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Opinião
Editorial - Alinhamento de crenças
A denúncia sobre o controle de agenda e verbas do Ministério da Educação (MEC) por parte de suposto coletivo de organizações religiosas bem relacionadas com o Planalto será mais uma a passar incólume se não ocorrer a devida e imediata investigação. O vácuo de providências pelas áreas de segurança e do Poder Judiciário poderia soar como novo incentivo a irregularidades na gestão de um setor tão relevante, do qual depende o futuro do país e de milhões de brasileiros.
Seria o ministro o mentor do inusitado “alinhamento político”, no qual participam assiduamente os colegas de congregação Gilmar Santos, presidente da Convenção de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus, e seu assessor Ariston Moura. A situação veio à tona em áudio vazado com a voz de Milton Ribeiro, afirmando ter recebido do presidente da República orientação para atender às súplicas dos autoproclamados “cristãos” ou “evangélicos”.
Para acrescentar ao descalabro, há o acinte de uma acusação de pedido de propina para o prefeito de Luis Domingues, no Maranhão, protocolar uma demanda, com orçamento em ouro, mais precisamente um quilo do metal, valendo hoje R$ 304 mil. Não se sabe como seria o repasse, com boa probabilidade do uso do sistema pix, tendo o destinatário informado os dados de conta bancária para recebimento dos recursos, condição necessária para dar andamento ao pleito.
Especialistas em direito constitucional revelaram indignação, ao considerar o benefício de amigos como uma aberração, por ferir o princípio republicano de direitos e deveres iguais para todos. Teriam os sagazes integrantes do grupo agredido também o fundamento básico da laicidade, agindo como se uma crença tivesse maior relevo em relação a outras manifestações religiosas.
Causa o proporcional espanto o fato de todo este inusitado enredo, se confirmado, ocorrer em meio às dificuldades enfrentadas por gestores de escolas e faculdades, com o objetivo de retomar as aulas presenciais, devido ao recuo dos números da pandemia.
