Roma aposta em Bolsonaro e em indecisos para reverter votos
Candidato do PL conversou com o A TARDE e falou sobre propostas e últimos passos na campanha ao governo
Daqui a cinco dias, os eleitores baianos vão às urnas
decidir quem será o novo governador da Bahia a partir de 2023. Ao todo, seis
candidatos estão na disputa para o substituto da vaga ocupada por Rui Costa
desde 2015, quando assumiu o Palácio de Ondina no seu primeiro mandato.
De olho nas propostas dos postulantes a chefe do Executivo
baiano, o A TARDE buscou os candidatos para perguntar a respeito de seus
projetos para o desenvolvimento da Bahia e para saber como pretendem enfrentar
os desafios a serem superados para que a vida das baianas e baianos melhorem
nos próximos quatro anos.
O primeiro a conversar com a reportagem foi o candidato do
PL, João Roma. Ele, que na eleição de 2018 foi eleito deputado federal e,
durante o mandato, foi convocado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para
assumir o Ministério da Cidadania durante grande parte do ano de 2021, quando a
gestão presidencial implementou o Auxílio Brasil.
Abaixo, seguem as respostas do candidato às questões sobre
economia, infraestrutura, educação, saúde, segurança, cultura e o processo
eleitoral.
A TARDE - Atualmente, o agronegócio é o motor da economia do
país e da Bahia em especial. O que o senhor pretende fazer para fortalecer esse
setor no estado?
João Roma - Hoje, o estado da Bahia é um dos estados que mais
cobra impostos e, para piorar, você tem regras muito complexas que dificultam a
atividade rural. Nós vemos hoje um governo que atua de forma totalmente difusa que
nada mais é do que um grande jogo de empurra. E muitas vezes, para você avançar
na atividade rural, é fundamental que você tenha uma política integral, que visa
proporcionar o acesso a todos os meios adequados pra sua produtividade, que às
vezes pode ser uma estrada, um fornecimento de energia, acesso à tecnologia que
hoje tem disponível, mas não chega na ponta porque falta extensão rural. Há
muitas vezes um imbróglio burocrático, porque o viés ambiental no estado anda
dissociado com o setor produtivo, o que é um uma grande falha ao meu ver. Nós
temos que buscar sinergia entre ações que são impulsionadoras do nosso
desenvolvimento humano. Às vezes também é uma questão de segurança pública,
porque a pessoa não vai estar lá tentando produzir com a criminalidade que já
superou limites do tolerável na Bahia. Nós visamos uma política integral para
que a gente possa fomentar não apenas o agronegócio, tido pelos grandes
investidores, mas também para o pequeno produtor. No Auxílio Brasil nós criamos
o programa de inclusão produtiva rural para viabilizar que moradores rurais
pudessem ser produtores rurais.
A TARDE – Uma as suas propostas é a criação de uma
Secretaria do Semiárido. O Senhor tem planos específicos para combater os
efeitos da seca na Bahia?
João Roma - Muitos observam o semiárido como um problema. Para
mim o semiárido não é um problema, é uma solução para a Bahia. Nós estamos falando
não só de um semiárido que é um dos mais populosos do planeta como também um
dos que tem maior índice biométrico. A questão é que nossas chuvas não são
devidamente espaçadas, mas nós temos tecnologia para lidar com tudo isso. A Secretaria
do Semiárido visa justamente interligar essas políticas públicas para que nós
possamos ter o desenvolvimento e as práticas adequadas que manuseiam as
atividades econômicas no semiárido, que vão desde o sisal até a agropecuária.
Você tem hoje a autorização do projeto do Executivo do canal do sertão baiano
que vai interferir em toda a bacia do rio Itapicuru e do Rio Jacuípe. Tem
também o estudo da interligação das bacias do Vaza Barris passando por Canudos,
ou seja, um resgate de toda essa origem que deu visibilidade ao flagelo da
seca. Temos, portanto, acesso à tecnologia para isso e nós vamos fazer esse link,
podendo possibilitar o desenvolvimento da região.
