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‘Não temos a ilusão que o PCO vai ser eleito’, diz Rodrigo Pereira

Publicado terça-feira, 06 de outubro de 2020 às 06:06 h | Autor: Rodrigo Tardio
Rodrigo Pereira, candidato do PCO, diz não ter ilusões sobre a eleição em Salvador
Rodrigo Pereira, candidato do PCO, diz não ter ilusões sobre a eleição em Salvador -

Candidato do Partido da Causa Operária (PCO), Rodrigo Pereira não poupou ninguém na entrevista que concedeu ao jornal A TARDE, a última da série com os prefeituráveis de Salvador. Segundo ele, a candidatura do PCO nas eleições para prefeitura “tem como objetivo denunciar o golpe contra os trabalhadores”. Ele admite não ter ilusões sobre a eleição e atacou duramente o presidente Jair Bolsonaro e o prefeito ACM Neto (DEM), responsáveis, em sua visão, por um “política genocida”.

Por que o Sr. quer ser prefeito de Salvador?

Em primeiro lugar estamos nas eleições para denunciar que não há nada de democrático e há um impedimento para que candidatos que não estejam ligados aos patrões participem e sejam eleitos. A legislação eleitoral é uma enorme burocracia para impedir que partidos ligados aos trabalhadores e que não recebam dinheiro da burguesa sejam impedidos de participar. Não temos a ilusão que o PCO vai ser eleito. A candidatura do PCO nas eleições para prefeitura de Salvador tem como objetivo denunciar o golpe contra os trabalhadores, vide em 2016 , o que derrubou Dilma Roussef. Isso vem trazendo uma série de consequências negativas ao povo, como ataques aos direitos dos trabalhadores, privatizações etc. A situação da pandemia tornou mais clara a política genocida dos fascistas, entre eles Bolsonaro e o principal aliado na Bahia, ACM Neto.

Quais vão ser as prioridades da gestão caso o Sr. seja eleito?

O PCO, diferente dos demais partidos, não nutre esperança alguma nas eleições como ferramenta de melhora na vida dos trabalhadores. Nossa luta é por todas as reivindicações da classe trabalhadora, como acesso à saúde pública de qualidade, acesso à educação pública de qualidade, emprego (com redução da jornada de trabalho para 35 horas, sem redução de salários), defesa dos serviços públicos e fim do parasitismo de empresários e outros capitalistas sobre a estrutura pública, como ocorre no transporte público e no sistema de coleta de lixo.

O Sr. vai administrar uma cidade, se eleito, em plena retomada das atividades devido a pandemia do coronavírus. O que o Sr. pretende fazer para que a prefeitura contribua com a retomada econômica e preservar a saúde da população?

O programa do PCO, para frear o genocídio promovido por Bolsonaro e ACM Neto é: aumento imediato das verbas para a saúde, testes para toda a população; aumento do número de instalações e equipamentos; contratação imediata de todo o pessoal da saúde, que é necessário para enfrentar a crise; aumento do número de leitos nos hospitais públicos, distribuição gratuita da máscaras, luvas, álcool e remédios. Para a retomada da economia, é necessário derrubar os fascistas e a direita. Redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários; formação de turnos com pessoal reduzido; jornada máxima de 35 horas semanais, trabalhar menos para que todos trabalhem. Proibição das demissões, cancelamento de todas as realizadas durante a pandemia; ocupar as fábricas e empresas contra as demissões; revogar toda a legislação contra os direitos trabalhistas aprovada nos governos Temer e Bolsonaro; garantia de vencimentos integrais para todos os trabalhadores afastados durante a pandemia para tratamento de saúde, bem como por suspensão de atividades etc.

Com Bolsonaro no governo, está mais do que provado que não é possível melhorar a economia e garantir emprego e renda para o trabalhador. Por isso, o PCO, nestas eleições, busca não apenas a derrubada de Bolsonaro, mas a formação de uma unidade com os trabalhadores em torno da candidatura do presidente Lula.

Como o Sr. avalia a postura da atual gestão em relação a atual pandemia?

ACM Neto nada fez para controlar a pandemia. Apenas reprimiu a classe trabalhadora, que já vivia uma situação de extrema fragilidade econômica e que a pandemia revelou, o que o PCO já vem, há muito tempo, denunciando, a situação de extrema miséria a que povo está submetido. O prefeito que ajudou a eleger Bolsonaro, ACM Neto, reduziu, no meio da pandemia, 70% da frota de ônibus, forçando a população a se aglomerar ainda mais nos coletivos que mais parecem verdadeiras latas de sardinha. Em vez de proteger os rodoviários, ACM Neto, preferiu dar dinheiro aos tubarões do transporte público, com a justificativa de que pagassem os salários com o dinheiro, o que é uma mentira, pois o grande objetivo foi garantir o lucro destes parasitas.

O Sr. é a favor da mudança do Carnaval para outra data. O que o Sr. pretende fazer com a festa, em 2021, que movimenta a economia da capital baiana?

O Carnaval, desde muito, já não é mais democrático. Aqueles que lucram com a festa não são os trabalhadores de Salvador, mas os capitalistas de fora. O PCO sempre foi contra a privatização das festas populares como feito pelo direitista ACM Neto e sua corja. Diante disto, o Carnaval e outras festas populares devem ser para o povo e não para o lucro de capitalistas. A questão da data do Carnaval é secundária, pois, atualmente, ela serve apenas para encher os bolsos dos ricos. Nossa luta é por um Carnaval do povo e para o povo.

