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Juros em queda favorecem mercado de imóveis usados

Publicado sábado, 10 de outubro de 2020 às 06:05 h | Atualizado em 10/10/2020, 08:16 | Autor: Fábio Bittencourt
Edifício com apartamento à venda no Costa Azul | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE
Edifício com apartamento à venda no Costa Azul | Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE -

É verdade que a pandemia – em um segundo momento – impulsionou o mercado imobiliário, e os preços dos “usados” hoje já não são os mesmos de seis meses atrás, mas para quem está à procura de uma casa própria a hora de mudar é agora, dizem os especialistas.

A oferta de crédito está ampliada e as taxas de juros de financiamento são as mais baixas já verificadas – entre 7% e 8% ao ano. Há ainda a concorrência bancária. Segundo os mesmos analistas, há também oferta, mas ela já não é a mesma.

É que, de uma só vez, a queda da taxa Selic ao patamar mais baixo da história e a Covid-19 promoveram uma corrida ao setor. Gente que viu no investimento (e valores mais em conta) uma saída para a queda da rentabilidade de produtos financeiros de renda fixa; e gente buscando respirar novos ares, em um novo lar.

Contudo, imóvel em Salvador ainda está custando entre 5% e 10% menos que o “normal”, e, de olho no “movimento” e bem assessorado, é possível fazer negócio com desconto de até 20%, afirma o diretor de comunicação no Conselho Regional de Corretores de Imóveis na Bahia (Creci), sócio na Nova Soluções Imobiliárias, Noel Silva – 40 anos de experiência. Isso significa, diz ele, uma unidade de R$ 500 mil sair por R$ 400 mil.

“O mercado não está mais em uma fase de superoferta, como antes da pandemia, e os preços subiram um pouco com a procura. Com a crise, o Banco Central acelerou a redução da taxa básica de juros para 2%, derrubando a remuneração das aplicações financeiras. E, naturalmente, houve uma migração dos investidores. Ao passo que o crédito imobiliário também ficou mais barato, e quem estava fora entrou”, fala. “A renda encaixou, a prestação coube no bolso”, diz ele.

Ainda de acordo com Silva, as principais dicas para quem quer fechar um bom negócio em pouco tempo, seja comprar ou vender, são, para quem quer vender, arrumar o local, torná-lo apresentável, com uma demão de tinta, reparos elétricos e hidráulicos, desengripante nas dobradiças das portas.

Para quem vai comprar: “Se financiado, buscar logo uma assessoria na área” – imobiliária e por meio de banco ou correspondente bancário especializado.

Assessoria em crédito

Sócio na empresa de consultoria Supercrédito, Antônio Bittencourt conta que há uma grande expectativa em torno da redução das taxas de juros entre os bancos, incluindo o lançamento de novas linhas de crédito, com novas modalidades de indexação (correção), o que vem “estimulando o mercado” imobiliário.

Lembra ainda que o “Itaú já oferece taxa a 5,38%, com taxa fixa, mais variação da poupança, prazo de 420 meses”. Para quem não tem muita intimidade com essas contas, o que cada um cobra, como se dá a relação de ser ou não correntista em banco; entender o que significa “taxa de balcão”, e como escolher a instituição, esse é o papel de Bittencourt.

Corretor de imóveis há oito anos, palestrante e mentor na área, Anderson Ventin diz que os negócios em sua carteira cresceram 25% na pandemia. Ventin fala ainda que conseguiu zerar o estoque de locação três vezes no mesmo período e que 70% das vendas realizadas se deram por meio de “parceria” com outros corretores.

Parceria essa, ele explica, facilitada por meio do Homer, uma plataforma na internet que já conecta mais de 45 mil profissionais do ramo em todo o país.

“Eu uso muito, por que não? Capaz de gerar negócios em uma velocidade muito superior, através do cruzamento de informações-chave do (produto) que cada um tem, e do que cada um procura. Você não deixa de fazer um negócio porque não possui determinada tipologia no portfólio”, diz.

Ventin destaca também o atual cenário de juros do financiamento imobiliário.

“Tem instituição oferecendo já taxa na casa de 4,5% ao ano, quase a metade de antes da pandemia. Vender está extremamente facilitado, por isso o preço ajustou um pouco, já que a demanda é grande, principalmente por casas. Em Lauro de Freitas, por exemplo, não fica uma [sem vender]. O momento é favorável”, afirma.

Negócios na pandemia

“Tem a concorrência entre os bancos, as taxas estão competitivas, há incentivos. Se a pessoa possui renda, alguma reserva, como saldo no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), a hora é agora, tem a faca e o queijo na mão”, fala Ventin.

CEO do Homer, Lívia Rigueiral, 30 anos, conta que 46% dos corretores cadastrados no aplicativo fizeram novos negócios durante a pandemia e que o volume de buscas no app cresceu 25% no período. Segundo ela, uma “surpresa bastante positiva, em se tratando de um momento de crise”.

“O Homer é uma solução, e a tecnologia contribui para o empoderamento do corretor de imóveis. Hoje, já é possível realizar financiamento, envio de documentação, registro de escritura, tudo através do aplicativo. Ainda existia muita resistência entre eles quanto à parceria, mas são todos colegas, não concorrentes. E para o cliente é muito melhor ser assessorado por um só corretor, do que por vários, já que um só não terá todo tipo de imóvel em sua carteira. O que aumenta as chances de negócio”, fala.

“Claro que a pandemia mudou muita coisa, mas a forma como ela vai impactar os negócios depende muito de como o corretor vai agir diante da adversidade, do novo. Sozinho, e seguindo o modelo antigo de vendas, será muito mais difícil converter. É preciso entender que é fundamental evoluir e se atualizar sempre, para atender às novas necessidades, demandas do mercado, o novo perfil dos clientes”.

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