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Grupo que atuava para Zuleido até espionou Petrobras

Publicado sábado, 26 de maio de 2007 às 09:34 h | Autor: Agencia Estado

As investigações da Polícia Federal sobre a máfia das obras públicas mostram que uma quadrilha especializada em escutas clandestinas, que dava sustentação às ações do empresário Zuleido Veras, chegou a espionar a Petrobras na Bahia e a instalar grampos telefônicos a pedido de um diretor da GDK, empresa que presta serviços à estatal.

Relatório da PF diz que esse grupo era comandado pelo delegado aposentado da PF Joel Almeida Lima, amigo de Zuleido. Lima e o sócio Leonardo Dias Dalcom, donos da Investiga Investigações e Perícias, instalavam as escutas com a ajuda de Tisciano dos Santos Silva, funcionário da companhia telefônica Oi/Telemar, em Salvador, e outros cinco funcionários da empresa.

O grupo fazia interceptações ilegais, levantava dados cadastrais, obtinha extratos telefônicos e praticava tráfico de influência dentro da PF - conseguindo informações sigilosas e até liberando portes de armas.

O relatório sobre o caso, denominado Evento Interceptação Ilegal, revela que os agentes da PF descobriram que uma pessoa identificada como Gonçalves procurou o funcionário da Oi, em 5 de abril de 2006, ?solicitando que providenciasse o extrato telefônico do terminal (71) 3604-2816 da Petrobrás?.

O número é da Refinaria de São Francisco do Conde. As investigações feitas pela PF mostram que Tisciano encaminhou o extrato a Gonçalves. Ocorre que o levantamento se referia ao telefone geral da refinaria, pois questões técnicas impediam a discriminação apenas do ramal solicitado. Ao receber o extrato, Gonçalves reclamou que só foram informadas as ligações recebidas e não as efetuadas.

Embora a investigação não tenha sido aprofundada - para definir quais os personagens envolvidos e o qual o objetivo - o episódio deixa claro que o grupo espionava órgãos importantes do governo.

Mensalão

No caso da empresa GDK, citada no escândalo do mensalão por ter dado um jipe Land Rover de presente para o ex-secretário do PT Silvio Pereira, as investigações indicam que um diretor pagou por serviços feitos pelo grupo do delegado aposentado Joel Lima.

Novamente é Gonçalves, não identificado, que aparece como contato dos espiões. Ele procura por Tisciano e diz que precisa de um serviço para a GDK. Gonçalves teria sido procurado por uma pessoa chamada Jaison, igualmente não discriminada pela investigação.

Em duas conversas dos dias 24 e 26 de março, Tisciano explica ao amigo todo o procedimento. Justifica a necessidade de aluguel de um imóvel ao lado do local onde está o telefone fixo a ser interceptado e detalha os custos com computador, CDs, alimentação etc., para estimar um valor de R$ 15 mil por 30 dias de serviço. Eles fecham o negócio por 15 dias, no valor de R$ 10 mil.

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