A TARDE – O senhor propõe a criação de uma transferência de
renda local, o Auxílio Bahia, uma de suas principais propostas de campanha.
Como esse programa funcionaria? É possível fazer um programa desse com o
orçamento do estado? De onde viriam os recursos?
João Roma - Se é possível esse programa? Sem dúvida nenhuma.
Hoje o estado da Bahia é o que tem a maior quantidade de pessoas na faixa da
pobreza. Esse dado por si só já demonstra a ineficácia da política social do
governo do PT e comprova que ela não conseguiu melhorar a vida do povo
baiano. E o que é que nós queremos fazer? É criar um programa estadual de
transferência de renda nos moldes como funciona o Auxílio Brasil. O Auxílio
Bahia, portanto, seria ainda um complemento de recursos com condicionantes
levantadas aqui no governo do Estado para a melhoria de vida dessas pessoas.
para nós. O que nós queremos é que cada filho de Deus possa melhorar de vida na
Bahia. E os recursos para esse programa são facilmente encontrados no orçamento
do governo. Tanto nos acervos de recursos da área de propaganda e publicidade, onde
se gasta mais de um bilhão de reais, como também no remanejamento de vários
programas sociais que têm sido ineficazes. A exemplo do galinheiro mais caro do
mundo que se vê se construindo na Bahia e que não tem transformado a realidade
das pessoas. Então, temos muitas ações a fazer. Nós vamos chegar no governo do
estado para baixar os impostos. Por mais curioso que seja, o presidente
Bolsonaro zerou o imposto diesel, baixou os impostos de mais de quatro mil itens
dos impostos de produto industrializado e mesmo assim conseguiu ampliar a
arrecadação do governo federal. Isso prova que, quando o Estado tira o peso do
pescoço do cidadão, a economia flui muito mais. Como consequência, o próprio Estado
passa a colher benefícios de uma política fiscal que privilegie o cidadão e não
a visão arcaica que se tem ainda hoje na Bahia, onde entra grupo e sai grupo,
sempre aumenta os impostos para se distribuir migalhas durante o período da
eleição. Não queremos migalhas, queremos que a Bahia seja atrativa para que nós
possamos trazer investimentos e, com isso, gerar oportunidade de emprego e renda
para o nosso povo.
A TARDE – Mas a implementação do Auxílio Bahia não se
chocaria com a sua intenção de diminuir os impostos?
João Roma - De forma alguma. O que nós vamos é focar
justamente na aplicação adequada dos recursos. O que hoje se vê são recursos
extremamente abundantes, como na área da Educação, e mesmo assim esses recursos
não têm sido aplicados de forma eficaz. Em 16 anos o governo do PT acha que é parede de prédio de escola que dá aula e transmite conhecimento... E
isso não tem repercutido na qualidade de ensino da Bahia, uma vez que hoje mais
de um milhão e meio de baianos acima de 15 anos não consegue sequer ler ou
escrever um simples bilhete ou fazer uma operação matemática. Então, é
fundamental que nós possamos buscar uma verdadeira eficácia e eficiência da
aplicação desses recursos. Não de forma aleatória, não recursos que não atinjam
a sua finalidade, mas sim que o recurso chegue na ponta. A melhor forma desses
recursos surtirem o verdadeiro impacto é colocando eles na mão do
cidadão necessitado, pois cada um que sabe como aplicar melhor esses recursos para melhorar a qualidade de vida da sua
família.
A TARDE - Recentemente, a Ford encerrou a produção no Brasil
e fechou sua fábrica em Camaçari, o que ocasionou a demissão de cerca de 4 mil
trabalhadores só na Bahia. Como evitar o processo de desindustrialização do
estado e atrair novos investimentos?
