Cientistas preveem menos mortes por Covid-19 em 2022

Previsão de menor letalidade tem como base o avanço da vacinação

Publicado domingo, 16 de janeiro de 2022 às 10:14 h | Atualizado em 16/01/2022, 10:58 | Autor: Da Redação
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Especialistas preveem que 2022 seja o último ano de "estado global pandêmico".
Especialistas preveem que 2022 seja o último ano de "estado global pandêmico". -

Com a incerteza para o fim da pandemia, que entrou no terceiro ano no Brasil trazendo também aumento no número de casos de covid-19, a esperança de dias melhores vem à tona. Especialistas em saúde preveem um cenário com menos mortes neste ano, mas de incertezas em relação ao fim da pandemia devido à onda de ômicron e a um possível surgimento de novas variantes do coronavírus. A previsão de menor letalidade tem como base o avanço da vacinação.

Ao UOL, a pesquisadorada da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Ana Brito, afirmou que o cenário de 2022 é "bem melhor que o do ano passado". "Nós agora temos instrumentos e um arsenal terapêutico e profilático suficiente para interromper a transmissão desse vírus, ou seja, para que toda população do mundo seja vacinada. Isso é fundamental", afirma a epidemiologista.

Já a bióloga e divulgadora científica Natália Pasternak prevê que 2022 seja o último ano de "estado global pandêmico".

"A pandemia como um fenômeno global provavelmente vai acabar, mas isso não quer dizer que o vírus vai embora: a gente vai continuar vendo surtos endêmicos, locais, sazonais." "À medida que a gente avança na vacinação, principalmente em países como o Brasil, de alta aceitação das vacinas, vai diminuindo os impactos da pandemia. O vírus continua lá, mas ele vai causar muito menos estrago", diz a fundadora e primeira presidente do Instituto Questão de Ciência.

O Brasil tem atualmente quase 67,7% da população imunizada com as duas doses ou a dose única, segundo levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa. Mas, por mais que o país avance em imunização em 2022, a vacinação também precisa alcançar mais pessoas no mundo para "proteger" o Brasil.

O cientista Miguel Nicolelis no papo com o UOL foi mais prudente nas previsões para 2022 e afirmou que, no momento, não é possível traçar cenários.

"Eu li esses dias um artigo de especialistas britânicos no 'The Guardian', e eles foram categóricos em dizer que não dá pra fazer uma previsão. Não tem bola de cristal, nem tem modelo matemático. Tanto pode acabar, como uma mutação do vírus pode piorar. Não existe uma linha reta em evolução natural, depende de várias condições. Previsão agora é chute", diz. Para Nicolelis, a melhor notícia de 2021 --e que vai ajudar muito neste ano-- é que as vacinas mostraram que funcionam. "Elas estão impedindo casos graves, mas a ômicron tem uma taxa de transmissão maior. 

Têm pessoas falando que há um lado positivo nela [variante ômicron], que é o fim do túnel, e isso não tem nenhuma lógica", afirma ele. O presidente da SBV (Sociedade Brasileira de Virologia), Flavio Fonseca, segue raciocínio parecido. Para ele, o fato de a última pandemia —da gripe espanhola— ter durado três anos não é parâmetro de comparação com a situação atual. "Isso foi há cem anos. hoje estamos em condições muito diferentes: o trânsito global é intenso e imparável. Além do mais, três anos não é um número canônico para início e fim de pandemias".

Antônio Lima Neto, epidemiologista, professor e pesquisador da Unifor (Universidade de Fortaleza), diz que tanto os mais otimistas quanto os mais realistas têm "razão em alguns pontos". No caso dos otimistas, ele diz que a aposta é de que a ômicron ajude na missão de tornar a doença com letalidade menor. "Nunca se viu, talvez, um vírus com esse poder de transmissão, mas que indica também que provavelmente ela seria menos virulenta porque tem uma capacidade menor de infectar o tecido pulmonar. Pode ser a evolução dele para conviver melhor e matar menos o seu hospedeiro", diz.

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