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Jaques Wagner e Ana Júlia, do PT, brigam pelo Incra

Publicado sábado, 27 de janeiro de 2007 às 16:52 h | Autor: Agencia Estado

A demora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em promover a reforma ministerial esquentou briga por cargos dentro do PT, em que dois governadores do partido se chocam nos bastidores: o baiano Jaques Wagner e a paraense Ana Júlia Carepa. A disputa passa pelo comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), mas o objeto de desejo é a presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e seu polpudo Orçamento de R$ 2,53 bilhões, que representam 77% dos R$ 3,29 bilhões destinados ao MDA.

Um dirigente do PT atento ao problema adverte que, na contabilidade dos políticos, o Incra vale mais que um ministério. Só para a aquisição de terras neste ano, o órgão reserva R$ 1,2 bilhão, quantia equivalente ao Orçamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que na realidade só dispõe de R$ 106 milhões para investimentos em 2007. Mas não é só a fartura de verbas que atiça a cobiça das várias correntes do PT.

?O Incra é o melhor instrumento para interiorizar um partido, fortalecendo-o no campo?, revela o dirigente petista. Ele lembra que Ana Júlia pertence à Democracia Socialista (DS), corrente minoritária no PT e eminentemente urbana.

Além de fortalecer a ala no interior do Pará, a governadora pressiona para recuperar espaço político perdido na principal base de sua corrente, o Rio Grande do Sul. Derrotados na disputa pelo governo gaúcho, após perder a Prefeitura de Porto Alegre, muitos petistas da DS, aliados ao ex-ministro do MDA Miguel Rossetto, abrigam-se no governo do Pará.

Por outro lado, outro expoente da corrente, o deputado Walter Pinheiro (BA), também trabalha para manter seus aliados à frente do MDA, sem abrir mão do Incra. O projeto interessa a Jaques Wagner, cuja prioridade é avançar pelo interior da Bahia e tomar o poder de Antonio Carlos Magalhães (PFL).

O dirigente petista adverte que a briga atinge temperatura recorde pois o PT na base governista ?corre solto, sem comando?. Lembra que, na primeira gestão Lula, o processo de composição do governo foi mais organizado, sob o comando de José Dirceu. Hoje, entretanto, observa ele, Lula tomou para si a articulação política, mas não encarregou ninguém de administrar conflitos.

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