João Roma - Seguindo nesta mesma pisada, baixando os
impostos como matriz principal. Para além disso, cabe um outro diagnóstico. O
governador Rui Costa conseguiu, com muita criatividade, criar uma taxa. Você
observa que durante todo o período da pandemia muitos estados baixaram os
impostos. O Rui Costa não aliviou nem um milímetro da cobrança dos impostos. E
quando Bolsonaro zerou impostos para os estados, Rui Costa entrou com uma ação
na Justiça para evitar que baixasse o imposto do combustível. Dizendo inclusive
que isso só iria afetar cerca de quinze centavos no preço do combustível. A
realidade de hoje é outra. Graças a Deus, a tese de Bolsonaro prevaleceu. Rui
Costa foi obrigado baixar o imposto do combustível e quem vai na bomba hoje vê
que não há posto que não tenha dado uma diminuição de pelo menos três reais no
preço da gasolina. Mas, para além disso, Rui Costa foi obrigado a baixar os
impostos do combustível. Só que ele deu com uma mão e tirou com a outra. Porque
aumentou os impostos na área da indústria e aumentou também na área do turismo.
Um dos principais empregadores do nosso estado. Como nós vamos conseguir
avançar nos nossos vetores de desenvolvimento com tamanha cobrança de impostos.
O que é que se percebe hoje? A Bahia ficando para trás em referência a outros
estados do Brasil. Há pouco mais de um século só perdia para o Rio de Janeiro.
Hoje perdemos para o Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do
Sul, Paraná e Santa Catarina, que tem menos da metade da nossa população e um
território bem menor do que o da Bahia.Para além disso, outro dia eu comemorei a redução de mais de
10% do preço de querosene da aviação. E eu disse “excelente notícia para o
transporte aéreo”. “Excelente notícia para o turismo”. Pena que o governo do
estado perdeu os investimentos da Azul e da TAM, respectivamente, para
Pernambuco e Ceará. Então, por essa intransigência na questão da desoneração
fiscal, a Bahia tem perdido a atratividade perante outros estados, tanto pelo
peso dos impostos, quanto pela complexidade da maneira como isso é cobrado.
A TARDE – O senhor tem falado de forma crítica a respeito
dos índices de Educação e da Saúde na Bahia. O que pretende fazer para reverter
esse quadro?
João Roma - Na Educação nós queremos levar a escola em tempo
integral para todos os municípios da Bahia. Pois é comprovado com a sua
eficácia justamente na qualidade de ensino, transformando a vida dos nossos
alunos. Vamos utilizar muita tecnologia, em especial com tablet 5 G. Em breve, todas
as escolas do Brasil terão a possibilidade de ter internet de alta velocidade e
nós temos que aproveitar justamente esse momento dessa mudança de paradigma no
Nordeste brasileiro para que isso seja realmente um grande momento de
oportunidade de superação para todos esses nossos indicadores. Vamos também
fortalecer o ensino através de nossas tradições e cultura e apoiar o surgimento
das escolas cívico-militares que, como opção para algumas famílias, tem sido um
sucesso em todo o Brasil e o governo do Estado, por quesitos ideológicos, não
tem estimulado o surgimento dessa modalidade de ensino aqui na Bahia. Na área
da Saúde o que se percebe é que a questão vai muito além da regulação da morte.
Hoje falta médico. O Estado acha que é parede de unidade hospitalar que dá
saúde à população, quando na verdade nós precisamos fortalecer os profissionais
da área de saúde. O médico hoje muitas vezes passa quatro meses sem receber
salário. E termina as vezes até levando birro quando mudam a gestora de unidade
hospitalar. Muitos médicos gostariam de ir para desenvolver suas atividades profissionais
no interior, mas não tem respaldo do governo e isso faz com que toda saúde
fique muito concentrada em Salvador. Um cidadão de um dos 417 municípios da
Bahia que precisa fazer uma consulta tem que vir a Salvador. Isso é transtorno e é
despesa para a família. Então, o estado submete hoje o cidadão a verdadeira
humilhação para coisas que estão no seu direito, que é a saúde básica. E qual é
o relatório que você vê hoje? Quando se faz cirurgia, ele faz em mutirão para
tornar uma ação de saúde pública num espetáculo político. Uma vez que essas
cirurgias de mutirão muitas vezes são três vezes mais caras do que a mesma
cirurgia dentro do SUS. Nossas propostas estão em três pilares fundamentais.
