Bolsonaro se reúne com ministros para discutir reação à prisão de Fabrício Queiroz
O presidente Jair Bolsonaro convocou o ministro da Justiça, André Mendonça, para uma reunião no Palácio do Planalto, na manhã desta quinta-feira, 18, com o objetivo de traçar uma estratégia de reação à prisão do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz. Bolsonaro disse a aliados, segundo reportagem do jornal Estado de S. Paulo, que o Poder Judiciário tem tentado construir um clima político com o objetivo de tirá-lo do cargo.
Fabrício Queiroz foi preso em Atibaia (SP) em um imóvel do advogado Frederick Wassef, que tem o presidente e seu filho Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) como clientes. De acordo com caseiros da propriedade, o ex-assessor estava havia um ano no local. Neste período, o advogado, o senador e Bolsonaro negaram saber o paradeiro de Queiroz.
Segundo relatos de interlocutores ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo, o presidente considerou que não foi uma coincidência o fato de, na mesma semana, terem sido feitas buscas e apreensões contra aliados, no âmbito do inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre atos antidemocráticos, e prendido, via decisão judicial do Rio, seu amigo e ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro.
O mandado de prisão de Queiroz foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro, a pedido do Ministério Público do estado, que coordena a operação. Ainda não houve denúncia, e a suspeita é de interferência de Queiroz nas investigações, por isso a prisão preventiva — ele não era considerado foragido.
O encontro não estava previsto na agenda. O ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência e subchefe de Assuntos Jurídicos, e assessores do gabinete também participaram da conversa.
A avaliação em Brasília é que a prisão de Queiroz em um endereço ligado ao advogado de Flávio e amigo do presidente colocou o caso da “rachadinha” dentro do Palácio do Planalto. Desde o início das investigações do suposto esquema na Assembleia Legislativa do Rio, o governo trabalhou para blindar o mandato de Bolsonaro.
Embora a agenda oficial só registre três encontros do presidente com Wassef, o advogado, que se apresenta como consultor jurídico da família, é presença constante no gabinete de Bolsonaro e na residência oficial.