Parque Tecnológico da Bahia celebra 10 anos de olho no futuro

Um ambiente para inovar e melhorar a vida das pessoas

Publicado sábado, 17 de setembro de 2022 às 20:07 h | Atualizado em 17/09/2022, 20:53 | Autor: Da Redação
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Parque Tecnológico da Bahia celebra 10 anos do início de suas atividades
Parque Tecnológico da Bahia celebra 10 anos do início de suas atividades -

Concebido para abrigar empresas, instituições de ciência e tecnologia (ICTs), startups em um ambiente vibrante de inovação vocacionado para as áreas de biotecnologia e saúde, tecnologia da informação e comunicação (TIC), energia e as engenharias, o Parque Tecnológico da Bahia celebra 10 anos do início de suas atividades. Neste ambiente, é possível encontrar ideias embrionárias que despertam a atenção de especialistas e investidores ao lado de centros de pesquisa consolidados que atuam na fronteira do conhecimento.

Imaginação, testes, experimentos, persistência, parcerias, soluções. É assim que se impulsiona um Ecossistema de Inovação, que reúne uma miríade de atores na exploração e execução bem sucedida de novas ideias. Mas o que faz a inovação acontecer? Para o titular da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), André Joazeiro, para que essa revolução aconteça, é necessário incentivar a produção científica e tecnológica no território baiano a partir de um espaço amplo de colaboração e geração de desenvolvimento. É através dela que é possível resolver os principais problemas da sociedade. 

Com empresas residentes, instituições de pesquisa e ensino, startups nascentes reunidas e cerca de 500 pessoas que se desdobram diariamente em iniciativas de inovação em quase 26 mil metros quadrados de área construída, o Parque Tecnológico celebra, na próxima segunda-feira, 19 de setembro, 10 anos de atuação na Bahia, conectando e fortalecendo, através de sua principal edificação, o Tecnocentro Bautista Vidal, os atores do ecossistema de inovação para a realização de grandes projetos para a sociedade.

Para o Governo da Bahia, é um espaço de fomento e de criação de soluções em tecnologia e inovação; para as instituições de ciência e tecnologia (ICTs), é um espaço de encontro com as demandas da sociedade a partir do desenvolvimento de pesquisa; e para as empresas, é um espaço de negócios e de aprendizado e crescimento, unindo suas atividades com o setor produtivo demandante. É um espaço de conexões com ideias e com o conhecimento da universidade, com recursos de fomento, infraestrutura do Estado e colaboração participativa.

“O mundo é desenvolvido pelo conhecimento, muito mais do que pela máquina ou pela infraestrutura que possui. E nós temos capacidade de fazer isso. A gente tem um bom material humano, nossas universidades são competentes, temos criatividade e o que falta pra nós é o fortalecimento do ambiente de interação que fomenta o surgimento de novos negócios, como acontece no Parque Tecnológico”, avalia Joazeiro. 

Para o secretário, participar do ecossistema possibilita que as tecnologias sejam desenvolvidas para atuarem de forma mais efetiva na melhoria da condição de vida. “Desde um sistema para assistência técnica rural, como a gente está desenvolvendo com a Companhia de Ação Regional (CAR), passando por um programa de telemedicina que leve o atendimento médico mais rapidamente aos distritos no interior, ou uma plataforma de educação à distância, como vimos a necessidade durante a pandemia, chegando em lugares mais distantes e menos acessíveis. Tudo isso tem potencial de ser desenvolvido aqui no Parque”.

A proposta para o Parque é resolver problemas concretos da sociedade com o desenvolvimento tecnológico e beneficiar os diversos atores do ecossistema. Seja colocando as empresas maduras que já trabalham com alto nível de tecnologia em prospecção no cenário nacional e internacional, seja permitindo às empresas menores o amplo acesso aos serviços e laboratórios do Parque, o que diminui seus custos operacionais e garante capacitação para que cresça como negócio e facilita o networking com parceiros mais maduros.

Por meio da Áity, a incubadora de empresas do Parque Tecnológico, gerida pela Agência de Inovação da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), ideias inovadoras são transformadas em negócios de sucesso. Selecionadas por meio de chamadas públicas, as 11 startups incubadas no local recebem todo o suporte para acelerar o seu desenvolvimento, com a assessoria do Sebrae. 

“Nós conseguimos transformar empresas embrionárias conduzindo-as para o estágio seguinte, empresa formalizada e inovadora. Ou seja, qualquer empresa, em qualquer estágio, se beneficia do processo. Isso significa criar uma vitrine para investidores, outro aspecto importante do Parque Tecnológico”, destaca a chefe de Gabinete da Secti, Mara Souza. Como o fomento do estado tem limites, ela explica que, após desenvolver a ideia e a empresa, chega-se o momento em que aquele negócio nascente vai precisar de um grande investimento em capital para continuar crescendo e, sobretudo, o know-how e o acesso ao mercado que um investidor traz. Os sistemas de mentoria ajudam a acessar esses investidores.