Criação do programa “Médico no Posto”, para viabilizar justamente a prática do
médico no interior para que não falte atendimento para ninguém. A
descentralização dos serviços nas regiões do estado da Bahia, onde nós teremos
unidades com possibilidade de internamento e de exames de maior complexidade.
Pois hoje, mais de 200 municípios da Bahia sequer tem um raio X. Significa
que se a pessoa tropeçar e quebrar um braço, tem que ser removida porque não
tem como fazer um raio X. Uma ortopedia simples. Então nós precisamos avançar
com isso. E o programa “Exame na Mão”, que vai viabilizar que cada cidadão consiga
linkar o atendimento na consulta com a possibilidade de realização de exames
para o mais curto tempo possível e poderem ter acesso ao seu tratamento
deixando, inclusive, de estar sofrendo e exonerando mais o poder público.
A TARDE - Um dos maiores atrativos que a Bahia tem para o
turismo é sua história e a cultura, sobretudo a afro-brasileira. São pontos que
o Sr. pretende focar para incentivar o fluxo turístico no estado?
João Roma – A Bahia tem uma cultura riquíssima. Tem uma
riqueza histórica. Todos que me conhecem sabem do gosto que eu tenho, tanto
pela cultura, como pela história. Já trabalhei no Ministério da Cultura e isso
será, sem dúvida, uma das principais ferramentas que nós podemos utilizar tanto
para o encaminhamento da nossa juventude. Para que elas possam, além de
encaminhamento profissional, que é ocupação de se desenvolver fortalecendo
nossas tradições e culturas, como também fazendo disso um incremento na nossa
indústria de turismo e de eventos no estado da Bahia. Você tem não só ritos e
manifestações culturais, como as festas religiosas, por exemplo, como também
uma riqueza natural gigantesca no estado da Bahia. Nós temos um território
maior do que a França, nós temos um estado que tem muitas cavernas com pinturas
rupestres, que tem é formações muito bonitas. E você vê que isso não é bem
explorado como fomento para essas atividades do estado da Bahia como também
simplesmente é deixado de lado. O estado vira as costas para essas
potencialidades que nós temos. E é fundamental que a gente busque sim avançar
nisso.
A TARDE - Qual a importância da Ferrovia de Integração
Oeste-Leste para Bahia. Como o Senhor pretende tratar esse investimento?
João Roma - Finalmente chegou um presidente que priorizasse o estado da Bahia com o que, durante todo o período que o PT esteve do governo federal, nenhum quilômetro de BR duplicado foi entregue no estado da Bahia. E hoje a discussão para o futuro da infraestrutura do estado da Bahia passa pela construção de uma ponte. O que a meu ver é muito pouco para o futuro de um estado grandioso como o estado da Bahia. Que precisa sim de investimento de infraestrutura de grande porte. A ferrovia Oeste-Leste é um desses exemplos que está fazendo a Bahia, literalmente, entrar nos trilhos. Ela vai ser um grande vetor de desenvolvimento e atração de novas fronteiras, não só para o agronegócio como também para a mineração. a ferrovia vai linkar também com a norte-sul. Estamos buscando um ramal da ferrovia Oeste-Leste na proximidade de Jequié para puxar um ramal da ferrovia até o porto de Salvador, passando por uma ponte no Rio Paraguaçu, próximo ao estaleiro Enseada. Com isso, nós daremos acesso ferroviário de maneira muito viável ao estado ao porto de Aratu e ao porto de Salvador. Junto com isso, envolve-se aí um complexo viário chamado “Expresso Recôncavo”, que sai de Simão Filho, passa por Candeias, São Francisco do Conde, Santo Amaro, Saubara, Maragogipe, São Felipe, Cruz das Almas, Muritiba, Cabaceira do Paraguaçu, uma nova ponte na Barragem da Pedra do Cavalo, Santo Estevão e Serra Preta, na Estrada do Feijão. Isso fará fluir melhor todo o fluxo logístico para a produção da região de Irecê, por exemplo. Então, com esse investimento estruturais, nós daremos uma nova perspectiva, fazendo com que a Bahia possa ser atrativa para novos investimentos, inclusive trazendo novas empresas, porque, com isso, você cria um fluxo logístico adequado.
