Editorial - O poder grisalho
Cuidar das pessoas de idade é um indicativo do desenvolvimento civilizatório de uma sociedade, tomando-se como imperativo amparar quem passa dos 60 anos, depois de dedicar-se à criação dos filhos e produção de riquezas para o país.
Hoje, Dia do Idoso, é a oportunidade de reconhecer o esforço de construir um melhor convívio, transmitindo importância de práticas virtuosas para forjar o caráter dos sucessores na luta por uma cidadania ordeira e progressista.
Trata-se de aniversário do estatuto criado pela Lei 10.741, como estratégia de reforço no sentido de certificar razões para apoiar a turma veterana, em época de ampliação da longevidade por conta de novos medicamentos e rotinas saudáveis.
Embora só seja possível escapar do envelhecimento em caso de óbito, o fenômeno biológico traz consigo, em contrapartida aos desgastes do organismo, o amadurecimento da relação com o mundo, por meio de olhar tempestivo das ocorrências externas.
A falta da educação, em lacuna ancestral desde a ocupação lusitana, tem sido provável causa de intolerância, associando-se a aposentadoria aos gastos com a suposição de seres improdutivos, no viés do “Estado de mal-estar”, submetido à lógica mercantil.
Não precisariam de leis os brasileiros de todas as faixas etárias, se aprendessem, não apenas a beijar bandeiras e entoar hinos em pleno civismo, mas também a garantir, em seus atos cotidianos, o acesso à saúde, alimentação, cultura, lazer e trabalho aos decanos.
Os crimes acontecem quando se prejudica a pessoa idosa, em atitudes de abandono, restrições a operações bancárias e meios de transporte, apropriação de bens, proventos e pensões, entre outros erros reveladores do quanto temos de percorrer para sentir orgulho de nascer no Brasil.
Cabeleiras grisalhas ou cabeças calvas, não importa a aparência, vale olhar-se no espelho, aqueles dotados de rugas, para constatar a imagem de heroínas e heróis capazes de enfrentar com firmeza os rigores da sorte, num admirável passeio pela linha do tempo.