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Outubro Rosa Pet alerta para prevenção ao câncer de mama

Publicado domingo, 10 de outubro de 2021 às 06:00 h | Autor: Hilcélia Falcão
Cachorrinha Luna e seu dono Carlos Soares Foto: Rafaela Araújo / Ag. A Tarde
Cachorrinha Luna e seu dono Carlos Soares Foto: Rafaela Araújo / Ag. A Tarde -

O empresário Carlos Soares, 40 anos, aprendeu da pior forma que o câncer de mama não é uma doença exclusiva de humanos. No ano passado, ele perdeu sua poodle Raika, aos 15 anos, para a doença, que agora afeta também Luna, sua beagle de 10 anos. A diferença é que, no segundo caso,  a descoberta veio mais cedo, foi possível fazer a retirada da cadeia mamária, Luna está na metade do tratamento quimioterápico e a cura parece mais próxima.

A beagle de Carlos é assistida pelo Projeto Mama, o Núcleo de Pesquisa em Oncologia Mamária, do Hospital de Medicina Veterinária (HMV) da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Todo ano, a unidade participa do Outubro Rosa Pet, campanha realizada em nível nacional, semelhante à versão voltada à prevenção à doença entre humanos. Haverá live dia 26, às 20h, no canal Outubro Rosa Pet, no youtube .

“O projeto Mama é espetacular, do porteiro aos médicos veterinários, que tem um carinho imenso pelos nossos bichos, todos são nota 10”, afirma o empresário que não sabia que a castração é a principal forma de prevenir a doença. É necessário ainda que o tutor realize o Toque Amigo, o equivalente ao auto-exame das mamas, e evite que a cadela fique obesa. Foi por meio do procedimento que a professora Maria Anísia Rodrigues Silva, 57 anos, descobriu que a sua cocker spaniel estava com a doença.

“Observamos um carocinho, algo estranho nas mamas e levamos ao veterinário”, conta a tutora. Nina passou por duas cirurgias, fez quimioterapia e está sendo acompanhada regularmente. O que Raika, Luna e Nina têm em comum é que nenhum dos tutores seguiu a recomendação de castrar o animal depois do primeiro cio. “Não castrei porque tinha pena, medo do sofrimento dela, agora tenho consciência de que devo castrar”, admite Anísia. Outro cuidado importante é adotar uma alimentação adequada e exercícios físicos regulares para evitar obesidade.

A conscientização sobre a necessidade de prevenção  à neoplasia mamária em pets tem ajudado no combate à doença. Em 2007, 90% das fêmeas atendidas na Ufba tinham tumor maligno de mama, hoje, este índice caiu para 50%. No HMV,  cadelas e gatas têm assistência multidisciplinar para diagnóstico e tratamento da enfermidade.

Mais que isso, o trabalho feito pelo projeto serve de modelagem para o tratamento de humanas. “Um dos méritos do nosso projeto é servir como estudo comparativo do câncer de mama na mulher”, explica a coordenadora do Projeto Mama e do Outubro Rosa Pet na Bahia, Alessandra Estrela Lima.

Machos também são acometidos pela doença

Mais raro do que nas fêmeas, o câncer de mama também acontece em cães machos. Foi o que ocorreu com o SRD Magrão, que é cardiaco e foi diagnosticado com um tumor mamário. Com idade estimada de 14 anos, ele fez mastectomia, em janeiro deste ano, e já concluiu as seis sessões de quimioterapia. “Agora ele está em acompanhamento na Ufba, o atendimento lá é maravilhoso, tenho muita gratidão”, afirma a tutora, a dona de casa Solange Souto Ramos.

O caso de Magrão é raro, mas é compatível com o que acontece com os humanos - câncer mamário masculino tem incidência menor, mas existe. A similaridade entre os tumores de mama em cadelas e humanas traz uma vantagem para os dois casos. O que serve para uma irá funcionar para a outra. “Vários estudos atestam que os tumores de mama na cadela apresentam similaridades clínicas, biológicas e genéticas com os  da mulher”, explica a coordenadora do projeto, a professora Alessandra Estrela Lima.  Segundo ela, isto habilita a utilização dessas neoplasias na espécie canina como modelo comparativo ao estudo do câncer de mama na mulher. Daí a importância do atendimento multidisciplinar e do Outubro Rosa Pet na conscientização de tutores. Como a medicina humana tem mais recursos, na veterinaria, costuma-se testar protocolos da mulher na cadela. 

O atendimento multidisciplinar oferecido pelo Projeto Mama a cadelas e gatas assistidas pelo programa segue a lógica do que ocorre com humanos. A ação inclui o uso de terapias integrativas que melhoram a qualidade de vida do animal. “Temos esta possibilidade de ser um tratamento complementar, numa abordagem com ozonio e acupuntura”, explica a médica veterinária Viviane Abreu. O procedimento traz alívio a cães como Nina e Luna, do início desta reportagem, que colhem os benefícios de um serviço de excelência, de uma instituição pública de ensino.

DR PET RESPONDE

Veja como identificar se o animal  tem câncer de mama

Qual a melhor forma de prevenir o câncer de mama em animais de estimação (gatas e cadelas)?

Caso o tutor não queira que o animal reproduza, o caminho mais adequado é realizar a castração, que evita tumores e inflamações uterinas. Além disto, é importante manter uma alimentação saudável, evitando a obesidade.

Quais são as principais causas do tumor?

O tumor  é de ordem multifatorial, com causas ambientais, genéticas, hormonais e alimentares. 

Uma cadela castrada pode desenvolver a doença?

Pode, sim. Estresse e ansiedade também influenciam no desenvolvimento da doença.

Como identificar um tumor de mama?

É importante realizar o toque amigo e, caso identifique algum nódulo, levar imediatamente ao veterinário.

Como é feito o tratamento?

Mastectomia para retirar a cadeia mamária e seis sessões de quimioterapia.

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