A TARDE – O senhor tangenciou um pouco o assunto da
construção da Ponte Salvador-Itaparica. O senhor pretende manter o acordo com
os chineses se eleito?
João Roma - Sim, pretendo. Eu acho que o principal caminho
para atrair novos investimentos para o estado da Bahia é dar uma finalização
muito clara sobre os contratos. Nós precisamos manifestar claramente com o
nosso empenho pelo respeito aos contratos, então sobre essa ponte, eu analisei
o projeto e eu acho que ela é viável sim e é necessário que seja feita. O que
eu não gosto é de um projeto que passa mais de dez anos gastando recursos com
consultoria e até então ainda não se bateu uma estaca. Sendo governador, eu
quero iniciar a construção dessa ponte já no primeiro ano de governo. Mas
repito, não é exclusivamente a ponte. Nós precisamos criar um sistema viário. Com
esses novos ramais rodoviários e ferroviários, pois também terá o ramal da
ferrovia oeste-leste, o que dará sentido de viabilidade econômica, fazendo uma
excelente equação e possibilitando abraçar todo o nosso Recôncavo, com
possibilidade de desenvolvimento e de emprego para nossa população.
A TARDE – E a respeito da Segurança Pública, candidato. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados este ano apontam que
das 30 cidades com mais mortes violentas no país, cinco estão na Bahia. O que
senhor pretende fazer para melhorar os índices de segurança pública no estado?
João Roma – A violência já passou dos limites do intolerável
no estado da Bahia. O que nós precisamos fazer é agir de forma contundente e
mudar a postura do Governo do Estado perante a Segurança Pública. Hoje o
policial que está na rua não tem o menor respaldo para agir. O policial militar
passa 14 anos como soldado e não tem direito a uma promoção. Polícia Civil
totalmente desmotivada, não consegue ter os direitos da sua categoria
garantidos pelo Estado. Polícia Penal não consegue nem ter o direito de ser
chamado de policial penal, passando até pela quantidade de presidiários que
cada policial penal precisa cuidar. Muitos policiais hoje têm que sair de suas
casas pra morar de aluguel pois o crime organizado chegou na comunidade. O
crime na Bahia não é um crime esporádico, é um crime organizado e, em contraparte,
você tem um secretário de segurança que faz apologia ao uso de drogas e o
governador que diz que o tráfico de drogas emprega muitos jovens. O nome disso
não é emprego, o nome disso é descaminho para nossa juventude e o sofrimento de
pai e mãe de família. Queremos mudar essa realidade, pois não é tolerável viver
numa Bahia do século XXI com o surgimento do novo cangaço explodindo agências
bancárias. O que nós queremos fazer? Concursos permanentes com frequência em
vez de grandes concursos de caju e caju onde as pessoas passam ficam penduradas
sem ser chamadas. Queremos com frequência não só pra repor as vagas, mas também
pra ampliar a quantidade de policiamento porque precisamos avançar no
policiamento nas ruas com a patrulha dos bairros e com as rondas rurais, pois o
crime chegou na zona rural também, que antes era chamado de paz e tranquilidade
e hoje as pessoas querem colocar grade nas portas e janelas. Vamos atuar com
muita tecnologia, interligando as nossas polícias e criando também um programa
habitacional para os nossos policiais e dando respaldo para que a polícia possa
agir protegendo a sociedade, pois nós queremos que o cidadão ande de cabeça
erguida e que o bandido vá embora da Bahia.
