Museu da Gastronomia Baiana do Senac realiza 15º seminário
Peças fundamentais na manutenção de um cotidiano saudável, as frutas serão um dos principais tópicos apresentados no 15º Seminário do Museu da Gastronomia Baiana, de 17 (terça-feira) a 20 (sexta) da próxima semana. O evento segue em sua segunda edição online com o tema Frutas e frutos da terra e de além-mar nas bebidas e comidas da Bahia, mostrando os símbolos sociais e religiosos que esses alimentos assumem nas diversas cozinhas do estado.
A transmissão será pelo canal do Senac Bahia no YouTube (youtube.com/senacbahia), com programação para todos os dias, das 9h às 11h. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até as 12h do dia 16 (segunda-feira) em ba.senac.br/seminariodegastronomia#inscricao.
Desde a primeira produção, em 2006, o projeto evidencia uma visão multidisciplinar da cultura alimentar e patrimonial da Bahia com palestras, cases de sucesso, painéis de trabalhos acadêmicos e aulas-show.
“Ele já é um seminário consagrado no Brasil e também no exterior, uma prática continuada há 15 anos. É uma conquista neste campo que precisa de tanto trabalho conceitual, mais ideológico, e nós temos muitos desdobramentos com os temas escolhidos. Reunimos profissionais das áreas da nutrição, gastronomia, botânica, antropologia, turismo e história, porque é a partir de olhares distintos que devemos enxergar a comida”, explica o coordenador do seminário, Raul Lody, 69.
De importado a nativo
A cada ano, uma temática diferente é escolhida, alternando entre questões conceituais e outras mais específicas em relação aos hábitos alimentares baianos. Desta vez, o foco são as particularidades dos usos de frutas e frutos nas comidas e bebidas. Tanto as que vieram a partir do século XV, com a expansão marítima europeia, como coco, manga, tamarindo, uva e limão, quanto o licuri, umbu, maracujá, caju e mangaba, naturais do solo baiano.
Segundo dados divulgados no mês passado, pelo governo do estado, a Bahia é responsável por 30% das frutas do país. A cidade de Juazeiro é o maior polo fruticultor do Brasil e lidera a exportação de manga e uva para os mercados europeu e americano.
Produtos como óleos, azeites e doces in natura serão apresentados no seminário como atividades agrícolas e comerciais, principalmente desenvolvidas por cooperativas familiares. A Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) faz parte dos convidados para exposição, sendo especialista na fabricação de doces, compotas e geleias de manga, umbu, maracujá e goiaba.
“A gente acredita que quando fala dos produtos e dos alimentos, junto com os produtores que se constituem ali, temos mais materialidade na hora de falar. Quando as pessoas estão assistindo, elas procuram mais exemplos e menos conceitos, querem saber em que preparo eles podem entrar, serem consumidos e onde podem ser adquiridos”, esclarece o professor de nutrição e gastronomia Anderson Carvalho, que participa do circuito gastronômico na quinta-feira (19), apresentando o vinagre de umbu e o azeite de licuri.
A abertura, porém, trará um panorama mais técnico sobre o assunto. O docente de botânica do Instituto de Biologia da Ufba Lazaro Silva abre o primeiro dia do seminário.
“Meu foco principal será apresentar e dialogar cientificamente, sobre o que é um fruto e em que consistem as verduras e legumes, para que as pessoas entendam a dialógica entre o científico e o popular. Pretendo apresentar um pouco do que a colonização nos trouxe além-mar”, conta Lazaro, que ensina sobre plantas há mais de 25 anos.
Patrimônio alimentar
O seminário mantém parceiros desde as primeiras edições, como os cursos de gastronomia e nutrição da Ufba, o Slow Food Bahia, Nordeste e Brasil, dentre outros parceiros das faculdades de gastronomia de Salvador.
“É uma grande mobilização dos profissionais da área de alimentação e cultura. Sempre com novas adesões, mas com um núcleo bem situado, temos painéis de trabalhos acadêmicos com estudos de caso muito interessantes da área de gastronomia”, conta Raul, que também é especialista em antropologia da alimentação.
A lotação do auditório do Teatro Sesc-Pelourinho era outra marca do evento. No entanto, por causa da pandemia, a plateia foi deslocada para as telas.
“A experiência foi muito boa porque nós planejamos muito, foi tudo detalhado. Possibilitou a presença de pessoas do Brasil inteiro, até mesmo de Portugal. A questão digital quebra barreiras”, finaliza Raul.
*Sob supervisão do editor Eugênio Afonso