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Gravadora Biscoito Fino lança álbum de inéditas de Aldir Blanc

Publicado sexta-feira, 08 de outubro de 2021 às 06:06 h | Autor: Eugênio Afonso
Bethânia participa com a música Palácio de Lágrimas | Foto: Jorge Bispo | Divulgação
Bethânia participa com a música Palácio de Lágrimas | Foto: Jorge Bispo | Divulgação -

Entre tantos artistas famosos, o prolífico compositor carioca Aldir Blanc foi uma das milhares de vítimas da Covid-19 ano passado no Brasil. Ele faleceu em maio e deixou um legado musical primoroso e imenso. Obras primas que já estão nos anais da história da música popular brasileira, grande parte delas nas vozes de mestres do nosso cancioneiro, como João Bosco, parceiro mais constante, e as musas Zizi Possi e Elis Regina, entre outros artistas.

Agora, mais de um ano após sua morte, e para celebrar os 75 anos do compositor e cronista nascido a 02 de setembro de 1946, 12 canções inéditas de Blanc, em coautoria com outros colaboradores, chegam ao público através do disco Aldir Blanc Inédito (Biscoito Fino), já disponível nas principais plataformas de música e, para gáudio dos colecionadores, também no formato CD – prometido para chegar às lojas no final de outubro.

Quem canta no álbum é, na sua grande maioria, a nata da MPB clássica. Artistas que sempre estiveram ligados a ele e que, mais uma vez, decidiram homenageá-lo. A saber: Maria Bethânia, Chico Buarque, o próprio João Bosco, Sueli Costa, Leila Pinheiro, Joyce Moreno, Dori Caymmi, Ana de Hollanda, Moyseis Marques, Moacyr Luz, Clarisse Grova e o também o ator Alexandre Nero, último parceiro musical de Blanc.

Para Leila Pinheiro, que gravou um disco inteiro – Catavento e Girassol, de 1996 – só com músicas da parceria Aldir/Guinga, é um privilégio fazer parte deste projeto e, de alguma forma, ajudar a manter viva a obra desse mestre da palavra.

“Ser intérprete de música brasileira é passear pela poesia genial do Aldir sempre, diversas vezes. Aprendi muito com ele sobre a importância de uma letra bem feita, bem desenhada, feita especialmente para caber dentro de uma canção. Ele era mestre neste encaixe, um gênio, um ourives da palavra. Cantá-lo é sempre um presente para os intérpretes”, endossa Pinheiro.

Bem acompanhado

Com produção musical do baixista cearense Jorge Helder, arranjos do compositor carioca Cristóvão Bastos, e capa do designer gráfico Elifas Andreato, um dos maiores ilustradores de capa de vinil dos anos dourados da MPB, o álbum traz músicas de diferentes parceiros de Aldir selecionadas por Mary Lúcia de Sá Freire, viúva do compositor e idealizadora do projeto.

Helder garante que ficou muito lisonjeado em poder participar como músico e produtor desse álbum de inéditas. “Aldir é um grande poeta, arquiteto de tantas belas canções. Ele nos deu e dará sempre muito orgulho com suas palavras em defesa de um país livre e moderno. Aldir dos ideais literários populares, que nos remetem a um eruditismo autenticamente brasileiro, como Machado de Assis, Noel Rosa, Guimarães Rosa, Tom Jobim”, enumera o baixista.

No disco, boa parte dos artistas, inclusive, optou por gravar a própria música que compôs com o autor carioca, como Joyce (Aqui, Daqui), João Bosco (Agora eu Sou Diretoria), Moyseis Marques (Baião da Muda), Moacyr Luz (Mulher Lunar), Clarisse Grova (Outro Último Desejo), Sueli Costa (Ator de Pantomima) e Alexandre Nero (Virulência). O ator global até pretendia montar um espetáculo teatral com obras do compositor de Corsário.

Completando o álbum, Chico Buarque vai de Voo Cego (Leandro Braga e Aldir Blanc), Bethânia canta Palácio de Lágrimas (Moacyr Luz e Aldir Blanc), Leila Pinheiro gravou Navio Negreiro (Guinga e Aldir Blanc), Dori Caymmi ficou com Provavelmente em Búzios (Cristóvão Bastos e Aldir Blanc) e Ana de Hollanda com Acalento (João Bosco, Moacyr Luz e Aldir Blanc).

“Foi fascinante para mim participar desse tributo. Fiquei muito feliz por Mary ter me convidado para cantar Acalento porque é uma música em que eu me encaixei. Para a MPB, Aldir é indispensável. Um grande poeta, um cronista suburbano. Tem compositores ótimos e de todos os tipos, mas com essa ironia do Aldir para fazer letras somente ele”, finaliza Hollanda.

‘Contra o mundo, contra o tempo / tenho a música e o verso / cada história que acabar / viro a folha e recomeço’. Este é o trecho final da música Provavelmente em Búzios, gravada por Dori Caymmi no disco. Mais uma poesia desse artista que foi um letrista ímpar e merece ter o restante de sua obra não só (re)conhecido, mas devidamente reverenciado pelo público.

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