Fãs, comecem a torcer: com uma estratégia definida e garantindo que está técnica e fisicamente em forma, o lutador baiano radicado no Pará Lyoto Machida concederá nesta quarta-feira, 30, a última entrevista coletiva antes de viajar para o Canadá, onde enfrenta no dia 10 de dezembro o atual campeão do UFC (Ultimate Fighting Championship) na categoria até 93 quilos, o norte-americano Jon Jones.
A conversa com os jornalistas ocorrerá logo após um dos últimos treinos puxados com sparrings na Assembleia Paraense (AP), o clube mais chique de Belém, onde foi montado um octógono dentro de uma quadra de tênis coberta.
Desde que foi anunciado como desafiante no dia 6 de outubro por Dana White para o combate principal da edição 140 do evento, o carateca não perdeu tempo.
Ao entrar na oitava e última semana de atividades, o Dragão (como é chamado) comemora o fato de ter desenvolvido um “camp” inédito, graças a uma injeção financeira do governo do Estado em parceria com a empresa de telefonia móvel Claro e o grupo de supermercados Y. Yamada, o maior da região Norte.
Graças a esse suporte, Lyoto pôde reforçar a equipe com atletas nacionais e estrangeiros de várias modalidades.
Na reta final da preparação, é difícil não acreditar que ele tem reais condições de desbancar a sensação do momento no MMA (Mixed Martial Arts).
Os técnicos, o preparador físico e o fisiologista apontam maior massa muscular e agilidade, mais potência e resistência superiores ao trabalho aplicado para o confronto com Randy Couture, em abril. “Se for preciso, estou preparado para os cinco rounds”, avisa o Karatê Kid do Brasil.
Se vencer o embate, o Estado da Bahia terá dois lutadores nas principais categorias do Ultimate.
O primeiro é o radicado Júnior Cigano, catarinense de origem, que tomou o cinturão dos pesados do até então imbatível Cain Velásquez na versão 139. Lyoto, nascido em Salvador, onde ainda tem muitos de seus parentes, promete: "Vou dar o meu melhor, estou bastante confiante".
Preparação minuciosa - A equipe de Lyoto dividiu as oito semanas ao meio. Na primeira metade, ele fez um trabalho fisiológico e físico. Na parte complementar, foram encaixadas a técnica e as simulações de luta. O fator técnico vem sendo apurado minuciosamente para Jon “Bones” Jones enfrentar um oponente tão perigoso e indecifrável quanto ele próprio.
As filmagens constantes de câmeras instaladas em pontos estratégicos do octógono para detectar alguns erros de posição, ataque e defesa, e as conversas que podem durar mais de uma hora depois dos treinos refletem a seriedade com que Lyoto e seu grupo estão levando o desafio, que vale cinturão.
O irmão Chinzô Machida, que atua como técnico supervisor, é o primeiro a sentar com o atleta e discutir cada desempenho. Isolados, trocam várias impressões. Depois, reúnem membros da equipe para mais análises. Nada parece escapar às observações. Paralelamente, o jogo do norte-americano está na lupa. Uma das táticas mais comuns do gringo é tentar levar o rival à grade para conectar cotoveladas e joelhadas e ficar pontuando. "Ele tenta isso sempre", afirma Chinzô, ligado no rival.