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Apesar de ameaças de intervenção, Japão enfrenta obstáculos para novas medidas

Publicado sexta-feira, 08 de abril de 2016 às 10:58 h | Atualizado em 19/11/2021, 07:27 | Autor: Estadão Conteúdo

Apesar das ameaças de intervenção para conter a queda do iene feitas pelas autoridades japonesas nos últimos dias, o governo enfrenta um grande obstáculo político para sair do campo da retórica.

Essas dificuldades ficaram evidentes em declarações dadas pelo primeiro-ministro, Shinzo Abe, no início desta semana.

"Apesar das circunstâncias, precisamos definitivamente evitar a desvalorização competitiva e a intervenção arbitrária nos mercados de câmbio", disse Abe na terça-feira. Em reação ao comentário, o dólar caiu pela primeira vez em quase um ano e meio abaixo dos 108 ienes.

Segundo um aliado do primeiro-ministro, os comentários não são descuidados, mas uma indicação de que Abe tem consciência sobre as pressões da comunidade internacional, principalmente dos Estados Unidos, de que movimentos do tipo não serão bem vistos.

Pré-candidatos à Casa Branca este ano, como Donald Trump e Hillary Clinton, tem sido crítico contumazes das políticas cambiais do Japão, elevando a pressão política sobre o governo em Tóquio.

Toda essa atenção eleva as chances de que qualquer medida de relaxamento monetária por parte do Japão foi feita para enfraquecer a moeda.

Segundo outra pessoa, o Japão também está amarrado pelo Parceria Trans Pacífica (TPP), assinada no ano passado, que prevê que seus membros não possam tomar ações para desvalorizar sua moeda.

Toda essa pressão, por outro lado, não significa que Tóquio tenha descartado completamente outra intervenção.

Os antecessores de Abe fizeram implementaram diversas medidas de intervenção sobre o mercado de câmbio entre 2010 e 2011, apesar da oposição dos EUA. Neste caso, venceu a pressão das empresas exportadoras locais.

As mesmas reclamações locais têm crescido nos últimos tempos. Alguns políticos têm elevado o tom de seu discurso, pedindo urgência para impedir a valorização do iene antes das eleições nacionais de julho. Nesta sexta-feira, o ministro das Finanças, Taro Aso, afirmou que pode tomar "as medidas necessárias" caso seja necessário.

A intervenção, no entanto, não seria efetiva caso os Estados Unidos reclamassem abertamente sobre ela, uma vez que passaria a impressão de que o Japão não seria capaz de sustentar essa política. Isto leva alguns analistas a se mostrarem céticos quanto a essa possibilidade.

"Acreditamos que a possibilidade de uma intervenção direta no iene é pequena", ao menos que haja uma forte valorização da moeda japonesa, disse Junya Tanase, estrategista-chefe de câmbio do J.P. Morgan. Fonte: Dow Jones Newswires.

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