A TARDE – A respeito do uso de tecnologia na Segurança
Pública, o senhor, assim como o candidato do União Brasil, ACM Neto, se
posicionou contra o uso de câmeras nos uniformes dos policiais militares. Em
São Paulo, o monitoramento dos agentes teve como resultado a diminuição de 80%
da letalidade policial. Por que o senhor é contra essa medida?
João Roma - A primeira letalidade que eu quero segurar é a
letalidade em cima dos nossos policiais, pois muitos estão perdendo a vida
tentando proteger a população. São tantos protocolos na ação dos policiais aqui
na Bahia, que muitos ficam inibidos de agir respondendo processo administrativo-disciplinar.
E o que que se percebe? Que a câmara é mais um inibidor da ação da polícia. E
no momento no qual a polícia precisa ter pronta resposta, o policial que está
colocando a sua isso para proteger a nossa sociedade, não pode titubear. Então
é justamente para proteger aquele que está na rua, se expondo pela nossa
sociedade que eu não sou favorável a essa medida. Eu quero sim utilizar a tecnologia
para proteger toda a sociedade.
A TARDE - Como o senhor vê a política de flexibilização de
armas do governo do presidente Jair Bolsonaro. O Sr. acredita que esse é o
caminho para reduzir os índices de violência no país e no estado?
João Roma – Para mim o nome não é “flexibilização do uso de
armas”. Para mim, o nome disso é “assegurar ao cidadão o direito de legítima
defesa”. E vou além, o Estado tem o monopólio do uso da força, então o que eu
quero não é um estado com justiceiros. Eu quero a presença do poder público para
defender o cidadão. Coisa que não tem ocorrido na Bahia. Vide o exemplo lá de
Itamaraju, onde mais uma vez está tendo conflitos de terra e o estado
simplesmente fica ausente, sugerindo as pessoas que lá estão a fazer justiças
com as próprias mãos. Tanto os que estão desenvolvendo suas atividades
produtivas, como aqueles que estão reclamando por uma área. Então, é
fundamental a presença do Estado, que tem, e repito, o monopólio do uso da
força. A nossa equação para melhorar a Segurança Pública do estado da Bahia não
é com o cidadão utilizando armas. Mas é com o poder público e as nossas forças
policiais capacitadas e operando. Agora eu sou a favor que o cidadão sim tem o
direito de ter uma arma porque, em muitos locais hoje, a pessoa fica
completamente desguarnecida. E a verdade é que não dá para ficar aguardando que
alguém venha lhe socorrer. É instintivo do cidadão. Por exemplo, uma mãe que
está lá acuada com gente tentando arrombar sua porta, querendo proteger sua
família, ela precisa ter esse direito. Agora, a ação policial, a equação para
resolver a segurança pública se dá justamente pelo fortalecimento e pela
presença das instituições policiais defendendo o cidadão baiano.
A TARDE - Falando agora um pouco do processo eleitoral, segundo
as últimas pesquisas de intenção de voto, o senhor segue na terceira colocação
das intenções de voto. O que o senhor pretende fazer para reverter essa
tendência faltando poucos dias para o dia das eleições?
João Roma - É neste momento [da eleição] que as pessoas vão
despertando para a reta final e começam a perceber as outras searas que
envolvem uma eleição como essa. Muitos já têm estabelecido candidatos a
presidente da República e poucos estão ainda definidos em relação aos outros
candidatos. Eu estou nessa caminhada ao lado do presidente Bolsonaro. Pois é
fundamental que a Bahia esteja de mãos dadas com o Brasil. E eu acho que muitos
dos baianos neste ano vão dar um grito em liberdade no estado da Bahia. Porque
não vai ser nem conversa bonita nem está tendo as costas que vai levar o povo
baiano na conversa. É nesse momento que as pessoas começam a despertar para o
processo eleitoral e é aí onde você começa a ver os fenômenos eleitorais
acontecendo. Um exemplo é em 2018, no nosso estado vizinho aqui de Minas Gerais,
que apontava Anastasia com 32%, Pimentel 21% e o Romeu Zema, sem estrutura
nenhuma, com 15%. E o final dessa história é que Romeu Zema virou governador de
Minas Gerais. E nós estamos conversando com a população, uma população que tem
percebido que, diferente da narrativa que o PT ajudava o mais necessitado, tem
sido justamente Bolsonaro que fez chegar ao maior benefício do cidadão
necessitado no estado da Bahia.
