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Zico critica falta de um 'camisa 10' no time titular do Brasil

Publicado sábado, 11 de junho de 2016 às 13:35 h | Atualizado em 11/06/2016, 13:55 | Autor: Almir Leite | Estadão Conteúdo
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Dois anos depois do fracasso na Copa do Mundo em casa, a seleção brasileira ainda patina para reencontrar o caminho e voltar a assustar os adversários. A análise é de Zico, para quem o trabalho de Dunga tem pontos positivos, mas ainda há muita indefinição. Ele também entende que o momento turbulento por que passa o comando da CBF atrapalha o trabalho, pois acaba expondo a comissão técnica. "Não está legal", resumiu.

Zico, que jogou na seleção por cerca de uma década nos anos 1970 e 1980, conversou com o Estadão.com durante a semana e apontou alguns problemas que vê na atualmente. A equipe que disputa a Copa América Centenário não o convence. A seleção de maneira geral não o convence.

Um dos problemas existentes, na visão de Zico, é a falta de um jogador com maior capacidade de organizar jogadas e dar ritmo ao time. Ele também faz parte do grupo que estranha o fato de o camisa 10 atual (Lucas Lima) ser reserva. "A gente tem um bom camisa 10 e se o cara é bom tem de jogar, deve ser titular. O Lucas Lima demonstrou no Campeonato Brasileiro que tem qualidade para isso."

Zico, porém, pondera que não é o número de camisa que joga e lembra que Paulo Henrique Ganso também poderia armar a seleção. Para ele, o que dificulta para um jogador exercer essa função na seleção de Dunga é a forma como o time é montado - com um cabeça de área e dois meias ou então com um segundo atacante. E o armador não fica perto do atacante. "Fica complicado. A gente não pressiona tanto. O adversário tem muita facilidade, corre pouco risco. No jogo com o Equador o Brasil só teve duas chances reais de gol", deu como exemplo.

A seleção, na opinião do ex-meia, já não consegue colocar medo nos adversários e, com isso, o respeito diminuiu. A fórmula para recolocar as coisas nos eixos é simples: jogar com coragem. "Tem de ir para cima, se impor no jogo", aconselha. Ele considera que existem bons jogadores no atual futebol brasileiro e é possível fazer time forte.

Os vacilos da seleção dentro de campo podem estar relacionados com os problemas dos dirigentes fora. A CBF é o seu presidente, Marco Polo del Nero, são alvo de CPIs na Câmara e no Senado. Del Nero, aliás, não veio aos Estados Unidos para a Copa América, não veio aos Estados Unidos porque, investigado pela Justiça americana, poderia até ser preso.

"Esses problemas extracampo acabam atrapalhando, porque, sem dirigentes por perto, a comissão técnica acaba tendo coisas para resolver que não seria problema dela", encerra Zico.

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