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Itaú Unibanco reestrutura área de seguros e avalia venda da carteira de garantia

Publicado domingo, 07 de dezembro de 2014 às 10:30 h | Atualizado em 19/11/2021, 06:34 | Autor: Aline Bronzati | Estadão Conteúdo

O Itaú Unibanco dá mais um passo na reestruturação da área de seguros ao avaliar a venda do que sobrou da Garantech, marca de garantia estendida do banco. A maior parte da produção vinha da Via Varejo, cujo contrato teve rescisão antecipada em outubro último e passou para a suíça Zurich. Pela quebra do acordo, o Itaú recebeu mais de R$ 584 milhões. Além disso, ao longo deste ano, vendeu sua carteira de grandes riscos por mais de R$ 1,5 bilhão para a americana ACE.

Batizada no mercado de "bancassurance", a estratégia do Itaú em seguros tem como alvo distribuir seguros em agências bancárias, varejistas, financiamento imobiliário e cartões. Neste caminho, trilhado há quase um ano e meio após a chegada de Fernando Teles na diretoria de seguros do Itaú Unibanco, a operação de grandes riscos tinha pouca sinergia com os clientes do banco. A mesma lógica, de acordo com o executivo, foi adotada para garantia estendida. Por isso, quando a Via Varejo quis estender o contrato originado pelas Casas Bahia, o Itaú preferiu ficar de fora.

"Estamos avaliando o negócio de garantia estendida frente à nossa estratégia de bancassurance. Gastamos bastante tempo nos dedicando ao distrato com a Via Varejo fora toda a reestruturação pela qual a Garantech passou neste ano com a nova regulamentação do seguro de garantia estendida", diz Teles, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. "Ainda não batemos o martelo quanto ao futuro desta carteira", acrescenta ele.

A operação de seguro garantia estendida após o distrato com a Via Varejo reduz para um terço a carteira de R$ 1,3 bilhão, que colocava o Itaú Unibanco na liderança deste mercado. A Zurich assumiu a venda das apólices em outubro, mas o banco responde pelos contratos fechados esse ano até setembro do ano que vem, quando encerra a vigência das apólices.

Além de redimensionar a atuação em grandes riscos e garantia estendida, o banco também investiu na venda online. Para isso, fez estudos no Brasil e no exterior que resultaram no lançamento de um site para comercializar apólices, a Loja Virtual de Seguros, e uma plataforma intitulada "proteja-se" que convida os consumidores a conhecerem mais sobre o mundo do seguro.

O resultado da combinação dessas duas iniciativas foi, de acordo com o diretor do Itaú Unibanco, 30 mil itens vendidos e um crescimento de 157,2% de janeiro a setembro nos canais digitais. Antes, a quantidade de apólices comercializadas no meio online, de acordo com Teles, era muito tímida. Hoje, mais de 50% das apólices vendidas, segundo Teles, já vêm de canais eletrônicos. O objetivo do banco, porém, vai além da venda pela internet e visa disponibilizar seguros em todos os canais do Itaú para clientes e não clientes, trabalho esse que deve continuar no próximo exercício.

Na parceria que o Itaú possui com a Porto Seguro há cinco anos não estão previstas mudanças, conforme o diretor do banco. O acordo, assinado em 2009 e com validade de 30 anos prorrogáveis por mais 15 anos, transferiu para a seguradora da família Garfinkel a gestão de todo o negócio das carteiras de seguro automóvel e residência do banco. Em troca, o Itaú ficou com 30% do capital da Porto.

Há cerca de dois anos, o presidente executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, disse que a parceria entre o Itaú e a Porto ainda não havia resultado em vendas maiores de seguros na rede de agências do banco. Hoje, segundo Teles, a sinergia entre ambos já rende frutos. "Um dos grandes desafios do seguro é entender que é algo que não é óbvio para o cliente e que ainda não está inserido na cultura da população. É uma batalha conseguir mostrar a necessidade de proteção", admite o executivo.

Por ora, o Itaú está conseguindo vencer essa batalha. O foco em bancassurance e toda a reestruturação que veio a reboque dessa estratégia devem resultar em um crescimento dos prêmios superior a 30% neste ano, segundo Teles. O desempenho, conforme ele, superou as expectativas da instituição que havia traçado meta de expansão de 15% a 17% para 2014. O lucro líquido da operação de seguros acompanhou o ritmo e cresceu 50,8% no terceiro trimestre ante um ano. A participação da área no resultado do Itaú, que passou de 13% para cerca de 17% neste ano, ainda está, porém, bem abaixo do concorrente Bradesco, de 28%. Aqui, mais um desafio para Teles: fazer esse indicador crescer ainda mais, aumentando a penetração de seguros na base de clientes do banco.

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