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Esquerda baiana prevê grandes atos a favor de Bolsonaro e alerta para riscos

Publicado segunda-feira, 06 de setembro de 2021 às 18:48 h | Atualizado em 06/09/2021, 18:59 | Autor: Rodrigo Aguiar
A presença de militares - ou de civis com trajes militares - é prevista nas manifestações pró-governo | Foto: Felipe Iruatã | Ag. A TARDE
A presença de militares - ou de civis com trajes militares - é prevista nas manifestações pró-governo | Foto: Felipe Iruatã | Ag. A TARDE -

Congressistas baianos opositores do governo Bolsonaro preveem grandes atos a favor do presidente nesta terça-feira, 7, e alertam para os riscos ao ambiente democrático, ainda que a movimentação não resulte em um golpe propriamente dito.

Relatora da CPI das Fake News, a deputada Lídice da Mata (PSB) afirma que Bolsonaro busca respaldo popular para implantar uma espécie de "governo ditatorial". "Não é apenas um blefe. Ele joga o barro na parede para ver se cola", compara a parlamentar, em referência aos discursos do presidente.

Recentemente, Bolsonaro voltou a falar em risco de "ruptura" e afirmou que as manifestações serão um "ultimato" a "duas pessoas" - os ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Para Lídice, é provável que muitos civis participem dos atos pró-Bolsonaro com trajes militares. "Foi registrado crescimento de venda de fardas militares. Vai ter muito civil vestido de militar. A manifestação vai ser grande. Estão sendo alugados ônibus, a máquina está sendo usada para isso", diz.

A deputada ressalta, porém, a grande rejeição do governo Bolsonaro medida em pesquisas e afirma que a oposição não pode se acovardar. "Ele tenta reunir os 30% que lhe restam e colocar o máximo na rua, mas ele não é maioria. Nem o empresariado quer ditadura, porque ninguém sério investirá em um país com essa postura", avalia.

A deputada Alice Portugal (PCdoB) chama a atenção para uma carta assinada por ex-presidentes e parlamentares de 26 países que aborda os riscos de uma “insurreição” no Brasil. "É algo fora de contexto nos dias de hoje. Mas já vimos que ele foge ao senso comum, não tem qualquer respeito às instituições ou à própria história do Brasil, ao fazer isso do 7 de setembro. Quem conhece Bolsonaro se preocupa", diz.

Já o deputado Afonso Florence (PT), vice-líder da oposição no Congresso, vê em Bolsonaro um "incontinente verbal" e não acredita que as circunstâncias o favoreçam. "Esse ambiente da crise sanitária fez alguns setores não aceitarem esse padrão incivilizado, mesmo ganhando dinheiro. [A manifestação] Deve ser grande, porque eles estão gastando dinheiro. Mas não alterará a tendência de que, com a continuidade da CPI da Covid e da investigação dos crimes cometidos, ou ele vai ser impedido ou se inviabiliza eleitoralmente, inclusive podendo ter a chapa cassada, ou perde a eleição", prevê.

O presidente do PT em Salvador, Ademário Costa, defende a necessidade de a oposição responder à altura nas ruas, também com grandes manifestações, independentemente das condições favorecerem ou não os planos bolsonaristas. "Compreendemos que os democratas não podem vacilar e deixar que o governo avance no seu intento autoritário", afirma. Ele acredita que o ato deste 7 de setembro será um dos maiores registrados recentemente contra Bolsonaro na capital baiana, com a unificação de partidos, entidades sindicais e movimentos no tradicional Grito dos Excluídos, no Campo Grande.

O dirigente afirma que a orientação é evitar confronto com apoiadores do governo e, por isso, a manifestação seguirá para a Praça Municipal, em direção oposta à Barra, onde está previsto um ato a favor do presidente e contra o Supremo. "Solicitamos o reforço da polícia para a gente fazer a nossa manifestação com paz e tranquilidade", diz Ademário.

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