Como o Sr. pretende se relacionar com o governo do Estado?

A posição do PCO é mobilizar os trabalhadores e a população para que uma política do governo Rui Costa condizente com o papel e a importância do partido, PT, para classe trabalhadora. Uma destas políticas que exigimos é o de rompimento com a direita e a frente ampla, bem como o apoio a candidatura de Lula.

Como agente político, que faz oposição “ferrenha” ao governo de Jair Bolsonaro, qual forma o Sr. espera que ele se posicione nessas eleições?

Como é esperado de todo fascista frente ao aparelho de estado. A perseguição aos opositores e as organizações operárias. Por isto, lutamos pela derrubada do governo Bolsonaro.

Como o Sr. avalia a atuação do governo federal?

O governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, apoiado pelo Democratas, de ACM Neto e Bruno Reis, implementa uma política genocida, que já matou, oficialmente, mais de 140 mil pessoas e colocou mais da metade brasileira no desemprego, em situação de total fome e miséria. Bolsonaro, com ajuda da direita, promove a destruição do país e a entrega das riquezas nacionais ao capital estrangeiro. Portanto, é necessário o fim do governo fascista e a eleição de Lula.

Que tipo de relação o Sr. pretende manter com o governo federal?

Fascismo não se discute, se destrói. Não existe diálogo com fascistas. Bolsonaro foi eleito através de uma fraude eleitoral, pois somente ganhou as eleições devido a perseguição e prisão de Lula. A nossa intervenção nessas eleições é contribuir para a mobilização dos trabalhadores para derrubar o governo de Jair Bolsonaro e a convocação de novas eleições com Lula candidato.

Percebe-se uma cidade ainda com mazelas no sistema de saúde. Como o Sr. pretende contribuir para melhorar o sistema?

Os problemas da saúde pública de Salvador, como ocorrem em todo país, não se resolve sem a derrubada de Bolsonaro da presidência. Tanto é assim que além de cortar os recursos para a saúde, ainda não executa o valor que foi aprovado para sobrar dinheiro e ser distribuído aos banqueiros. Outras soluções para a questão é a estatização de todo o sistema de saúde, dos laboratórios, da produção de equipamento de saúde e da indústria farmacêutica.

O Sr. considera que ainda existe racismo estrutural em Salvador?

Racismo estrutural é uma maneira da burguesia e da direita esconder os verdadeiros motivos do racismo e que a esquerda vem seguindo cegamente. O racismo é impulsionado pela burguesia para garantir mais exploração de determinados setores e colocar uma parcela importante do país sob grande repressão. Portanto, enquanto existir capitalismo, sempre haverá racismo. Não apenas em Salvador, mas em todo mundo. Por isso, é necessário destruir o capitalismo e levar os trabalhadores ao poder.

Os protocolos policiais vêm sendo questionados em todo mundo, sobretudo no tratamento com negros. Como o Sr. vê essa questão?

A Polícia Militar é uma espécie de milícia fascista que deve ser extinta. Não está para proteger a população, e sim, colocar uma violenta repressão contra os trabalhadores e a população pobre em benefícios da burguesia, dos patrões, garantindo que se mantenha a exploração. A PM é a principal assassina da população negra. Nós defendemos fim da matança e do terror contra a população pobre e negra, e a dissolução da PM e todo o aparato repressivo.

Salvador é uma cidade com grande índice de violência sobretudo nos bairros populares. O que a prefeitura pode fazer para minimizar a questão?

A violência é fruto do capitalismo e ocorre, na maioria das vezes, pela ação virulenta da Polícia Militar. Portanto, faz-se necessário, mais uma vez, salientar a luta do PCO pelo fim da PM e da Guarda Municipal, que se tornou uma espécie de PM municipal. A questão da segurança deve estar sob controle direito da população, com a criação de policiais municipais sob o controle popular e de comitês de autodefesa armada dos explorados.

O Sr. fala que a campanha não é sua e sim do partido. Explica o que isso quer dizer?

Para o PCO, as eleições servem para defender um programa de luta e reivindicações dos trabalhadores e não para fazer propaganda de individuos. Contra isso, o PCO adota como norma a campanha coletiva, partidária, cujo centro seja a defesa das propostas aprovadas nas instâncias próprias, na luta política e não a “venda” dos candidatos, ou aos candidatos, colocando-os em arenas políticas da disputa individual. Dessa maneira todos os candidatos do PCO vão estar voltados para fazer campanha da luta pelo governo dos trabalhadores da cidade, do campo e o socialismo/comunismo.

O que isso influenciaria na gestão, caso eleito. O partido seria o “prefeito” de Salvador?

Sim. O partido e seu programa revolucionário alinhado às reivindicações da classe trabalhadora e só dela, sem influência dos capitalistas.

Caso eleito, como o Sr. pretende lidar com o problema das drogas em Salvador?

Mais uma vez, não temos a ilusão ou semeamos a ilusão entre a população, que seremos eleitos ou que está ocorrendo um processo democrático. O programa do PCO é totalmente a favor da legalização irrestrita das drogas. O combate às drogas serve apenas de pretexto para repressão e extermínio da classe trabalhadora, especialmente a juventude negra da periferia.

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