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Editorial - A tesoura dos ignorantes

Educação é interpretada como ameaça por governos fomentadores de obscurantismo

Publicado terça-feira, 09 de agosto de 2022 às 05:30 h | Autor: Da Redação
Os cortes rondam o desempenho do magistério oferecido a 110 mil alunos em seis estabelecimentos baianos
Os cortes rondam o desempenho do magistério oferecido a 110 mil alunos em seis estabelecimentos baianos -

A educação é interpretada como ameaça por governos fomentadores de obscurantismo, dado o potencial libertador do acesso aos saberes, estratégia de desalienação sem a qual não se promove o desenvolvimento.

 Esta seria uma hipótese possível para pretensão de entender ataques orçamentários a estruturas de ensino e aprendizagem, com reflexos recentes, devido ao corte de R$ 400 milhões nas instituições federais chamadas Ifes.

 Os cortes rondam o desempenho do magistério oferecido a 110 mil alunos matriculados em seis estabelecimentos baianos, levando à sensação de provisório estupor aos gestores acossados pela afiadíssima tesoura ministerial.

 O risco de suspender aulas produz a materialidade da nova ofensiva de quem teria o dever – e também a satisfação – de apoiar os grupos escolares de nível superior em todo o território nacional, no entanto, age contrário a esta proposta.

 Tecnicamente, há uma confusão de sinonímia entre gasto e investimento, uma vez serem antagônicos, pois a assistência estudantil não pode entrar na rubrica despesa da planilha da contabilidade, pois trata-se de semear o futuro do país.

 O pagamento de contratos de serviços terceirizados ficaria, assim, em condição de suspense, mesmo com a forçada economia de obras já paralisadas, gerando o prejuízo duplo do desgaste das construções inacabadas.

 O dinheiro de custeio é para pagar água, luz e segurança, entre outros itens representativos de contas necessárias à subsistência básica dos estabelecimentos, além das bolsas e dos editais de complementação.

 A asfixia, em metáfora da falta de ar provocada aos enfermos de Covid-19, alcança o grau imoral da indecência, quando se sabe da possibilidade de reverter as aulas presenciais em virtuais, como a última saída a partir de outubro.

 Não se sabe a qual grupo social agradaria aplaudir a sanha de cunho irracional, exceto se em acréscimo à ignorância, o culto à estupidez ganhe aspecto de política institucional como plano contraditório para o desejo de reeleição do autor.

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