Entre as vantagens de uma startup se incubar no Parque Tecnológico estão a isenção do IPTU, redução do ISS para 2%, atuação em rede, visibilidade no mercado, ambiente equipado e que permite uma ampla troca de experiência, dentre outros fatores. As empresas recebem consultorias, capacitações, mentorias e assessorias sobre o mercado e com conteúdo atualizado. Há ainda o benefício de compartilhamento de infraestrutura e laboratórios.

Os parques tecnológicos normalmente nascem de investimentos governamentais, mas, uma vez que se consolidam e suas dinâmicas se impõem, o governo passa a ser cada vez menos demandado. “O nosso Parque nasceu de um investimento público e hoje tem uma gestão publicizada. Como é uma estrutura de autogestão, ainda jovem, nós continuamos a ajudá-los, mas a cada ano imaginamos que esse apoio seja reduzido até chegar o momento em que eles serão autossuficientes no processo”, revela o secretário. 

Construção colaborativa

Um dos principais diferenciais de um Parque Tecnológico, para atender as demandas da sociedade, está no valor da troca entre os residentes e a potência gerada ao se construir em conjunto. Para a diretora executiva da Associação de Empresas do Parque Tecnológico da Bahia (AEPTCEBA), Cristine Câmara, o espaço oferece uma visão sistêmica aos envolvidos. “Quando surge um problema, seja de uma empresa privada ou do governo, a gente une as peças para encontrar as melhores soluções possíveis. O papel do parque é esse, ser o ambiente para esses atores estarem integrados e gerar desenvolvimento e inovação”. 

Para desenvolver um grande projeto uma rede é criada. E, segundo a diretora, o processo de cooperação em rede permite conectar o desenvolvimento gerado pelas ICTs, que são universidades, institutos e centros de pesquisa, e gerar demanda de serviços para as startups residentes, que têm a possibilidade de acessar o mercado, validar o seu produto e tirar do papel o seu negócio. 

“Essas conexões acontecem no nosso dia a dia e geram uma riqueza impressionante, porque abrem portas para a inovação e criatividade e as empresas saem de suas bolhas. Além disso, fortalece a imagem do Parque e gera interesse, pois mostra à sociedade que o equipamento está cumprindo o seu papel, levando à sustentabilidade financeira e à ocupação. Hoje, temos uma lista de espera de 15 empresas que querem estar instaladas no Parque porque enxergam as possibilidades de desenvolvimento ao fazer parte desse ecossistema”, revela a gestora. 

Para o secretário, a lógica da colaboração funciona melhor nas empresas de tecnologia e inovação. “Se existe, por exemplo, um grande contrato e uma empresa não tem tamanho para assumir, ela se junta com outras duas que são, teoricamente, concorrentes, mas naquele momento elas trabalham juntas e conseguem acessar um cliente maior. As empresas desse setor já entenderam isso e não enxergam o vizinho como concorrente, e sim como parceiro”. 

Mudança de cultura

André Joazeiro destaca que a principal contribuição do Parque Tecnológico para a população baiana, ao longo desses dez anos de atividades, é a mudança de cultura. “Hoje, temos outras instituições que enxergam o potencial desse formato. A Federação do Comércio também está preocupada em fazer uma estrutura de aceleração de empresas de micro e pequeno porte. A FIEB tem um conselho de ciência e tecnologia e o Senai Cimatec, que se transformou em um mega parque tecnológico, quando montou a estrutura de Camaçari, o Cimatec Park Industrial, que está ocupando agora uma área de seis milhões de metros quadrados. Ou seja, tudo nasce de uma ideia de uma mudança de cultura e ela se desenvolve não só dentro daquele espaço”. 

E a partir dessa transformação processual, outros espaços se inspiraram na ideia e começaram a se desenvolver independentemente. O Hub de Vitória da Conquista lançou um projeto de transformação digital de pequenas e microempresas. Há novos espaços surgindo, como em Juazeiro, e se consolidando, como em Ilhéus. “A ideia está se disseminando e a cultura sendo criada. A própria juventude já entendeu que pode empreender e não está mais apenas dependendo de empregos. Essas estruturas fomentam a cultura empreendedora no país. Tudo nasceu da ideia do desenvolvimento de um parque tecnológico, então construímos o primeiro prédio, há dez anos e, hoje, vemos isso acontecendo com força em vários locais”, avalia o superintendente de Inovação da Secti, Agnaldo Freire. 

