Pai da baiana Bia Ferreira dá dicas para combate pela medalha de ouro | A TARDE
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Pai da baiana Bia Ferreira dá dicas para combate pela medalha de ouro

Publicado sábado, 07 de agosto de 2021 às 12:37 h | Atualizado em 07/08/2021, 12:43 | Autor: Aurélio Lima
Bia tem falado com os pais diretamente de Tóquio | Foto: Luis Robayo | AFP
Bia tem falado com os pais diretamente de Tóquio | Foto: Luis Robayo | AFP -

Na madrugada deste domingo, 8, a partir das 2h (no horário da Bahia), a baiana Bia Ferreira tenta entrar para a história como a primeira mulher brasileira a subir no topo do pódio do boxe numa Olimpíada. Ela vai enfrentar a irlandesa Kellie Harrington na decisão da medalha de ouro da categoria peso leve (até 60 kg).

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As duas atletas nunca se enfrentaram antes. Porém, será um duelo de campeãs mundiais, título que Bia conquistou em 2019 e Kellie em 2018. Pai e treinador da lutadora baiana, Raimundo Oliveira Ferreira, o Sergipe, tem trocado a noite pelo dia e segue rigorosamente o fuso horário de Tóquio para acompanhar a filha. “Eu durmo 21h, 22h, depois das aulas que dou na academia, mas desde que ela foi para o Japão, eu nem durmo. Vivo bêbado de sono. Preferia mil vezes entrar no ringue e lutar do que ver minha filha lutando”, contou Sergipe.

Vivendo muita emoção com o protagonismo de Bia nos ringues de Tóquio, ele diz estar orgulhoso e confessa viver com muita expectativa diante da promessa de Bia. A pugilista prometeu brigar pela medalha de ouro para dar de presente ao pai e técnico, com quem conversa a cada intervalo de lutas e treinos. “Uma medalha olímpica vai ser o melhor presente do Dia dos Pais que eu vou receber”, vibrou.

Como especialista na modalidade, Sergipe decifrou a artimanha da adversária de Bia para esta luta final: “Ela gosta de bater e correr. É a tática dela. Mas se ela correr, vai ser caçada. Se partir para o ataque, vai arranjar problema porque é o que Bia quer, e ela tem a mão dura. Só disse a Bia para tomar cuidado com essas entradas porque a irlandesa tem uma envergadura maior”.

De fato, após a luta em que se classificou para a final, a boxeadora Kellie Harrington declarou para a imprensa de seu país como minou a adversária “Ela é uma lutadora fantástica, tem uma mão esquerda muito forte, então eu estava tentando não ser atingida e ficar longe de seus golpes. Tentando provocá-la como meus treinadores disseram para fazer, e depois contra-atacar”, revelou a irlandesa.

Mãe espera ansiosa

Rosivânia Pereira Soares, mãe de Bia, vive em Salvador e só pensa na luta. Assim como Sergipe, de quem ela é separada, estava toda maquiada na sexta-feira, 6, para falar com a imprensa de várias partes do Brasil. Dormir antes das 2h, horário da luta, nem pensar, para ela e os familiares.

“Não fico nervosa, fico ansiosa, não me preocupo com o resultado, me preocupo com a saúde física, se machucou, se tem hematomas, essas coisas. Aí, quando acaba a luta, peço para ela dar um zoom no corpo. Assim que ela faz isso, logo vai para a massagem”, contou.

A agenda para a madrugada da luta está fechada com pouca gente devido à pandemia. “A família somos só eu minha filha, e um casal de amigos. Meu coração está pulsando forte. Até iríamos num espaço aqui pra ver a luta, mas desisti por conta da aglomeração”, contou Rosivânia, na expectativa da inevitável contagem regressiva para ver a filha subir no ringue novamente.

Depois de Tóquio, Beatriz Ferreira deverá vir a Salvador matar a saudade da mãe. “Ainda não sei quando, mas acredito que ela virá, sim, porque nas férias ela sempre vem, e terá uns dias de férias”, celebrou, antecipadamente.

Sede de título

Bia já é a única pugilista a garantir a medalha de prata para o Brasil e a ter a chance de brigar pelo ouro olímpico. “Eu quero a medalha dourada, vou brigar até o fim. Vamos adiante, vamos subir no pódio, ficar no lugar mais alto e ouvir o nosso hino. Vai ser difícil tirar ela de mim. Treinei o tempo todo pra isso”, avisou a campeã mundial.

Nessa questão da preparação citada por Bia, o pai e treinador faz questão de lembrar um detalhe que ele considera ter sido decisivo para o boxe de Bia em Tóquio. “Muitos atletas ficaram sem treinar para os Jogos por conta da pandemia. Bia tinha um treinador em casa, o pai, e a gente treinava dia e noite”, lembrou, dizendo que academias fecharam, mas a dele, em casa, funcionou bem.

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