Queda de 5,62% na arrecadação de impostos, corte de 1,5 milhão de empregos com carteira assinada, inflação de dois dígitos e o fechamento de mais de 64 mil empresas comerciais em todo o país. Alguns números recentes da economia brasileira assombram, mas o país ainda não alcançou o fundo do poço. E mais: segundo Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e Fábio Pina, consultor econômico da Fecomércio-BA, a retomada do crescimento econômico vai demorar mais um pouco. Só virá a partir de 2017.
"O Brasil tem como sair dessa crise. Tem recursos naturais extraordinários, reservas da ordem de US$ 300 bilhões, mas é preciso fazer as reformas estruturais, como a previdenciária, tributária e fiscal", afirmou Carlos Thadeu, nesta quinta-feira, 21, durante encontro com jornalistas, na Casa do Comércio.
Para o economista e ex-diretor do Banco Central, a piora do quadro nos últimos meses está relacionada, principalmente, com as dificuldades do governo em acertar as contas públicas, o que deve impactar, mais ainda, as taxas de emprego e de inflação nos próximos meses.
"A falta de perspectiva de um ajuste fiscal é um dos fatores-chave por trás do aprofundamento da recessão atual, mas o Brasil não vai quebrar. Já enfrentamos crises muito piores no passado", assinalou.
Ativos baratos
Carlos Thadeu disse ainda que a desvalorização do real frente ao dólar nos últimos meses trouxe um aspecto positivo para a economia: os ativos no Brasil estão mais baratos. "O investidor externo vai ficar estimulado a aplicar no país e isso ajudará na recuperação da economia nos próximos meses", afirmou.
De opinião semelhante, o economista Fábio Pina afirmou que 2016 será um ano difícil para os brasileiros e que a sensação do fundo do poço "virá em meados do ano com o agravamento das taxas de desemprego e com a queda de arrecadação do governo".
As projeções para o ano, segundo ele, é de uma inflação na casa dos 8% e de uma queda de 3% no PIB. Quando o país sairá do buraco? "O ano de 2016 será o de travessia. A partir de 2017 haverá uma melhora", observou.
Presente ao evento, o presidente da Federação do Comércio, Carlos Andrade, disse que para enfrentar a crise o empresário "precisa cortar despesas, evitar o endividamento e trabalhar mais".