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Nadador paralímpico lamenta falta de piscinas em Salvador

Publicado quinta-feira, 30 de agosto de 2012 às 10:18 h | Atualizado em 30/08/2012, 10:18 | Autor: Marcelo Machado*
Ronaldo Santos nadador baiano das Paralimpíadas
Ronaldo Santos nadador baiano das Paralimpíadas -

Direto de Londres - Sentado no chão entre duas piscinas, uma de 50 metros na qual treinou por quase duas horas e outra de 25 destinada a saltos ornamentais, o nadador baiano Ronaldo Santos, de 35 anos, parecia não ter pressa para se aprontar.

Apoiado em sua cadeira de rodas, tirou um tempo para contemplar a estrutura do Centro Aquático de Londres, onde estreia nesta quinta-feira, 30, na Paralimpíada.
Com uma cobertura que faz lembrar uma onda, o equipamento de arquitetura mais charmosa do Parque Olímpico tem capacidade para  17,5 mil espectadores sentados e conta ainda com uma terceira piscina, de 50 metros, destinada ao aquecimento dos nadadores.

Realidade bem distante da que Ronaldo vive em sua terra natal: "É um absurdo Salvador não ter nem uma piscina olímpica", desabafou ele, em entrevista concedida ao A TARDE na tribuna reservada aos atletas.

Salvador está sem piscina de 50 metros desde a desativação da Vila Olímpica da Fonte Nova, ainda no primeiro semestre de 2010, por conta da construção da nova arena para a Copa do Mundo de 2014, projeto que não prevê parque aquático.

Apontada como solução, a piscina da Fundac, na Bonocô, segue em processo burocrático. Segundo informações da Setre (Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado da Bahia), no dia 10 de setembro serão abertos os envelopes da nova licitação. A anterior foi cancelada, pois viu-se a necessidade de fazer reparos no projeto. O prazo inicial para a conclusão era janeiro de 2011.

"Não ter uma piscina de 50 metros para treinar é muito ruim para a nossa preparação, porque na de 25 é preciso dar muitas viradas, o que quebra nosso ritmo", explicou Ronaldo, que faz seus treinos na piscina de 25 da Aceb, no Costa Azul.

As críticas de Ronaldo encontram eco nos outros baianos que integram a equipe brasileira paralímpica de natação: a nadadora Verônica Almeida, de 37 anos, e o coordenador-técnico  Murilo Barreto. "Treinar numa piscina do tamanho que a gente compete é o ideal. Ajuda na performance, resistência e qualidade", enfatizou Verônica. "Sem infraestrutura nao dá pra fazer milagre", completou o técnico.

Azarão - Ronaldo teve poliomelite com um ano e meio de idade e andou com dificuldades até os 10. O baiano vai nadar nesta quinta os 100 metros costas e, no dia 3 de setembro, os 100m livre, mas só no dia 6 disputa sua prova preferida. "Minha expectativa está nos 400 metros livre. A meta é pelo menos ir à final", disse.

*Marcelo Machado viaja a convite do comitê paralímpico brasileiro.

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