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SPFW traz coleções que podem ganhar as ruas sem medo

Publicado segunda-feira, 10 de novembro de 2014 às 08:00 h | Atualizado em 10/11/2014, 08:32 | Autor: Maria Rita Alonso | Estadão Conteúdo
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De uma maneira geral, a moda desceu do salto, está mais relaxada, casual e pronta para encarar o dia a dia. A maior parte do que foi visto nas passarelas da 38ª São Paulo Fashion Week pode perfeitamente ganhar as ruas sem parecer fantasia. Em um momento em que as marcas não estão dispostas a arriscar (a ordem do dia é fazer o que se sabe, o que é comercial e o que, realmente, tem potencial de venda), tudo parece mais acessível e... normal. A chegada de Gisele Bündchen ao evento, de calça jeans e camiseta, antes de estrelar o desfile da Colcci, estava totalmente sintonizada com o tom básico da temporada. Ela sorriu, foi gentil, fez o sinal de paz e amor com as mãos, e atraiu mais uma vez todos os flashes. A passagem da estilista inglesa Stella McCartney e da diretora criativa Donatella Versace, da grife italiana Versace, trouxe também um toque de glamour internacional à festa da moda e causou um super frisson.

Stella assinou uma linha de roupas com a C&A e Donatella lançou uma coleção especial para a Riachuelo, em um desfile com ares de show, armado na última quinta-feira. "Amo as brasileiras, que são tão sexy e divertidas. A linha de roupas que fiz é uma explosão produzida pelo encontro dessa mulher com a Versace", declarou Donatella. Stella, mais discreta, elaborou peças em tons pastel, jaquetinhas curtas, calças de alfaiataria e uma bonita estampa floral. Engajada em causas sustentáveis, aproveitou todas as oportunidades que teve para afirmar que acompanhou o processo de confecção de tudo, garantindo a idoneidade dos fornecedores terceirizados. "Tentei fazer uma coleção que fosse o mais responsável possível e o fast fashion é um ramo em que temos de ter muito cuidado", disse ela. "Sei o quanto é bom usar uma calça bem cortada, com um tecido de boa qualidade, então, me certifiquei de que as roupas fossem feitas por empresas corretas."

Entre as principais marcas da semana de moda, que está prestes a completar 20 anos, ficaram claras a preocupação e o requinte no trabalho de pesquisa e desenvolvimento de tecidos, estampas e acessórios. Para a consultora de moda Regina Guerreiro, o futuro da moda está justamente na escolha da matéria-prima. "Todos os caminhos da modelagem já foram percorridos. Já fizemos roupas curtas, longas, amplas, justas, decotadas, drapeadas... Eu já vi de tudo do alto dos meus 80 anos. A inovação virá agora da tecnologia dos tecidos", diz. E também dos trabalhos manuais como o tricô, o crochê, os bordados e as rendas, alçados a elementos artísticos na moda contemporânea por diversos estilistas. A seguir, uma seleção das tendências mais fortes da temporada. Peças, modelagens, cores, padrões, tecidos... Tudo o que estará em alta nas próximas estações e os estilistas que souberam captar e traduzir melhor o espírito do tempo.

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As vikings fashion

O visual faz lembrar guerreiras vikings ou as personagens da série Game oh Thrones. A top Isabelli Fontana liderou o exército super sexy, idealizado pelo estilista Eduardo Pombal, com styling de Flavia Lafer. À frente da Tufi Duek há 12 coleções, o estilista abusa de fendas, silhuetas justas, botas com amarrações e vestidos sobre leggings. Looks impactantes para mulheres poderosas.

Chique, fácil e imortal!

A camisa branca volta com status de peça fashion ao guarda-roupa feminino. Clássica e prática, agora ganha versões alongadas, que podem fazer as vezes de vestido. A marca Animale trouxe, agora com o estilista Vitorino Campos à frente, versões interessantes com amarrações que estão em alta. Parecer chique sem esforço é o mantra da vez.

Guardiões do conforto

Como ponto de partida para a revalorização do tricô está a tendência batizada de normcore (a cerne do normal), que significa a volta da camiseta, do tênis, do jeans e, sobretudo, do conforto. Nessa onda relaxada, coleções como as da marca Osklen e de Patrícia Bonaldi brincaram com as proporções das peças, trazendo maxipulôveres e miniblusas de moletom. As texturas diferentes ficam por conta das tramas elaboradas e de fios sofisticados como os de seda. Já o moletom ganhou bordados produzidos que tiraram a sua habitual cara de pijama.

Geométricos e magnéticos

Quadriculado, elíptico, em zigue-zague, orgânico, tribal. Motivos geométricos ganham formas em capas, saias e vestidos. O estilista Alexandre Herchcovitch se inspirou no uniforme das jardineiras, trabalhou com látex e produziu capas em xadrez moderno e urbano. Desfilando pela segunda vez no evento, Giuliana Romanno trabalhou com recortes estratégicos e telas vazadas, que viraram marcas registradas de sua roupa.

Novos capítulos dos anos 1960 e 70

O jogo de comprimentos e proporções da estação é baseado em peças e modelagens típicas dos anos 1960 e 70. Os vestidos de vinil de Gloria Coelho, acompanhados de botinhas, revisitam as décadas com muita classe. O primeiro look que Gisele desfilou para a Colcci com a saia evasê remete ao visual da Jovem Guarda. Por fim, casacos e sobretudos longos e abertos, com calças de alfaiataria com a boca levemente aberta trazem um momento menos batido (e mais elegante) da década de 70 à cena.

Franjas e paetês

As franjas voltam com ares boêmios e frescor, dando jovialidade aos looks. Reinaldo Lourenço trabalhou o detalhe com precisão em looks autênticos que foram o ponto alto de sua coleção e deram um movimento extra a peças ajustadas. Enquanto isso, o paetê brilhou em itens feitos para o dia, dando um charme a coletes e casacos, como na coleção da estilista Juliana Jabour e nas saias-lápis desenhadas por Pedro Lourenço.

Couro em versão ultralight

A estilista carioca Patricia Vieira, famosa por seu trabalho com couro, apresentou uma série de vestidos acinturados, estampados com florais e desenhos geométricos, em um couro fino, leve e maleável. Lilly Sarti, famosa por sua moda folk, também brilhou no uso do couro, da camurça e da pele de carneiro.

O lado oriental

Quimonos e afins trazem à tona uma forte inspiração no japonismo. As amarrações, com faixas, cintos e blusas figuraram com força em vários desfiles, como o da marca Lolitta, Pedro Lourenço e de Vitorino Campos. Nas passarelas e nas ruas das capitais internacionais da moda, esse movimento já acontece há alguns meses e não é mais novidade. Por aqui, a silhueta ampla que dominou as últimas estações também está com os dias contados.

Colaboraram Mariana Belley, Marina Domingues e Helena Tarozzo

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