeitos dos municípios castigados pelas enchentes. Pediu a cada um deles relatório detalhado sobre os estragos, prometendo recuperar ou recompensar casas de todo mundo que perdeu.

Acerto de contas 2

 Rui diz que para encarar os problemas tem que estabelecer linhas de prioridades.

 - A primeira, prioridade absoluta, é devolver os que hoje estão desabrigados às suas casas, recuperando o que for possível ou construindo novas se for o caso.

Estradas interditadas que ilharam povoados também estão na linha de frente.

Em Conquista

Os ministros João Roma (Cidadania) e Marcelo Queiroga (Saúde) estiveram ontem em Vitória da Conquista falando que Bolsonaro mandou eles lá. E o governo pode ajudar a recuperar as estradas vicinais? Não, não pode. Foram mesmo marcar presença.

Férias

Aos nossos estimados leitores comunicamos que nos próximos 30 dias estaremos de férias, justas por sinal. Em fevereiro voltaremos.

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