Calote da Rússia teria impacto 'limitado', diz número 2 do FMI | A TARDE
Atarde > GUERRA NA UCRÂNIA

Calote da Rússia teria impacto 'limitado', diz número 2 do FMI

EUA e aliados impuseram duras sanções financeiras sobre a Rússia em retaliação por sua invasão da Ucrânia

Publicado terça-feira, 22 de março de 2022 às 16:44 h | Atualizado em 22/03/2022, 16:57 | Autor: AFP
Gita Gopinath diz que calote russo "não representa um risco sistêmico para a economia global"
Gita Gopinath diz que calote russo "não representa um risco sistêmico para a economia global" -

As consequências para o sistema financeiro global seriam "limitadas" caso a Rússia não consiga pagar suas dívidas no exterior, afirmou nesta terça-feira, 22,uma funcionária do FMI.

Os Estados Unidos e seus aliados impuseram duras sanções financeiras sobre a Rússia em retaliação por sua invasão da Ucrânia. Contudo, até agora, Moscou tem honrado com seus compromissos, apesar das dúvidas que pairam sobre sua habilidade de continuar a fazê-lo, especialmente depois de 25 de maio, quando expira a isenção dos Estados Unidos que permite as transações.

"Se houver um 'default' [da Rússia], acho que os efeitos diretos no restante do mundo seriam bastante limitados, porque são números relativamente pequenos em uma perspectiva global" afirmou Gita Gopinath, a número dois do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Isso não representa um risco sistêmico para a economia global", apesar de alguns bancos estarem "mais expostos", disse a economista indo-americana durante um fórum virtual promovido pela revista Foreign Policy.

As sanções conseguiram efetivamente cortar os laços da Rússia com o sistema financeiro global, proibindo a maior parte das transações, com a exceção de pagamentos da dívida e das compras de petróleo.

As medidas punitivas também congelaram as reservas russas em moeda estrangeira, estimadas em US$ 300 bilhões, mantidas em bancos no exterior.

Na semana passada, Moscou conseguiu evitar o 'default' após pagar US$ 117 milhões em juros de dois títulos denominados em dólar, enviando os recursos através dos bancos JPMorgan e Citigroup, que confirmaram junto ao Departamento do Tesouro americano que as transações estavam permitidas.

Uma fonte próxima do caso contou à AFP nesta terça-feira que o JPMorgan recebeu outros US$ 66 milhões de pagamentos em dólares, mas a mesma fonte não pôde confirmar se os recursos também foram enviados ao Citi.

Inicialmente, Moscou havia indicado que pagaria os débitos em rublos, uma possibilidade que as agências de classificação afirmaram que seria efetivamente considerada um 'default'.

O último calote da dívida externa da Rússia ocorreu em 1918, quando o líder da revolução bolchevique, Vladimir Lenin, se recusou a reconhecer as obrigações do regime deposto do czar.

Já durante a crise financeira de 1998, o governo russo deixou de pagar débitos domésticos denominados em rublos.

Publicações relacionadas