O Parque do futuro

Para os próximos dez anos, a expectativa é promover um crescimento acelerado do Parque Tecnológico da Bahia a partir de um conjunto de iniciativas. Um dos projetos que já está em prática é o edital de chamamento para empresas que queiram ocupar os terrenos do Parque. “Estamos juridicamente prontos para isso. Vamos fazer uma cessão de direito real de uso por vinte anos dos nossos lotes”, salienta Joazeiro.

Além da reorganização dos espaços existentes, há três grandes projetos de criação de novos ambientes de inovação e expansão do Parque Tecnológico. Um deles com a Fundação Luís Eduardo Magalhães (FLEM), que está trabalhando em parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia para montar um centro de capacitação e aceleração de empresas. A segunda iniciativa prevê a construção de um laboratório compartilhado de biotecnologia e um espaço para inovação a partir da captação de R$ 11 milhões da AEPTECBA juntamente com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), além da parceria com a Fiocruz para desenvolver projetos no Parque. 

O Governo do Estado também está investindo R$ 13,7 milhões para a reestruturação do prédio principal e, além da recuperação física, novos equipamentos serão criados, como o Espaço Maker. O Parque Tecnológico conta com ambientes de convivência, coworking e auditório na sua área principal. E existe, ainda, o projeto de uma edificação voltada para pesquisas em saúde, desenvolvido pela Secti, além do Condomínio de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), que está sendo desenvolvido no setor privado. 

Para além das propostas para criação de novos prédios no Parque, a Secti pretende acelerar o desenvolvimento de iniciativas de inovação, ajudando as empresas e Institutos de Ciência e Tecnologia na montagem de projetos de captação de recursos. “Diante de inúmeros editais e recursos abertos sem propostas, diagnosticamos que falta uma estrutura de apoio à montagem de projetos. Então, vamos criar um escritório de apoio à produção de projetos para acessar os editais, tanto os nossos, como os de outras agências de fomento. Teremos duas frentes: formar pessoas para que elas possam fazer projetos e montar um escritório de apoio ao pesquisador e ao empresário para que ele monte projetos e capte recursos. Isso é fundamental hoje dentro da estrutura do Parque Tecnológico”, revela o secretário. 

Interiorização

O Parque do futuro também vai contemplar o desenvolvimento científico e tecnológico em novos espaços, a partir da política de interiorização, que consiste em levar suas estruturas para os 27 territórios de identidade da Bahia. "Para ter essa capilaridade, estamos fazendo novas parcerias com as ICTs que possuem estruturas no interior do estado, como, por exemplo, IFBA, UNEB e UFOB. Também estamos colocando nesses territórios nosso Espaço Colaborar, que são embriões de parque tecnológico. Nossa ideia é impulsionar alguns desses hubs que apareceram de forma espontânea a partir de investimentos do próprio município ou de algum empresário e usar os espaços das ICTs para montar pequenas estruturas de parque tecnológico nos territórios”, explica o superintendente de Desenvolvimento Científico da Secti, Handerson Leite.

De acordo com o secretário, esses parques irão se desenvolver com o apoio do governo, mas já nascem dentro da estrutura das ICTs, captando recursos na Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb). ”A ideia é montar editais específicos para atender cada um desses parques tecnológicos regionais. Vamos separar recurso do orçamento de fomento para interiorização. Será necessário uma ICT local para acessar esse edital. E a partir do nosso fomento, vamos deixar recursos disponíveis para pesquisa direcionado a quem atua no interior do estado. Se isso não for feito, os recursos continuarão concentrados na Região Metropolitana de Salvador”. 

Política de investimentos

A partir de 2023, também está prevista uma mudança gradual na política de investimentos com a chegada de investidores e fundos privados ao Parque Tecnológico para dividir o financiamento. “O Estado passará a atuar como co- investidor de um Fundo de Investimento com o objetivo de multiplicar recursos. Temos metas de trazer empresas maiores e administrar grandes projetos para mostrar nossa capacidade e dar esse salto. É uma mudança de conceito e nós estamos dispostos a fazer isso na próxima rodada. Vejo os próximos dez anos com investimento privado pesado e co-investimento do Governo do Estado. E não mais limitado ao fomento de base”, explica Joazeiro.

Para que todos os projetos sejam colocados em prática de forma integrada, o ecossistema precisa estar mais próximo para produzir melhor, avalia o secretário. “Só um parque tecnológico é capaz de mobilizar e coordenar uma ação dessa magnitude, ou a gente vai ficar com ações sombreadas e pulverizadas entre instituições que fazem as mesmas coisas. Precisamos fazer do Parque um projeto da sociedade e do ecossistema ou não vamos evoluir no desenvolvimento tecnológico, científico e de inovação na Bahia”. 

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