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Crise reduz doações e ONGS pedem ajuda para sobreviver

Sem apoio público, entidades padecem sem dinheiro para cuidados básicos de pets abandonados

Publicado domingo, 05 de junho de 2022 às 06:00 h | Atualizado em 05/06/2022, 09:13 | Autor: HIlcélia Falcão
Patruska precisa tirar dinheiro do próprio bolso para dar assistência aos animais
Patruska precisa tirar dinheiro do próprio bolso para dar assistência aos animais -

Ter um bichinho de estimação em casa vai além de afeto, cuidados e atenção. Adotar um cão ou gato, especialmente os mais vulneráveis, é ativismo ambiental. Afinal, desta forma, é possível contribuir para a redução da população animal nas ruas de grandes cidades como Salvador. E isto significa evitar doenças e outros impactos gerados pelo abandono dos animais. Contudo, se ter um pet em casa não está ao seu alcance, que tal buscar uma ONG para apoia r? Vale pix, sacos de ração, medicamentos, pagar uma consulta veterinária, exames e até realizar um trabalho voluntário.  

Basta uma breve visita às redes sociais de ONGs protetoras dos animais para entender o óbvio: o romantismo atribuído à militância nesta área não passa de reforço ao estigma de louco ou abnegado. “Precisamos acabar com  essa visão romântica sobre a proteção animal”, afirma a vice-presidente da Rede de Mobilização da Causa Animal (REMCA), Ludmila dos Prazeres Costa. Para ela, a visão atropocêntrica da saúde pública faz com que recaia sobre a sociedade civil a responsabilidade que deveria ser uma política governamental. Num modelo ideal, a ação pública precisa contemplar a regulamentação do funcionamento das casas de acolhimento, campanhas de incentivo à adoção, educação para proteção animal, controle populacional ético dos animais em situação de rua ou tutelados por famílias vulneráveis e apoio financeiro às ONGs. Segundo a diretora de Promoção à Saúde e Proteção Animal de Salvador (Dipa) , Michele Holanda, a prefeitura possui dois Castramóveis, que realizam a ação de castração nos bairros. Além disso, tem  contrato com duas clínicas particulares que fazem castração gratuita. A Dipa mantém convênio com a Universidade Federal da Bahia (Ufba) para a oferta de vacinas V10, inicialmente voltadas para ONGl. A ideia é oferecer o imunizante para pets de famílias vulneráveis.  Além disto, a prefeitura realiza o recolhimento de grande porte em vias públicas.

Vítimas 

Na prática, os protetores acabam vítimas da ausência de políticas públicas efetivas. Sem apoio, enfrentam dificuldades diárias para assegurar aos animais o cumprimento de direitos básicos previstos na legislação brasileira. Não é à-toa que ativistas da causa animal andam quase sempre com “o pires na mão”. Para piorar, o cenário de crise financeira do país, agravado pela pandemia, reduziu o volume de doações e tem colocado em risco o funcionamento de instituições sérias como o Abrigo São Francisco/Associação Brasileira dos Protetores dos Animais (ABPA) (@abpabahia), Celula-mãe (@celulamae), Animais Aumigos (@abrigoanimaisaumigos), Abrigo Doce Lar (@docelar10) e Instituto Patruska (@institutopatruska), entre outras. Isto porque a maior parte sobrevive de doações da população em geral, de empresas e pet shops. Empresas locais como a Mundo Pet e a Agromix apoiam a causa animal com a doação de ração e medicamentos. “Tentamos inspirar outras pessoas a doar”, afirma Elder Macedo, 41 anos, diretor da Agromix. Para cada embalagem de ração vendida no pet shop , uma refeição é doada a pets da ONG Animais Aumigos, parceira na realização de feirinhas de adoção. 