A TARDE - Os índices de intenção de voto no estado do
presidente Bolsonaro estão acima de 20%, segundo diferentes pesquisas, maior
que os percentuais apresentados pela sua candidatura. Como o senhor avalia essa
discrepância?
João Roma - Olha, eu acho que tem melhorado muito a
aceitação do presidente Bolsonaro a partir do momento que as pessoas vão
despertando para as eleições. Eu tenho andado nas feiras, tenho estado em
locais onde está o nosso povo sofrido e as pessoas têm me recebido com muito
carinho agradecendo inclusive por uma ação que tem sido eficaz e finalmente estão
vendo o governo fazer alguma coisa por um presidente. Hoje você tem a
comemoração do recorde de empregos no Brasil, de uma das gasolinas mais baixas
do mundo, quando no passado as pessoas atravessavam a Ponte da Amizade para
abastecer o veículo e hoje é justamente o contrário. É um governo que tem
resgatado a autoestima do povo brasileiro e nunca foi tão fácil escolher. Então,
eu estou muito confiante que o povo baiano vai ter total discernimento em saber
se neste 2022 nós vamos caminhar tendo orgulho do nosso Brasil ao lado do
presidente Bolsonaro ou voltar para um passado que envergonhou e decepcionou
milhões de brasileiros e baianos.
A TARDE - Falando em pesquisas de intenção de voto, que
peso o senhor acredita que a eleição presidencial terá no estado? E até que
ponto o fato de um candidato não declarar seu apoio a um presidenciável, como
faz ACM Neto, pode pesar no pleito estadual?
João Roma - Como em todo o processo eleitoral, o principal
item de escolha é justamente candidato a presidente da República. Estranho é
justamente candidato que não sabe se é carne ou se é peixe e busca dissimular
suas posições durante o processo eleitoral inclusive tentando confundir o
eleitor. Um candidato que diz que só se preocupa com o Bahia e sequer consegue
dar uma opinião sobre o que pensa para o futuro do Brasil. Um candidato que
claramente é movido pelo seu egoísmo e pelo seu projeto pessoal de poder. Então,
isso é que não está adequado no processo eleitoral onde as pessoas estão
participando de eleições gerais que vai decidir o futuro da Bahia e do Brasil e
óbvio a Bahia não está desconectada do Brasil.
A TARDE – E sobre as marcas dos seu governo, candidato? Se
for eleito, o que pretende fazer já de início, nos primeiros meses?
João Roma - Posso lhe
dizer o que farei no primeiro dia. Vou começar zerando o imposto de gás de
cozinha, baixando o imposto do óleo diesel para diminuir o preço da passagem para
a população. Nós precisamos de desonera o setor produtivo e mexer, inclusive,
nessa carga tributária dentro da nossa cesta básica onde você tem isenção pra
lagosta e camarão e não tem essa isenção para farinha, arroz e feijão. E é
nessa pisada que, a cada dia, nós vamos construir uma Bahia transformada, uma
Bahia que trate o cidadão como sua excelência, não humilhando um cidadão como é
hoje. E com a classe política, eu vou tratar como sempre tratei com
cordialidade, com verdade e transparência e eu tenho certeza que os
representantes eleitos pelos baianos saberão discernir e estar numa caminhada para
que a gente possa sim ter orgulho da Bahia e não ficar para trás como a Bahia
tem ficado perante os outros estados, sem dar perspectiva e exportando talentos.
Nós queremos dar perspectiva para que as pessoas possam melhorar de vida aqui
na Bahia.