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Economia russa busca alternativas ao petróleo

Publicado domingo, 08 de junho de 2008 às 21:43 h | Autor: AFP

SÃO PETERSBURGO - A economia russa viveu uma grande transformação nos últimos dez anos, que permitiu ao país reassumir uma posição de destaque no cenário mundial, mas deve ser capaz de reduzir sua dependência do petróleo caso deseje manter essa situação, estimou neste domingo um alto dirigente russo.

Reunidos por ocasião do 12º Fórum Econômico de São Petersburgo, os 2.300 representantes de 74 delegações, além de dirigentes políticos e empresariais, russos e estrangeiros, aplaudiram o discurso do primeiro vice-premier da Rússia, Igor Chuvalov, que fez um retrato sem concessões da economia russa.

Na véspera, o presidente russo, Dimitri Medvedev, acusou os Estados Unidos de ter provocado a atual crise financeira mundial, falando com pouca profundidade a respeito da economia de seu próprio país.

Chuvalov, por sua vez, apontou os problemas causados pela dependência russa dos hidrocarbonetos, pelo envelhecimento da população, pela tendência do Estado a se meter em todos os assuntos e até pela falta de pontualidade dos russos.

"Como nos esportes, a Rússia se preocupa demais em imitar o Ocidente", sem buscar um modelo que se ajuste aos "valores russos", afirmou Chuvalov. E isso acaba se traduzindo em modernizações "não duradouras" ou "superficiais", lamentou.

Certo é que a economia russa tem crescido a um bom ritmo (8,1% em 2007), e que deve se tornar a sexta do mundo até o fim de 2008, lembrou, mas há coisas que o governo deve fazer para melhorar.

Em particular, Chuvalov prometeu reduzir a intromissão do Estado na economia, substituindo, por exemplo, os burocratas dos conselhos administrativos das empresas estatais por "profissionais" e tornando-as mais transparentes e melhor gerenciadas.

Foram criadas ao longo dos últimos anos um grande número de companhias deste tipo em setores considerados estratégicos, como a aeronáutica, a construção naval e o armamento, mas também na nanotecnologia e na pesca, embora Putin rejeitasse a idéia de um "capitalismo de Estado", alegando se tratar de medidas provisórias.

Os empresários presentes à conferência agradeceram as palavras de Chuvalov. Um deles, Alexander Chokhin, líder dos empresários russos, disse que "a intervenção excessiva do Estado na economia é um dos problemas que preocupam o mundo dos negócios. Estamos contentes por este tema ter sido abordado".

O Fórum Econômico de São Petersburgo, realizado neste final de semana, resultou na assinatura de 17 contratos, no valor total de 14,6 bilhões de dólares, segundo a ministra russa do Desenvolvimento Econômico, Elvira Nabiullina.

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