Assistência a animais preserva saúde pública após enchente | A TARDE
Atarde > Colunistas > Papo Pet

Assistência a animais preserva saúde pública após enchente

Apoio ONGs e bombeiros cuidam de bichos em regiões afetadas pela chuva

Publicado domingo, 02 de janeiro de 2022 às 06:00 h | Autor: HIlcélia Falcão

A tragédia provocada pela chuva no Sul e Extremo Sul da Bahia, que afetou a vida de milhares de famílias da região, trouxe também um outro problema: o desamparo dos animais. Junto com as 90.670 pessoas desabrigadas ou desalojadas,  há animais domésticos – como cães e gatos –,  equinos, bovinos, aves, tamanduás e outros bichos que dependem de ONGs nacionais e locais, como o Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD) e o Planeta dos Bichos, além do Corpo de Bombeiros, para sobreviver. Juntos, voluntários e militares já asseguraram assistência a milhares de animais, muitos ilhados com os seus tutores nas áreas inundadas.

Desde que as enchentes começaram a fazer vítimas em Itamaraju, estas instituições atuam na assistência com aplicação de vacinas, realização de exames e distribuição de ração. Mesmo assim, muitos animais morreram afogados ou ficaram em situações de muito risco. “Estamos cuidando dos animais perto dos tutores, não é nossa intenção trazê-los para a cidade”, explica Cláudia Ribeiro, responsável pela ONG Planeta dos Bichos, que presta assistência aos animais nos distritos afetados pela chuva no município de Ilhéus, uma 163 cidades atingidas pelas enchentes que deixaram 25 pessoas mortas na Bahia .

Saúde pública

A intenção é preservar a saúde pública uma vez que animais desgarrados em situações como esta são vetores de proliferação de zoonoses. “Esses animais que se desgarram de seus tutores tendem a morrer de fome e a adoecer, e essas doenças são zoonoses”, explica o médico veterinário cintegrante da comissão de Saúde Pública do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV). 

Na região de atuação da Planeta dos Bichos, mais de 50 animais já foram assistidos. Além do atendimento médico, a equipe distribui ração  e encaminha para tratamentos veterinários em clinicas particulares. Toda a estrutura, que mobiliza voluntários, tem um custo que é coberto por doações. Por isto, é importante que a sociedade civil esteja atenta a oferecer ajuda a estes grupos.

Animais afetados pela inundação foram resgatados
Animais afetados pela inundação foram resgatados |  Foto: ONG Planeta dos Bichos
  

Afogados

Cavalos, porcos, animais silvestres, cachorros e gatos foram arrastados pela correnteza e morreram afogados em quase todas as cidades atingidas. Outros ficaram ilhados nas casas dos tutores. Na última quinta-feira, bombeiros militares do 8º Grupamento de Bombeiros Militar (8ºGPM/Jequié) resgataram, após quatro dias de tentativas frustradas, um cachorro que estava no telhado de um imóvel na cidade de Dário Meira. Segundo os bombeiros, ele estava bastante assustado pois subira no local para escapar da enchente. Após a retirada, o animal ficou sob os cuidados do tutor. 

Nos abrigos, há famílias que estão vivendo nos locais com seus animais  de estimação. Por conta disto, os voluntários das ONGs percorrem os espaços para fazer doação de ração e prestar assistência veterinária, por meio de consultas, aplicação de medicações e vacinas. A assistência à saúde animal evita a proliferação de doenças entre humanos, comuns em catástrofes como esta. 

Outro problema enfrentado pelas comunidades atingidas pelo temporal são os animais desgarrados, que ficam a perambular pelas ruas e podem provocar acidentes nas vias de acesso às cidades. As equipes do GRAD atuam desde o início do mês nas primeiras áreas atingidas pela chuva. Na última semana de 2021, deslocaram novas equipe para outras cidades destrúídas pelo desastre ambiental no final de semana do Natal. Com o lema “todas as vidas são importantes”, o grupo tem expertise na atuação em grandes desastres ambientais, como os incêndios no Pantanal. Graças à atuação deles, o preceito de saúde única tem sido seguido. Afinal, toda vida importa.

Publicações relacionadas