A questão é que a demanda é tão grande que os que abraçaram a causa sentem-se como se estivessem “enxugando gelo”. “O protetor sente-se órfão, impotente,  com o número crescente de abandonos e sem recursos financeiros para garantir as demandas básicas dos animais resgatados ou gerenciados em suas comunidades”, afirma Gilce Santana dos Santos, co-fundadora da Animais Aumigos. Segundo ela, não há nenhuma regulamentação para protetor de animais. O resultado é que, além de arcar com despesas altíssimas para tratamento e manutenção de animais, tem o ônus moral. ”O protetor  sofre preconceito, discriminação e muitas vezes é processado pelo próprio Estado por cuidar de animais em suas residências”, explica Gilce que tem sob sua tutela 330 animais, abrigados no sítio. As despesas mensais giram em torno de R$ 50 mil, mantidos por doações de pessoas físicas. Mas a conta nunca fecha.

Este também é o caso da ONG Doce Lar, fundada por Constança Costa. Faltam recursos financeiros para custear ração, funcionários, contas de luz, água, exames, consultas e medicações, entre outras despesas. “Não recebemos nenhuma ajuda pública; apenas doações voluntárias de seguidores que ajudam quando e como podem”, explica. O Abrigo Doce Lar possui um custo mensal de R$ 79 mil - destes apenas R$ 12 mil vem de doações. O restante do custo é coberto por meio de vendas na lojinha, rifas e o apoio de uma empresa  de hospedagem e lar temporário de animais criada por ela para assegurar a recursos para a  Doce Lar.  “Em 21 anos de existência da Doce Lar, a primeira e única ajuda pública que recebemos foi por meio de um programa municipal de fornecimento de vacinas”, afirma Constança, que possui 350 animais sob sua guarda.

Já a empresária Patruska Barreiro, 45 anos, muitas vezes tem que tirar do próprio bolso para manter vivo o Instituto que leva o seu nome. “O maior entrave é financeiro; como não existe política pública para animais em situação de rua, as protetoras tem que bancar ajudas e muitas estao esgotadas”, afirma Patruska que tem 150 gatos e 50 cães sob sua tutela. Segundo ela,  a maior de todas as falhas é justamente o controle populacional e assistência a animais errantes que hoje só não está muito pior por conta de protetores que tiram do bolso para tentar ajudar a minimizar o sofrimento. “A questão dos animais é questão de saúde pública, hoje se temos um surto de esporotricose em humanos em Salvador e Região Metropolitana é justamente por conta do descontrole populacional de animais errantes”, afirma Patruska.

Adote um Amigo

SÃO FRANCISCO DE ASSIS (ABPA-BA)

Fundada em 1949, a Associação Brasileira Protetora dos Animais – Seção Bahia (ABPA-BA), que mantém o Abrigo São Francisco de Assis, foi fundada em 1949. A instituição é mantida por doações. Na pandemia, as adoções estão sendo feitas em duas etapas: primeira entrevista online e, após aprovação, entrevista presencial. As feiras de adoção acontecem aos domingo, das 9h às 13h, na Praça Ana Lúcia Magalhães (final de linha da Pituba).

Para maiores informações entrem em contato pelo direct do @abpabahia ou pelo e-mail [email protected]. Todas as informações da Associação Brasileira Protetora dos Animais – Seção Bahia (ABPA-BA) são fornecidas exclusivamente no site https://www.abpabahia.org.br/adotar/ e nas redes sociais.

DOCE LAR - CIA-Aeroporto

Fundada em 2001 por Constança Costa, a Doce Lar tem como objetivo ser moradia digna e agradável para animais abandonados ou vítimas de maus-tratos em Salvador. Na página no Instagram (@docelar10), há animais para adoção.

Telefone: (71) 99928-2889/99955-9581

E-mail: [email protected]

ANIMAIS AUMIGOS

Maiores informações na página da instituição @abrigoanimaisaumigos e através dos contatos oficiais.

Telefone: (71) 4104-0116

E-mail: [email protected]

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